Publicado 20 de setembro
de 2014
Por Lemyr Martins
lemyrmartins.com.br
Lucio “Tchê) Pascual, com
Ayrton Senna nos tempos do kart
Tchê, o Lucio Pascual Gascon
por extenso, um mestre no preparo de kart não conseguiu se segurar. Saiu da
lateral da pista e num salto tomou a bandeira quadriculada das mãos do diretor
da prova e, eufórico, consagrou o vencedor. Tudo isso para marcar a vitória de
Ayrton Silva – na época ainda não assinava Senna — no dia 1o de julho de
1974, às 3 da tarde, na corrida de kart novatos, em Interlagos.
Foi Tchê, espanhol de
Segovia, quem descobriu no menino Ayrton a vocação de grande campeão.
Ele lembra em detalhes
a primeira vez que viu Ayrton. Foi na tarde de 26 de junho de 1974, que aquele
menino de 14 anos bateu no balcão da pequena oficina que Tchê ,tinha na rua
Tabajara, no bairro da Mooca, em São Paulo.
“Era um pirralho franzino,
desajeitado, mas objetivo e foi direto ao assunto”, resume Tchê, garantindo que
havia alguma coisa de especial naquele moleque. Numa quase ordem disse ao
preparador que precisava que o mecânico arrumasse imediatamente o seu motor
quebrado.
Tchê nunca entendeu porque
varou duas madrugadas seguidas para entregar o motorzinho ao freguês petulante.
Aprontou o motor e vibrou com a corrida de Ayrton que, largando em 3º e chegou
à vitória sem suar. Proeza que Tchê carrega na carteira, nos cartões de visita
que imprimiu com a foto da, sua única, mas famosa bandeirada.
Tchê guardava tudo que
lembrava Ayrton Senna. Ou o que sobrou do assalto à oficina em 1991. Levaram
troféus e taças, mas ficou o que ele considera a maior relíquia de Senna: a
carta de próprio punho em Ayrton confidência ao mestre as corridas europeias de
kart. Felizmente ele tinha o original guardado no cofre Também foi Tchê quem
sugeriu que o Ayrton tirasse partido de ser canhoto.
Como o menino tinha muita
força na mão esquerda, completava uma curva a 125 km/h, só com a mão esquerda
no volante, deixando a direita livre para dar gás no motor com maior
facilidade, porque o carburador – a época — ficava no lado direito do kart.
“Era lindo vê-lo chegar na
curva, soltar a mão direita, balançar o kart, não frear, ficar de lado e quando
acelerava o kart já estava em linha reta, era só dar gás” – recorda Tchê
com o rosto iluminado.
Uma das grandes frustrações
do preparador foi não ter acompanhado Ayrton nos campeonatos mundiais de
Portugal e da Bélgica. Para Tchê ele perdeu os campeonatos nas duas vezes
porque faltou a ele um chefe de equipe. A DAP-Parrilla, a quem a Federação
Brasileira de Kart pediu que apoiasse Ayrton, era somente a fábrica que
fornecia o equipamento. E, por ser italiana, não estava habilitada a interceder
por um piloto brasileiro”.
“Em Portugal – relembra Tchê
–, ele venceu o holandês Peter Koene, foi anunciado campeão do mundo, mas
acabaram dando o título ao Koene. Para tirar-lhe a conquista, descobriram um 4
centésimos de uma bateria de classificação em que o gringo foi mais rápido.. E
como a Comissão Internacional só aceita reclamação se ela partir do chefe de
equipe, o Ayrton foi roubado e ainda teve que calar o bico.
Na Bélgica, no Autódromo de
Nivelles-Baulers, houve um jogo de equipe contra o Ayrton. Ele estava em
segundo e o Marcel Gysin, um suíço que podia ser campeão, estava em terceiro,
porém não acompanhava o ritmo do Ayrton. Aí armaram uma emboscada para o
menino. O piloto que estava em primeiro, também suíço, mas sem chance ao
título, fechou o Ayrton de maneira a permitir que o Gysin pudesse ultrapassar
os dois a uma volta e meia do fim da bateria. O Ayrton ainda foi reclamar com o
comissário que estava na curva da pancada, mas acabou sendo advertido e tendo
de escutar se ele não tinha chefe de equipe. Faltou a bandeira brasileira para
ele ser respeitado”. (LM)
FONTE PESQUISADA
MARTINS, Lemyr. Memória: O descobrir de
Ayrton Senna. Disponível em: <http://lemyrmartins.com.br/site/?p=434>. Acesso
em: 10 de fevereiro 2015.
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