“Ayrton começou a ser uma
pessoa mais feliz, mais alegre, mais solta. A gente percebia nela uma pessoa
sofrida. No contato com a Adriane, ele aprendeu a lidar com a vida profissional
e também com a vida pessoal. Ele ficou uma pessoa pra melhor, com certeza.” – Walderez
Zanetti, foi amiga por muitos anos de Ayrton e que cortava o cabelo dele.
Nos corredores da Fórmula 1, a jovem modelo conheceu o
príncipe dos pilotos e viveu uma intensa história de amor.
Até conhecer Ayrton Senna, em
1993, a
vida foi dura com Adriane. O pai, o comerciante espanhol Alberto Galisteu,
faliu depois de montar uma gráfica e, com problemas de alcoolismo, acabou
aposentado por invalidez. O único irmão, Alberto, se envolveu com drogas (morreu
de AIDS em 1996). Filha e mãe se uniram para segurar as pontas da família esfacelada.
Adriane começou a trabalhar cedo. Aos 9 anos, a menina, louca por televisão,
bateu o pé e fez com que a mãe a levasse a um teste para um comercial da
McDonald’s. Era só uma figuração, mas deixou claro o potencial para a carreira
de modelo. A essa, seguiram-se outras oportunidades. “Pegávamos um ônibus na
Lapa, onde morávamos, e íamos até a agência em Santo Amaro , do outro
lado da cidade”, lembra dona Emma. “Levava um tempo enorme, a Adri passava mal
no trajeto e nem sempre conseguia o trabalho. Mas não desistia e até me
consolava. Seu lema era: na próxima vai dar certo.” Também tentou cantar. Antes
de descobrir que não era sua praia, fez parte de dois grupos infantis, os
finados Trio Chispita e Meia Soquete. Em contrapartida, a mãe exigia boas notas
e um diploma. Convenceu a filha a cursar o magistério, mas ela no entanto pouco
exerceu a profissão.
A carreira de modelo nunca
deu a Adriane a projeção (e o dinheiro) que ela, arrimo de família, buscava. Em
compensação, levou-a aos braços de Ayrton Senna, por quem abandonou todos os
trabalhos. Em troca, recebia uma ajuda de custo equivalente aos ganhos – que ia
direto para manter a família. Com apenas 19 anos, ela viveu momentos de paixão e
deslumbramento. Viagens, uma procissão de famosos paparicando o ídolo (e a
modelo, por tabela), jantares, fotógrafos insistentes perseguindo-a o tempo
todo. A morte trágica do piloto numa curva fatídica do circuito de Ímola, na Itália,
um ano depois, pôs fim ao sonho e deu início a outra fase: já distante do mundo
das modelos, teve que abrir na marra o próprio caminho. Era a resposta aos comentários
da família de Senna, que, como o Brasil inteiro lembra, elegeu Xuxa a viúva oficial
e não deu bola para Adriane. Numa entrevista à revista francesa Paris Match, em 1996, a irmã de Ayrton,
Viviane, chegou a dizer: “Se ela tem necessidade de dinheiro, deveria
trabalhar, como faz todo mundo, e parar de ficar explorando a imagem de um
morto”. Foi o que Adriane fez.
O piloto costumava afirmar
que a nova namorada não era como as outras. “Eu vou proteger essa moça de
qualquer maneira”, confessou certa vez ao seu preparador físico, Nuno Cobra,
numa conversa relatada pelo jornalista Ernesto Rodrigues em Ayrton, o Herói Revelado (Objetiva). “Ela
é inteligente, diferente, me ajuda muito e tem sempre umas idéias. Tem personalidade.”
Refeita da tragédia que lhe tomou o namorado, Adriane provou que o julgamento
de Senna era acuradíssimo.
Uma década após a morte do homem que a trouxe para os holofotes, ela pode se vangloriar de ter conquistado uma geração de jovens que a conhece não como a última mulher de Ayrton Senna, e sim como a apresentadora alegre, que dita moda e sabe onde quer chegar.
FONTES PESQUISADAS
RODRIGUES, Ernesto. Ayrton, o herói
revelado. Edição 1. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2004.
Revista Claudia, julho 2004.
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