terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Memória: O Descobrir de Ayrton Senna

Publicado 20 de setembro de 2014
Por Lemyr Martins
lemyrmartins.com.br

Lucio “Tchê) Pascual, com Ayrton Senna nos tempos do kart

Tchê, o Lucio Pascual Gascon por extenso, um mestre no preparo de kart não conseguiu se segurar. Saiu da lateral da pista e num salto tomou a bandeira quadriculada das mãos do diretor da prova e, eufórico, consagrou o vencedor. Tudo isso para marcar a vitória de Ayrton Silva – na época ainda não assinava Senna — no dia 1o de julho de 1974, às 3 da tarde, na corrida de kart novatos, em Interlagos.

Foi Tchê, espanhol de Segovia, quem descobriu no menino Ayrton a vocação de grande campeão.

Ele  lembra em detalhes a primeira vez que viu Ayrton. Foi na tarde de 26 de junho de 1974, que aquele menino de 14 anos bateu no balcão da pequena oficina que Tchê ,tinha na rua Tabajara, no bairro da Mooca, em São Paulo.

“Era um pirralho franzino, desajeitado, mas objetivo e foi direto ao assunto”, resume Tchê, garantindo que havia alguma coisa de especial naquele moleque. Numa quase ordem disse ao preparador que precisava que o mecânico arrumasse imediatamente o seu motor quebrado.
Tchê nunca entendeu porque varou duas madrugadas seguidas para entregar o motorzinho ao freguês petulante. Aprontou o motor e vibrou com a corrida de Ayrton que, largando em 3º e chegou à vitória sem suar. Proeza que Tchê carrega na carteira, nos cartões de visita que imprimiu com  a foto da, sua única, mas famosa bandeirada.

Tchê guardava tudo que lembrava Ayrton Senna. Ou o que sobrou do assalto à oficina em 1991. Levaram troféus e taças, mas ficou o que ele considera a maior relíquia de Senna: a carta de próprio punho em Ayrton confidência ao mestre as corridas europeias de kart. Felizmente ele tinha o original guardado no cofre Também foi Tchê quem sugeriu que o Ayrton tirasse partido de ser canhoto.

Como o menino tinha muita força na mão esquerda, completava uma curva a 125 km/h, só com a mão esquerda no volante, deixando a direita livre para dar gás no motor com maior facilidade, porque o carburador – a época — ficava no lado direito do kart.

“Era lindo vê-lo chegar na curva, soltar a mão direita, balançar o kart, não frear, ficar de lado e quando acelerava o kart já estava em linha reta, era só dar gás” – recorda  Tchê com o rosto iluminado.

Uma das grandes frustrações do preparador foi não ter acompanhado Ayrton nos campeonatos mundiais de Portugal e da Bélgica. Para Tchê ele perdeu os campeonatos nas duas vezes porque faltou a ele um chefe de equipe. A DAP-Parrilla, a quem a Federação Brasileira de Kart pediu que apoiasse Ayrton, era somente a fábrica que fornecia o equipamento. E, por ser italiana, não estava habilitada a interceder por um piloto brasileiro”.

“Em Portugal – relembra Tchê –, ele venceu o holandês Peter Koene, foi anunciado campeão do mundo, mas acabaram dando o título ao Koene. Para tirar-lhe a conquista, descobriram um 4 centésimos de uma bateria de classificação em que o gringo foi mais rápido.. E como a Comissão Internacional só aceita reclamação se ela partir do chefe de equipe, o Ayrton foi roubado e ainda teve que calar o bico.

Na Bélgica, no Autódromo de Nivelles-Baulers, houve um jogo de equipe contra o Ayrton. Ele estava em segundo e o Marcel Gysin, um suíço que podia ser campeão, estava em terceiro, porém não acompanhava o ritmo do Ayrton. Aí armaram uma emboscada para o menino. O piloto que estava em primeiro, também suíço,  mas sem chance ao título, fechou o Ayrton de maneira a permitir que o Gysin pudesse ultrapassar os dois a uma volta e meia do fim da bateria. O Ayrton ainda foi reclamar com o comissário que estava na curva da pancada, mas acabou sendo advertido e tendo de escutar se ele não tinha chefe de equipe. Faltou a bandeira brasileira para ele ser respeitado”. (LM)


FONTE PESQUISADA

MARTINS, Lemyr. Memória: O descobrir de Ayrton Senna. Disponível em: <http://lemyrmartins.com.br/site/?p=434>. Acesso em: 10 de fevereiro 2015.
















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