Ayrton Senna e Tina Turner na Austrália 1993
Jornal O Globo, 09 de novembro de 1993
Quem acompanhou também Ayrton Senna no Show foi sua inseparável namorada, Adriane Galisteu, que você pode conferir no vídeo abaixo:
Assista o Vídeo
TINA TURNER
"Quando cantei pela primeira vez Simply The Best [Simplesmente o Melhor], ainda não pensava em Senna, mas pensava numa pessoa obstinada que lutava pela vida, numa pessoa sem erros, perfeita, que não existia. Mas quando pude conhecer Senna pessoalmente, senti na hora que ele personificava Simply The Best. Na segunda vez que o vi, ele estava na platéia vip de um de meus shows. Não resisti. Quando o vi à minha frente, não tive dúvidas. Chamei-o ao palco para que ele cantasse comigo a 'sua música'. Aquele momento foi mágico, pois eu percebi a sua felicidade."
Manchete Histórica - 10 anos sem Ayrton Senna
"Quando cantei pela primeira vez Simply The Best [Simplesmente o Melhor], ainda não pensava em Senna, mas pensava numa pessoa obstinada que lutava pela vida, numa pessoa sem erros, perfeita, que não existia. Mas quando pude conhecer Senna pessoalmente, senti na hora que ele personificava Simply The Best. Na segunda vez que o vi, ele estava na platéia vip de um de meus shows. Não resisti. Quando o vi à minha frente, não tive dúvidas. Chamei-o ao palco para que ele cantasse comigo a 'sua música'. Aquele momento foi mágico, pois eu percebi a sua felicidade."
Manchete Histórica - 10 anos sem Ayrton Senna
O capítulo do livro, “Ayrton, o herói
revelado” que fala sobre o Show de Tina Tuner
Karl Heinz Zimmermann,
restauranteur e responsável pela comida da Lotus nos tempos de Ayrton, jurou
para Peter Vader, ex-diretor de marketing da Shell do Brasil, que foi verdade:
Karl, que adorava provocar Ron Dennis, tendo chegado a trocar socos com ele num
restaurante em Barcelona, se aproximou da McLaren de Senna, no grid de largada
do GP da Austrália, em Adelaide, com uma dose de aguardente snichzel num copo
de plástico. E pediu:
- Vamos lá, Ayrton. É sua
última corrida na McLaren. Nós todos odiamos o Ron. Nos dê esse prazer!
De acordo com Karl, Ayrton,
que já tinha recusado ofertas anteriores, acabou aceitando e tomando a dose em
pleno grid de largada.
Jo Ramirez estava naquele
grid. Sem copinhos de snichzel. E jamais esqueceu um gesto inesperado de
Ayrton, já durante seu ritual de concentração para a largada.
De repente, pole position
pela primeira vez naquela temporada, ele fez um sinal para Jo, como se quisesse
que o amigo ajustasse o cinto de segurança, tarefa que normalmente nunca
delegava a ninguém. Quando Jo se aproximou para ajustar o cinto, Senna segurou
sua mão, dispensou a comunicação por rádio e disse:
- É muito duro, pra mim,
correr a última. Vou amar vocês para sempre.
Jo, emocionado, procurou
incentivar Ayrton a vencer para deixar a McLaren uma corrida à frente da
Ferrari, em número de vitórias. Ele concordou, aceitou o "desafio” e
começou a chorar dentro do capacete. Jo lamentou criar aquela situação emocional
a poucos minutos da largada, mas a conversa não atrapalhou. Senna fez uma
corrida perfeita.
Na área restrita para a
chegada dos carros, as câmeras da tevê australiana registraram um precioso
momento de ternura. Primeiro, no afetuoso abraço que se deram Ayrton e o
inoxidável Ron Dennis.
Foto: Três anos após o
acidente de Suzuka, a tentativa de reconciliação de Ayrton no GP de Adelaide.
Ao lado de Damon Hill, Senna levanta o braço de Prost no pódio.
Instantes depois, o que tinha
tudo para ser um momento de frieza e constrangimento se tornou uma
reconciliação que arrancou aplausos dos que estavam por perto: quando Prost,
segundo colocado, caminhou de sua Williams em direção a Ron para
cumprimentá-lo, Ayrton se antecipou e o cumprimentou. Todos ficaram emocionados.
Na cerimônia do pódio, Senna
puxou Prost e Hill, o terceiro colocado, para o lugar mais alto. Depois ergueu
o braço de Alain. Um mês e meio depois, Prost deu uma entrevista dizendo não
acreditar que o gesto de Ayrton tenha sido "completamente sincero":
"Eu tentei várias vezes
fazer as pazes com ele e ele sempre recusou. Mesmo na entrevista coletiva de
Suzuka, eu disse que queria, no meu último GP, em Adelaide, ver as coisas
diferentes, com um bom sentimento entre nós. Na hora ele recusou. No pódio do
Japão, ele sequer olhou para o meu lado.”
Na Austrália, Senna estava
mesmo diferente. Sereno, generoso, sorridente e inexplicavelmente satisfeito
com aquele vice-campeonato. Em sua reportagem para o Jornal do Brasil, Mario
Andrada e Silva atribuiu grande parte daquele bom humor ao "clima de
lua-de-mel com a namorada Adriane", que incluiu, além de um passeio pelo
zoológico de Adelaide, um lanche no McDonalds e um comentário bem-humorado de
Ayrton:
"Isso é pra você ver o
que um homem não faz por uma mulher.”
O emblema do último fim de
semana feliz de Ayrton Senna na Fórmula 1 foi a homenagem consagradora que a
cantora Tina Turner fez a ele durante um show para milhares de pessoas, ainda
na noite daquele domingo. O palco foi montado ao lado da pista e Ayrton
resolveu assistir a uma parte do espetáculo, acompanhado de Adriane. Ao chegar,
foi reconhecido por todos e Tina o chamou imediatamente, anunciando uma
inversão na ordem das músicas, para cantar para ele "Simply the
best". Senna dançou com Tina no palco e a velha dama do rock,
entusiasmada, fez um bis da música. Do outro lado do palco, Rubens Barrichello
e a namorada, emocionados.
No churrasco de despedida
promovido pela Philip Morris em Adelaide, Ayrton pediu a palavra e brincou:
"Muito obrigado por tudo
o que vocês fizeram por mim e pelo presente. Agradeço bastante e espero fazer
tudo para vencê-los no ano que vem.”
Ron Dennis deixou gravados,
num CD intitulado "Obrigado, Ayrton Senna", o seu reconhecimento e
uma sugestão bem-humorada sobre o que Ayrton deveria fazer em Didicot, sede da
equipe Williams:
"Caro Ayrton, tudo que é
melhor é caro. Algumas vezes, porém, acaba valendo a pena. Obrigado por todos
os resultados e pelos bons momentos que nós compartilhamos.
Tenha boas férias em
Didicot.”
Dez anos depois, Ron Dennis
dizia ter certeza de que, já naquele fim de semana na Austrália, Senna estava
arrependido de ter trocado de equipe. Dennis chegou a afirmar que, se não
houvesse o contrato com a Williams, Senna voltaria atrás:
"Ayrton definitivamente
não estava se sentindo confortável ou certo de que deixar a McLaren era a coisa
certa para se fazer naquele momento. Eu senti isso e nós conversamos.”
Ron confessou também "um
certo ressentimento", depois de gastar "muito dinheiro" com
Ayrton "em detrimento da equipe":
"Tínhamos vencido cinco
corridas no ano, quase em condições de lutar pelo título. Achava que era hora
de Ayrton retribuir. Não em
dinheiro. Mas ficando com a família.
Acho que ele não sabia o quão
forte era a família McLaren.”
Uma outra "silenciosa
frustração" de Ron Dennis não diminuiu com o tempo:
"Ele guiou para nós
durante seis anos, ganhou a maioria das corridas com a McLaren, conquistou seus
três títulos pela McLaren e, de um modo estranho, a percepção que as pessoas
têm das corridas pela Williams é completamente desproporcional. Eu converso
muito com a minha mulher sobre isso e nunca vou me acostumar.”
Trechos do livro de Adriane Galisteu,
“Caminho das Borboletas” que cita o quando Ayrton Senna era fã de Tina Turner
(Naquela época, eu era do
tipo connaisseur. Degustava Coca-Cola como se fosse um vinho raro e precioso,
ao natural, às vezes sem gelo, para não comprometer o paladar. Coca coca, coca
clássica - nada de diet, essas coisas. No almoço, um litro; à noite, outro; e
mais uma latinha aqui, no lanche, outra antes de deitar... Ele conseguiu curar
essa minha obsessão. Um dia, me perguntou, meio enciumado: "É disso que
você mais gosta na vida, não é?" Eu lhe confessei que tinha outra coisa da
qual eu gostava mais. E desde então passei a chamá-lo de Big Coke.)
Eu ali, com minha Coca-Cola,
e ele se achegando. "Gosto muito do Genesis" - como quem puxa
conversa. Em tudo da vida, em música também, ele gostava de umas poucas coisas.
Mas de todo coração. Genesis, Phil Collins, Roxette, Tina Turner, Fred Mercury.
"E você?" - perguntou. Eu estava embevecida com o telão e com a
música.
Nunca tinha visto um
videolaser. "Bonito, bonito", repetia eu, meio idiota. Muitos dos
convidados estavam fora da sala - ou passeando, ou na piscina -, o que permitia
uma certa intimidade, com aquela música ao fundo.
Ele se sentou a meu lado. Um brilho
iluminava seu rosto bronzeado e seu sorriso adolescente. Senti pela primeira
vez o calor de uma aproximação - real, espontânea. Ele tinha a óbvia
dificuldade em dar o primeiro passo. Eu, mesmo querendo muito, nunca dou o
primeiro passo. Mas entre nós havia algo mais: uma conversa longa, um olhar, um
toque. Ele tentou me beijar. Eu me esquivei - bateu na trave. Fomos salvos, os
dois, em nossa timidez, pela chegada da galera ruidosa e alvoroçada.
- E aí, Nono, vamos jogar?
Era o Criminoso, azucrinando.
Escapei para o banheiro, mas
ouvi, através da porta, uma conversa do Gordinho com o Ayrton:
- Nada?
- Nada - a entonação do
Ayrton era chocha.
- Mas você não pode se
queixar. Sua agenda está lotada, não está?
Antes que eu ouvisse a
resposta dele, abri a porta e passei entre os dois. Um sinal de alerta piscou
na minha cabeça: tudo contra, nada a favor. Afinal, ele era o Ayrton Senna. E
quem era eu?
Ainda com um sorriso amarelo,
ele me seguiu. Não esperou que eu me sentasse de novo. De pé, ele me beijou. O
primeiro beijo. Um beijo de verdade. E mais um, outro, outro mais. Beijos,
beijos e beijos. Parece que a noite estacionara em cima de nossas cabeças -
tudo parou: a noite, o tempo, os ruídos, o mar, o vento. Beijos e carícias.
Não mais do que isso. "Fique sabendo que isso, para mim, é muito
sério", interrompi. "Pra mim também", disse ele. Os convidados e
o sono puseram um ponto final no nosso primeiro momento de paixão explícita.
O sol e o calor nos
brindaram, naquele sábado, com um dia apoteótico, desses recomendados a
corações de repente enamorados. O que me lembro dele são imagens, gestos, sons
que nem sempre se encaixam coerentemente. Vejo-o ainda agora acelerando a
lancha Joanna II (comprada, como a casa de Angra, do Braguinha, que a batizou
com o nome de uma de suas filhas, hoje minha amiga), com Tina Turner
esgoelando furiosamente no toca-fitas, enquanto a Quinda, esbaforida, tenta
estabelecer, com seus latidos, uma competição. Cabelos ao vento, sol de rachar,
céu sem uma única nuvem. Um dia de encomenda - aquele que seria o meu último
dia ali. Domingo - já tinha avisado a todos - eu teria de embarcar de volta
para São Paulo, onde um compromisso profissional me esperava.
Trecho de Caminho das Borboletas onde
fala do show
Damon Hill, Michael Andretti
- que durou pouco na Fórmula 1. Para eles também Ayrton tinha palavras de
amizade. Até onde eu saiba, pelo alemão Michael Schumacher ele mantinha, de
início, só indiferença. Por uma única vez, recordo-me, estivemos lado a
lado, Ayrton, eu, Schumacher e a mulher dele, uma alemã loira e bonita. Num
show da Tina Turner - outra paixão do Béco -, na Austrália, logo depois do GP
de Adelaide, em 1993. Trocamos uma apresentação rápida e meia dúzia de
palavras. Não havia intimidade possível com um sujeito que passou um show
trepidante como quem estivesse assistindo a um concerto de câmera em Salzburgo. Na
temporada de 1994, quando o Benetton de Schumacher começou a dar um suor no
Williams de Senna, nem assim Ayrton falava dele. Preocupava-o apenas o
desempenho de sua própria máquina, e ponto final. Jamais se importou com aquele
que chamava, secamente, de "o alemão" ou, ao pé da letra, "o
sapateiro".
That evening Senna and Adriane went to a Tina Turner concert organised
to coincide with the end of the Grand Prix weekend. It was held within the
circuit after the race to encourage people to stay on and ease the severe
traffic congestion. Team personnel had a special VIP area to the right of the
stage. Suddenly Tina Turner struck up her trademark number, ‘Simply the Best’.
She walked stage left and beckoned to Senna to join her, holding his hand as he
came forward and brought him onto the stage. She told him how wonderfully he
had performed that day and how the song was for him. It didn’t seem like
Prost’s occasion to celebrate his retirement and fourth world championship.
The
Life Of Senna – Show Tina Turner
That evening Senna and Adriane went to a Tina Turner concert organised
to coincide with the end of the Grand Prix weekend. It was held within the
circuit after the race to encourage people to stay on and ease the severe
traffic congestion. Team personnel had a special VIP area to the right of the
stage. Suddenly Tina Turner struck up her trademark number, ‘Simply the Best’.
She walked stage left and beckoned to Senna to join her, holding his hand as he
came forward and brought him onto the stage. She told him how wonderfully he
had performed that day and how the song was for him. It didn’t seem like
Prost’s occasion to celebrate his retirement and fourth world championship.
Ramirez was particularly close to Senna and still finds it difficult to
mention his name. Of all the 35 victories Senna won for McLaren, the one
Ramirez remembers most is the 1993 Australian Grand Prix, in Adelaide . It was Senna’s last race with
McLaren before his move to Williams. As usual, Ramirez was beside Senna’s car
on the starting grid, helping him do up his seatbelts, when Senna confessed he
felt very strange. Ramirez says: “I said to Ayrton ‘You just win this for us
and we’ll love you forever’. He grabbed my arm, squeezed it really hard, and
his eyes filled up. Mine did too.”
Ramirez was worried that the emotional moment might adversely affect
Senna’s performance – but it didn’t. He won the race to give McLaren a record
104 Grand Prix victories, one more than Ferrari at the time. Sadly, it was also
destined to be the 41st and final victory of Senna’s career.
It was later that night, that Tina Turner sang to him ‘Simply the Best’.
Jo Ramirez says he has that moment on video but has never been able to watch
it.
The
Life of Senna – Funeral – Tina Turner
1:30pm they were all laid out, apart from one late-arriving floral
tribute from the American singer Tina Turner.
BIBLIOGRAFIAS
ITIBERÊ, Celso. Senna, uma
nova paixão nacional na Austrália. O Globo,
09 de Novembro de 1993,
Matutina, Esportes, página 26
À frente de seu tempo. Manchete, São Paulo,
Edição Histórica, nº 2530, p. 72 – 75, Março 2004.
RODRIGUES, Ernesto. Ayrton, o herói revelado. Edição 1. Rio de Janeiro: Editora
Objetiva, 2004.
GALISTEU, Adriane. Caminho das Borboletas. Edição 1. São Paulo: Editora Caras S.A.,
novembro de 1994.
RUBYTHON, Tom. The Life of Senna. 1º Edição Sofback. London : BusinessF1 Books,
2006.
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