sábado, 8 de junho de 2013

CAMINHO DAS BORBOLETAS - Ayrton Senna acha o carro da Williams esquisito


Poucas semanas antes da welcome visit à Williams, Ayrton tinha chorado com a comovida despedida que o staff da McLaren preparou para ele, logo após o GP da Austrália  - o último da temporada de 1993, sua última vitória nas pistas. Agora, ele se ligava inteiramente no novo desafio. Do primeiro encontro secreto Ayrton-Williams, no inverno horroroso da Inglaterra, a mais nítida impressão que ficou na minha cabeça, porém, foi uma frase meio banal, solta ao vento, que ele me disse tão logo tomamos o caminho de Londres e, de lá, para a temporada tropical de férias e fim de ano no Brasil:
- Sei lá, Dri. Achei esse carro meio esquisito: mais fino e mais baixo.
No primeiro teste público, aí já em 1994, ele repetiria um sentimento ruim:
- Sinto que cheguei aqui com dois anos de atraso. O carro está virando o fio.
Tradução: aquela história do super-piloto com a super-máquina não seria bem assim como estavam falando. Mas, enfim, adeus à fria Londres. O avião embicou para o sul, o sol matinal do Rio veio nos receber, o Natal se aproximava e Angra estava à espera, para uma longa temporada em que eu tinha planos de arrombar o zíper do macacão do piloto Senna, arrancar-lhe a carranca do cenho franzido e testa enrugada, para lhe fazer uns afagos nos pés e mergulhar nas marés do amor do Big Coke, do Becão, do meu garotão de praia - com a devida licença da ciumenta Quinda, tenho de admitir.


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