Extraído do livro “Caminho das Borboletas” de Adriane
Galisteu
Senna e o patrão Frank
Williams, dono da equipe Williams
Já era noite e a família
Senna se retirara, para descansar. Alguém se aproximou de mim e propôs:
- Vai você também. Será um
dia duro, amanhã.
- Descansar, hoje? Tenho o
resto de meus dias para descansar.
De madrugada, não tenho idéia
da hora (1h30? 2h00?), alguém tocou no meu ombro, cerimoniosamente. "Tem
um senhor chamando você lá fora?" Um senhor? Sim, Frank Williams. Imóvel
no meu canto, eu tinha visto quando, sempre amparado em sua cadeira de rodas,
aquele que havia sido o último patrão de Ayrton chegou diante do caixão,
guardou um silêncio comovido, alheio a tudo que se passava ao lado, como
se estivesse numa comunicação muito direta com a vítima de um infeliz acidente
de trabalho - o seu trabalho. Afastou-se assim como chegou, sempre muito
discreto, como se seu status pudesse ficar invisível diante da curiosidade dos
que ali estavam. Agora, Frank me mandava chamar lá fora. Já se instalara
no seu carro. Aproximei-me e ele me disse, como se sua alma falasse, não a sua
boca:
- I'm very sorry, Adriane. (Eu lamento muito, Adriane)
Repetiu, com sentimento. Na
surpresa, não esbocei nenhuma resposta, a não ser um gesto qualquer de cabeça.
O chefão de uma das usinas da Fórmula 1 pedindo desculpas a mim? Só no dia
seguinte, ao vê-lo de novo, no enterro, é que fui até ele e o beijei no
rosto, com um obrigado, obrigado.
Frank Williams no enterro de
Ayrton
Adriane Galisteu no velório sendo
consolada pela assessora de Senna, Betise Assumpção
Adriane Galisteu perdeu tudo,
o homem que amava, seu marido, um ótimo partido, um futuro todo pela frente com seu grande
amor. Sem contar tudo aquilo que ela sofreu depois da morte dele, o sofrimento
pela falta que ele fazia e pela dor que a família dele a causou. Ela quase foi
a senhora Senna, como disse o biografo dela e do tricampeão, Nirlando Beirão. Adriane estava no Algarve, onde Senna a iria encontrar depois do Grande Prémio de San Marino para a pedir em casamento, mas aconteceu o acidente, Ayrton morreu e não houve
encontro.
*Nenhum piloto morreu na F-1
desde Ayrton Senna, em 1994.
Adriane Galisteu e seu futuro marido Ayrton Senna, os
dois já eram praticamente casados, eles moravam juntos havia mais de um ano
quando o acidente aconteceu. Senna iria pedir a amada em casamento no mesmo dia
que sofreu o acidente que acabou tirando sua vida.
FONTE PESQUISADA
GALISTEU, Adriane. Caminho das Borboletas. Edição 1. São Paulo: Editora Caras S.A.,
novembro de 1994.
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