Por Flávio Gomes
Coluna do Flávio Gomes - Grande Prêmio - http://flaviogomes.grandepremio.uol.com.br
TERÇA-FEIRA, 22 DE AGOSTO DE
2006 - 14:23
SÃO PAULO (um minuto de
silêncio) – Morreu domingo em Edimburgo, na Escócia, Creighton Brown, um
dos sócios da Project 4 com Ron Dennis, dono da McLaren. Ele tinha câncer e era
casado com uma brasileira. Passou os últimos anos vivendo em Santa Catarina.
Era muito amigo de Tarso Marques e de seu pai, Paulo de Tarso.
Brown foi quem convidou Senna
para correr na McLaren, ainda na época em que o brasileiro estava na F-Ford
inglesa. Teve uma equipe de F-2 e um de seus pilotos foi Chico Serra.
Em 1988, quando Ayrton
finalmente foi para a equipe, tornou-se grande amigo de Creighton, a ponto de
ser padrinho de sua filha Allie.
Brown juntou-se à P4 em 1978.
Ele, Dennis e John Barnard assumiram a McLaren em 1980. Foi diretor da equipe
até 1992. Em 1990, com Gordon Murray, foi encarregado de montar a McLaren Cars,
que deu no espetacular McLaren F1, um protótipo de rua caríssimo que chegou a
fazer algum sucesso nas pistas.
As informações acima e a foto
abaixo foram passadas por Carlos Eduardo Ramoa, amigo de Brown, que nos últimos
anos vinha desenvolvendo o projeto de montar uma fábrica de carros esportivos fora-de-série
no Brasil.
Conheci-o bem. Era uma doce
pessoa.
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Por Mario Alberto Bauér
Postado em 20/08/2007
Motor Sport Consult - motorsport-consult.com
Figura querida e amável,
sempre gentil e mostrando um sorriso simpático, Creighton Brown era um
verdadeiro gentleman. Hoje, no primeiro aniversário da sua morte, quero
aproveitar para lembrar esta pessoa magnífica que deixou muita saudade.
Creighton começou no automobilismo como piloto na Inglaterra, mas logo entendeu
que sua verdadeira habilidade é a de empreendedor, era um verdadeiro imã de
patrocinadores e logo fundou a Ardmore Racing, equipe que disputou o campeonato
europeu de Fórmula 2 e se tornou uma das mais bem sucedidas da categoria com
sete campeonatos e mais de 100 vitórias.
No fim de 1978, no auge da
Ardmore, Brown juntou-se a Ron Dennis e dois anos depois fundaram a
Project 4 Racing que iniciou um joint-venture com a McLaren para
depois, com a fundação da McLaren International da qual Brown e Dennis eram
acionistas, assumir o controle da equipe de Fórmula 1.
Uma de suas maiores amizades
na F-1 foi com Ayrton Senna, com quem trabalhou junto entre 1988 e 1990. O
brasileiro era, inclusive, padrinho de Allie, filha de Brown. No ano do
bicampeonato de Senna, Creighton deixou a diretoria da McLaren International
para fundar a McLaren Cars Ltd para a qual Gordon Murray projetou a McLaren F1,
o superesportivo que em sua versão de corrida venceu as 24 Horas de Le Mans em
1995 e dominou a categoria GT nos anos seguintes.
Eu o conheci em 2000, quando
era redator-chefe da Formula1.com, o site oficial da F1 no qual Creighton tinha
participação antes de ser vendida para a Formula One Management de Bernie
Ecclestone no ano seguinte. Ele era casado com uma catarinense, além de uma
fazenda no Rio Grande do Sul tinha propriedades em Florianópolis e batalhou
durante anos para realizar um sonho: A construção da primeira fábrica de
automóveis de Santa Catarina em Joinville, a South American Sports Cars Ltda. A
montadora iria fabricar em licença da inglesa TVR o Tuscan com motor V8. O
esportivo seria tanto vendido no Brasil, por US$ 90 mil, como
exportado para os ademais mercados da TVR.
Mudei-me da Europa para Santa
Catarina no final de 2002 na expectativa de poder participar do projeto, já que
em anexo à fábrica estavam planejando uma pista de testes de 4.5 kms de
extensão com planos de expansão para um autódromo homologado e escola de
pilotagem. Como se sabe, o sonho virou fumaça graças às picaretagens diversas e
Creighton sofreu alguns calotes também. O terreno rural de 2,7 milhões de
metros quadrados no km 52 da BR-101, adquirido por Creighton sozinho, acabou
sendo leiloado.
Poucas pessoas sabiam de seu
verdadeiro estado de saúde, já que sempre se apresentava da mesma forma
sorridente e positiva. Fiquei em estado de choque quando recebi um e-mail da
família em meados de agosto do ano passado que estaria em estado terminal de câncer.
Era totalmente inesperado, ainda tinha conversado com ele sobre o seu mais novo
projeto na véspera da etapa de abertura da Stock-Car em Interlagos. A idéia
então era a produção de um carro urbano brasileiro no estilo do Smart projetado
pelo novo sócio, o Gordon Murray.
Creighton partiu deste mundo
da forma soberana e distinta como sempre se apresentava. Sobrevivendo somente
com a ajuda das aparelhagens nas quais estava conectado, tinha pedido à família
de antemão de lhe poupar um fim sem controle sobre si, sem dignidade.
Aproveitou para ouvir todas as mensagens de apoio e solidariedade que ainda
recebeu nesta ultima semana, a família respondeu que Creighton recebeu cada
mensagem com um sorriso típico dele. Na tarde do dia 20 de agosto de 2006, na
presença de seus entes queridos, a jornada de Creighton Brown neste mundo
recebeu a bandeirada final em um hospital em Edimburgo na Escócia.
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FONTE PESQUISADA
GOMES, Flávio. CREIGHTON
BROWN, O DESCOBRIDOR DE SENNA. Disponível em: <http://flaviogomes.grandepremio.uol.com.br/2006/08/creighton-brown-o-descobridor-de-senna/>.
Acesso em: 05 de dezembro 2015.
BAUÉR, Mario Alberto. Saudades do amigo
Creighton Brown. Disponível em: <http://motorsport-consult.com/2007/08/20/saudades-do-amigo-creighton-brown/>.
Acesso em: 06 de dezembro 2015.
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