segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Chiquinho Conta Mais Detalhes de Seu Encontro Com Ayrton Senna

Chiquinho é o menino de 12 anos que andou quilômetros para conhecer Ayrton Senna. 



Ano passado, aos 36 anos, ele concedeu uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo contando sua saga para realizar seu sonho e ficar frente a frente com seu ídolo de infância, no começo dos anos 90. E depois, ao blog, ele revelou mais detalhes desse encontro que nas palavras dele foi um dos melhores momentos de sua vida.


Depoimento de Francisco Andrade Filho, o Chiquinho

*Entrevista ao blog Ayrton Senna Vive, 02 de novembro de 2015

Na época eu tinha 12 anos. Eu era os da turma do portão rsrs. Ficava horas e horas em frente à casa esperando ele aparecer. Sempre quando o Senna ganhava, se reuniam muitas pessoas no portão da casa dele na Cantareira. Eu sempre estava lá até durante a semana. Eu perdi 2 anos de escola faltando só pra tá lá.

Foi uns dos melhores momentos da minha vida, o melhor em que eu estive com ele. Muito atencioso. Eu fico muito triste. Às vezes eu penso: “que droga o Senna morreu", muito triste pensar nessa realidade, mas é a vida.

A mãe dele foi um amor de pessoa. Só o pai dele que era um pouco chatão kkk, meio sério. Mas a mãe dele é um amor de pessoa. Ela que me deixou entrar na casa dele aquele dia que você leu no jornal rsrs.

Vi os irmãos (de Ayrton) mas nunca falei com eles só vi eles passando do meu lado algumas vezes . Eu conversei um pouco com o Bruninho (Bruno Senna, Sobrinho de Ayrton) na época . Conheci a Paula e a Bianca (Sobrinhas de Ayrton) também. O irmão (Leonardo, irmão de Ayrton) era meio chatão também. Viviane não sei dizer pois vi de longe.

Eu me arrependo muito de no dia não ter pedido um capacete pra ele naquele dia. Eu pensei que teria outras chances por ele já ter gostado de mim. Por isso deixei pra pedir depois. Mas infelizmente não consegui isso que eu queria ter guardado pra sempre.

Ah, no dia ele me mostrou umas réplicas de carros que ele tinha na casa dele. Disse que tinha se lembrado de mim da outra vez que eu o tinha visto no aeroporto. É que você não viu os capacetes que tinha lá rsrsrs. Seria uma ótima lembrança rsrs.

Eu percebi muito carinho nele aquele dia. Quando você estava do lado dele, ele parecia uma pessoa normal, pela simplicidade dele, acredite!

Ele percebeu o carinho que eu tinha por ele: na hora de eu ir embora eu dei um abraço nele e segurei ele por um tempo, aí ele viu que eu estava o segurando, e ele olhou para a mãe dele balançando a cabeça e rindo .. Foi engraçado rsrs

[Esse menino, hoje um homem, disse que ficou desapontado com seu Milton. Para não dar ingresso para o Grande Prêmio do Brasil de 1993, ele disse que crianças não entravam lá. Mas ele, Chiquinho, ficou do lado de fora do autódromo e presenciou crianças ricas saindo dali, ele entendeu que o lugar era para crianças sim, só que não para pobres como ele. Triste né?]

O pai dele acho que não gostava muito de mim ali não. Por isso eu acho que o Senna era 80% dona Neyde e 20% seu Milton na sua personalidade.

Uma vez eu estava na rua e vi o pai dele entrando na casa, aí eu corri até o carro e disse: “Seu Milton, lembra de mim? Eu trabalho como engraxate, e não tenho dinheiro suficiente pra ir na corrida, o senhor pode me dar um ingresso?”. Aí ele disse: “Lá não entra criança”, e acelerou o carro e entrou. Naquele mesmo mês eu estava em Interlagos assistindo a corrida do lado de fora. Mas eu vi muitas crianças lá rsrsrs. Acho que o nariz dele cresceu aquele dia rsrs. Foi à última vitória do Senna no Brasil em 93.

[Fiquei triste com o pai do Ayrton. Eu entendo que seja impossível ficar distribuindo ingressos pra Deus e o mundo que parasse na porta dele, mas custava quebrar o galho e dar o ingresso pro menino? Até porque o menino tinha falado com Ayrton em 91 no aeroporto, depois foi na casa, em 92. E dali em diante passou a conversar com a dona Neyde por telefone. Esse menino vivia alí na porta. Se tornou um fã especial. Deveriam ter sido mais carinhosos com ele. O pai no caso.]

[Sobre Seu Milton, ele acelerou carro e ignorou pedido do menino. Isso não se faz!]

[Sobre a mãe de Ayrton, dona Neyde]: Ela mora perto aqui de casa, mas nunca mais eu a vi. Acho que ela não ia me reconhecer, mas se a visse, com certeza eu saberia quem é. Se você a conhecesse você veria que ela é um amor de pessoa.

[Ele conheceu Ayrton em 1991 no aeroporto. Em 92 conseguiu entrar na casa dele e em 93/94 não conseguiu encontrá-lo mais. Nessa época, Senna começava a se dedicar aos negócios, estava se tornando empresário, e os fãs passaram a ter mais dificuldade para encontrá-lo.]

[Sobre boné rasgado pela mãe]: "Eu tenho outro... está na casa do meu irmão guardado. Eu deixo lá, acho mais seguro por enquanto. Minha mãe não suportava que eu não estudasse, chegasse muito tarde em casa. Talvez foi um motivo dela perder a cabeça e rasgar o boné rsrsrs, mas no segundo encontro Ayrton me deu outro”.

Minha mãe gostava pouco de Fórmula 1. Mas ficou muito triste com morte dele, do Ayrton. Mãe é mãe. Ela só não queria me ver matar aula pra ficar direto atrás dele. Sinto a falta dela também. Outra pessoa que eu amava e perdi.

[A mãe dele morreu. Ficou órfão. O pai sumiu no mundo. Abandonou o lar.]

OPINIÃO SOBRE O ACIDENTE

O carro quebrou.. O Senna tentou virar (o volante), mas não deu. Penso que pode ser sabotagem, sei lá. Nem Jesus agradou a todos, vai saber. Parece mentira, mas um homem tão bom como Ayrton tinha muitos inimigos. Piquet, acho que era um deles rs. Até hoje ele fica remoendo briguinhas com Senna. Até hoje não entendo, ninguém foi punido, equipe criou um carro assassino. A pista não tinha segurança. E a morte dele ficou por isso mesmo.
[Chiquinho pensa como a maioria dos fãs. ‘Rolou’ muito dinheiro e infelizmente ninguém foi punido.]

CHIQUINHO MELHOROU DE VIDA

[Ele foi em Mônaco esse ano só para ver a pista, mas não teve coragem de assistir o GP, e ficou emocionado]: Esse ano eu fui pra Mônaco conhecer a cidade de suas super vitórias. Mas não fiquei pra corrida de domingo não, não tem mais graça, nunca teve mais... dei um role por lá e depois fui pra Nice e voltei depois na outra semana.

[Hoje, ele parece bem, financeiramente falando.]

MORTE

[Ele deu entrevista ano passado para a folha e a família Senna nem se manifestou, eles devem lembrar disso.... e também da grosseria que seu Milton, pai de Ayrton, fazia com os fãs na porta de casa. O ‘Cara’ alí era o Ayrton, ele era famoso, rico e talentoso. É sempre assim, os que não são nada tratam os outros mal.]

No dia da morte eu liguei na casa dele. Eu ligava lá às vezes, mas nunca consegui pegar o Senna em casa, só falava com a mãe dele.

Eu também tive uma sensação estranha. Aquele dia (da morte).

FAMÍLIA SENNA

[Ele reclamou que a família o ignorou no passado e esse ano 2014 também. Quando ele deu entrevista a Folha de São Paulo. Uma outra fã, chamada Linda Danton, em 1995 tentou falar com a família e perguntou se eles queriam fotos inéditas dele, que ela tinha tirado ao longo dos anos na Inglaterra. Foi ignorada também.]

[Ela se hospedou em hotel no Rio de Janeiro e ligou pra família, disse que estava indo pra São Paulo e poderia deixar as fotos com eles. Fotos que ela tirou dele com equipe entre 91/93. A família mandou dizer através de empregados que não receberiam ninguém.]

[Que Triste! Ignoraram totalmente a fã Linda. Se fosse uma famosa eles teriam a recebido.]

[Chiquinho disse que no dia 01/05/1994, dia da morte do Ayrton, ligou pra casa e uma prima dele atendeu]: Só com uma prima eu acho (falei no dia da morte). Ela (dona Neyde) tinha saído . Eu falei outras vezes . O caseiro que tinha me dado o telefone em segredo rsrsrs.

Eu liguei e eu estava muito triste. Queria dar uma palavra de consolo pra mãe dele. Eu tava muito triste e ela também. Mas ela precisava de mais força aquela hora.

Eu, desde meus 6 anos eu queria ser Skatista. Com 8 anos eu descobria a F1 do Ayrton Senna. Queria ser amigo dele um dia e piloto. Mas acabei me tornando Skatista mesmo kkkkkkk"

[Chiquinho tem senso de humor, apesar da infância difícil.]

[Até hoje ele lembra o número]: “Liguei no mesmo dia do acidente. Umas três horas depois. A mãe dele tinha saído, a prima falou. Eu lembro até hoje o número : 95211/37. Esse era o telefone da casa da Cantareira”.

ADRIANE GALISTEU

Eu particularmente acho a Galisteu muito sincera como pessoa. Gosto dela e de sua postura. Sei que a família do Senna não curtia muito ela, principalmente o pai (do Ayrton), eu acho. Imagino que seja por achar que ela queria se aproveitar dele e tal, por o Senna sempre tá dando presente pra ela. Mas de uma coisa é certa: o Senna gostava muito dela, por falar muito de seus problemas e sentimentos . E isso é uma prova de consideração pela outra pessoa. A família podia não aceitar, mas o Senna confiava e acreditava muito na pessoa dela.

INSTITUTO

Eu acho que se o Senna tivesse vivo o instituto seria outro. Nada, absolutamente nada, ou quase nada parecido com esse que tem lá hoje.
Esse lado de classes diferentes sempre vai existir... Eu quando dei minha entrevista pro jornal eu mandei uma cópia pro instituto... Aí me responderam tipo assim: ‘oh, legal, não deixa a imagem do Senna morrer’. Não me deram bola, mas eu não ligo pra eles também"
[Por tudo que sabemos, se uma pessoa não tem dinheiro, não é nada para a família do Ayrton.]

SENNINHA

Um ano sem me ver e ele me reconheceu como o menino do aeroporto. Por isso eu acredito que quando ele divulgou o Senninha (personagem infantil lançado por Senna em janeiro de 1994) e disse: ‘Dedico com todo carinho a todas crianças e jovens que me apoiaram’, ele estava falando de mim também alí na mente dele!!

IMPRESSÃO

"Eu fico imaginando os assédios que ele devia receber. Um cara de presença e tal. Você vê vários jogadores feiosos aí ( Ronaldo, etc) sendo assediado, agora imagina um bonitão. Ele era mais bonito ao vivo"

GALVÃO BUENO E FRANK WILLIAMS

“Galvão (Bueno, narrador esportivo e amigo de Ayrton) não me inspira confiança. Frank Williams (dono da equipe Williams, última escuderia defendida por Senna) bateu papo com ele para convencer (Ayrton) a correr, antes de falar com Ayrton falou com Galvão também e o Galvão respondeu "não se preocupe, vou falar com ele e ele vai correr pra ganhar". Li isso em algum lugar não lembro onde.” (Possivelmente ele leu no livro “Ayrton, o herói revelado”).
[Ayrton e sua mãe, lá do céu, olham por você e se orgulham de você ter estudado, ter virado comerciante e levar uma vida honrada. Realmente para um menino pobre e engraxate, você deu a volta por cima. Tem uma vida melhor e parece ser uma pessoa simples como foi o Ayrton.]

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