Poucas semanas antes da welcome visit à Williams, Ayrton
tinha chorado com a comovida despedida que o staff da McLaren preparou para
ele, logo após o GP da Austrália - o último da temporada de 1993, sua
última vitória nas pistas. Agora, ele se ligava inteiramente no novo desafio.
Do primeiro encontro secreto Ayrton-Williams, no inverno horroroso da
Inglaterra, a mais nítida impressão que ficou na minha cabeça, porém, foi uma
frase meio banal, solta ao vento, que ele me disse tão logo tomamos o caminho
de Londres e, de lá, para a temporada tropical de férias e fim de ano no Brasil:
- Sei lá, Dri. Achei esse carro meio esquisito: mais fino e
mais baixo.
No primeiro teste público, aí já em 1994, ele repetiria um
sentimento ruim:
- Sinto que cheguei aqui com dois anos de atraso. O carro
está virando o fio.
Tradução: aquela história do super-piloto com a super-máquina
não seria bem assim como estavam falando. Mas, enfim, adeus à fria Londres. O
avião embicou para o sul, o sol matinal do Rio veio nos receber, o Natal se
aproximava e Angra estava à espera, para uma longa temporada em que eu tinha
planos de arrombar o zíper do macacão do piloto Senna, arrancar-lhe a carranca
do cenho franzido e testa enrugada, para lhe fazer uns afagos nos pés e
mergulhar nas marés do amor do Big Coke, do Becão, do meu garotão de praia -
com a devida licença da ciumenta Quinda, tenho de admitir.
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