Meu conhecimento sobre automobilismo ia pouco além da minha
capacidade de trocar as marchas de meu carro, mas, nos bastidores dos GPs,
assisti a muitas cenas como esta, assim como me surpreendi com o teor da
adrenalina que circulava pelas artérias de protagonistas e coadjuvantes do
grande show. Vi, certa vez, Ayrton quase pulando no pescoço do Giorgio
Ascanelli, o projetista da McLaren a quem ele admirava profundamente e
costumava chamar de gênio. No calor da prova, ou dos testes, podia acontecer de
Ayrton querer pegar Giorgio a tapas, ou vice-versa, em meio a palavrões em
italiano que faziam corar até a Cicciolina. No GP da Alemanha, em Hockenheim,
Senna teimou que iria entrar na pista com menos gasolina do que sugeria
Ascanelli. Vou. Não vai. Testemunhei mais um daqueles episódios de comédia
napolitana. Ayrton insistiu e, a duas voltas do final, correndo na frente, o
combustível acabou. Reconheceu, com humildade: ponto para o engenheiro. Pois
bem, uma vez terminado o circuito, saíam ambos dali aos beijos e abraços.
Preciso contar a vocês uma fofoca de bastidores: minha amiga Betise,
conversando com Giorgio, certo dia, ouviu dele:
- Vou mandar flores para a Adriane. Depois que ela apareceu
na vida dele, a conversa com nosso gênio está bem mais fácil.
A Betise ria, ao me contar isso.
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