terça-feira, 26 de setembro de 2017

Adeus

O comovente final do livro Fatal Weekend, escrito por Tom Rubython. 

Autor narra em um texto emocionante o Adeus de Neyde, mãe de Ayrton Senna, e Adriane Galisteu. 

"Este foi um livro que me exigiu muito para escrever. Por duas vezes nos últimos anos eu o abandonei devido às dificuldades de escrever sobre um assunto tão carregado emocionalmente." - Tom Rubython no prefácio de Fatal Weekend.



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"Depois da morte do Ayrton, virei um lixo" - Adriane Galisteu


Adeus

Depois do funeral, a família Da Silva voltou para sua fazenda em Tatuí para começar a reconstruir suas vidas destroçadas. Os Braga e Adriane foram para a fazenda dos Braga em Campinas. Nada seria remotamente o mesmo novamente para qualquer um deles. Por esse pequeno grupo de talvez, 30 pessoas, entre família e amigos próximos no Brasil, as suas vidas nos últimos 10 anos tinham sido unicamente sobre Ayrton Senna - eles não conheciam nada além disso.

A família Da Silva teve um outro problema que, na realidade, só existia em suas mentes. Eles estavam com medo e preocupados de Adriane querer continuar a viver no apartamento de Senna na Rua Paraguai, isso era a última coisa que eles queriam. Neyde da Silva foi a única voz discordante do restante da família quando expressaram seus medos. Ela simplesmente disse-lhes: "Não, ela não vai," e ela estava certa.

Neyde da Silva decidiu que todos eles tinham tratado Adriane muito, muito mal e resolveu fazer algo a respeito. Na sexta-feira seguinte, levantou-se da cama cedo, antes do restante da família e chamou a seu motorista. Ela ordenou ao motorista para levá-la a fazenda de Antônio Braga, onde ela sabia que Adriane estava.

Adriane teve uma surpresa quando Neyde da Silva de repente chegou sem avisar na casa do Braga. Ela queria falar com as pessoas que passaram o tempo com seu filho em seus últimos dias de vida. Neyde e Adriane sentaram-se em um grande sofá na sala de estar do Braga e conversaram por um longo tempo. Antes de ir embora, Neyde planejou encontrá-la no apartamento de Senna onde tinham vivido juntos, para que Adriane pudesse recolher suas coisas. Adriane tinha um monte de coisas lá. Ela tinha vivido com Senna por um ano, e durante o último mês, ela estava sozinha no apartamento enquanto ele estava na Europa.

No portão (do prédio de Senna), enquanto Adriane entrava no carro, Neyde agradeceu Antônio Braga e Luiza por cuidarem dela e a pediu desculpas pela forma como o restante de sua família havia se comportado. Quando Neyde se foi, Braga virou-se para sua esposa e disse-lhe: "É daí que Beco [Ayrton] saiu (Braga quis dizer que Ayrton puxou a mãe)." Luiza assentiu (concordou). Ela não precisava perguntar o que seu marido quis dizer; ela soube instintivamente.

Julian Jakobi (empresário de Ayrton Senna) teve que pegar os pedaços do crescente império empresarial de Senna. Senna havia comprometido US$ 47 milhões, e havia muitas decisões importantes para fazer agora que ele não estava mais lá.

O contrato de três anos de Senna com a Williams foi rapidamente pago pelas seguradoras da equipe Williams. Além disso, seus patrocínios pessoais foram cobertos por outras apólices de seguro. Senna sempre acertou seus negócios pensando na possibilidade de uma morte súbita do qual sempre soube que era uma possibilidade. [Acho que todos que tem um profissão perigosa fazem esse tipo de seguros de vida]

Depois que o negócio foi concluído, Jakobi finalmente teve tempo para seu sofrimento pessoal. Ele ficou atordoado pelo funeral e não tinha idéia do quanto seu piloto era tão reverenciado por seu povo. Como muitos outros, ele recordou os eventos de 1963 como comparação. Ele disse: "Lembro-me de assistir ao funeral de John F. Kennedy em Washington, em 1963, e até o de Winston Churchill, quando era menino. Eu nunca vi nada assim. O funeral de Senna no Brasil foi bastante parecido. Você não gostaria de fazer parte disso por causa do que aconteceu, mas, por outro lado, estar lá, é como colocar tudo em perspectiva. Aqui estava um cara do Brasil, que tem uma nova indústria automobilística, que poderia enfrentar e vencer o mundo industrializado. Aqui estava alguém, como Pelé, que era uma figura mundial, que era universalmente respeitada. E, durante os nove anos que trabalhei para ele, não entendi, baseando-me aqui na Europa, o quanto ele era reverenciado no Brasil ".

Mas foi Adriane Galisteu quem teve mais pedaços para pegar (quem mais teve a vida destruída). Ela era a pessoa mais próxima de Senna no final de sua vida, e ela não ficou com nada. Senna não a deixou nada e a família dele estava determinada que ela não ficasse realmente com nada. Eles desejavam que ela pudesse ser apagada de sua história.

Apesar da oposição da família de Senna, pensava-se que eles  acabariam se casando. É possível que Senna já tivesse contado a sua família quais eram suas intenções, e essa foi a razão do atrito entre ele e Leonardo naquele último fim de semana.

E ao contrário do que a família pensava, ela não tinha intenção de ficar no apartamento. Mesmo que quisesse, as memórias eram muito brutais para ela.

Por quase duas semanas, Adriane ficou com os Braga na fazenda. Betise Assumpção veio visitá-la e elas falaram sem parar sobre a vida de Senna por horas e horas. Parecia facilitar as coisas para ambas as mulheres.

No apartamento, Neyde da Silva (mãe de Ayrton) estava esperando. Adriane disse: "Peguei o elevador e subi. A porta estava meio aberta. Tudo parecia o mesmo - e ao mesmo tempo era tão diferente. Não havia nenhum sinal de nós lá. Tudo estava em seu lugar. Não havia mais vida lá. Sua mãe e eu nos sentamos no sofá e falamos por cerca de 40 minutos."

Quando Neyde perguntou a Adriane o que ela faria agora, ela disse que simplesmente iria recomeçar sua vida do que era antes, na sexta-feira, 26 de março de 1993, no dia em que seus olhos se cruzaram pela primeira vez com os olhos de Ayrton Senna. Ela disse mais tarde que era literalmente o olhar de amor (amor a primeira vista), um olhar que mudou completamente o mundo dela. Nenhuma palavra havia sido trocada entre eles naquele dia, mas nenhuma precisava ser. Foi puramente o destino, assim como os acontecimentos do domingo à tarde, 1 de maio de 1994.

Depois de terem terminado de conversar, ela jogou suas coisas em quatro grandes malas e perguntou a Neyde se ela podia levar a escova de dentes de Ayrton.

Lá fora estava chovendo.



FIM


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Cruzes! 

Revoltante! Repugnante! Que gente mesquinha! 

Ayrton era milionário, deixou tanto dinheiro, o que custava ajudar a mulher que ele amava e o fazia feliz em seu último ano de vida? Dinheiro algum compraria isso. Para que queriam tanto dinheiro? Se ajudassem a mulher do filho/irmão de vocês, que largou o emprego para ir viver com ele, se dedicar a ele, com certeza não ia fazer falta alguma. O que aconteceu com Ayrton pode acontecer com qualquer um, infelizmente. Ele deixou muito, mas muito dinheiro, uma fortuna. Só de seguros de vida receberam por cima uns US$ 200 milhões. Sem contar o império que ele já tinha, os negócios que deixou, imóveis. Mesquinhos e ganânciosos!

Ainda ganharam muita grana com esse Instituto (Ayrton Senna) de fachada. Alguém acredita que depois dessa eles realmente ajudam crianças carentes? Do jeito que são mesquinhos...

Queriam tanto dinheiro para viverem todos no luxo e realizar desejos as custas do Ayrton Senna, Leonardo (irmão de Ayrton) gastar com mulheres como faz esses anos todos e Viviane (irmã) deixar para seus descendentes. Dar todos os mimos a sua prole. Os irmãos e sobrinhos trabalham por hobby nada mais. Não moveram nenhuma palha, tudo que Ayrton ganhou foi por causa de seu talento, trabalho e muito suor. Tinham o dever moral de amparar a Adriane, que era a mulher dele, companheira, viúva. Ele não deixou filhos, mas deixou uma esposa. Era um dever moral ampará-la. O mínimo que deveriam fazer. Que feio! Fazendo questão de cada centavo. Abutres!


Mas Deus retribuiu tudo que ela fez por Ayrton e muito mais, dando-lhe tudo que ela merece, restaurou a vida de Adriane. Lá de cima Ayrton também olha muito por ela, e com certeza também a ajudou muito. Aqui na terra Braguinha, o segundo pai de Ayrton, e sua esposa, a ampararam. 

Adriane ganhou muito, mas muito mais, que a família do Senna lhe dariam. Muito mais do que esse apartamento. Ficaram com ele (apartamento) para Leonardo levar mulheres, como aconteceu depois da morte de Ayrton. Ou seja, queria tirar Adriane de lá para levar mulheres para lá. Esse mesmo que infernizou a cabeça do irmão numa véspera de corrida.

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FONTE PESQUISADA

RUBYTHON, Tom. Fatal Weekend. 1º Edição. Great Britain: The Myrtle Press, 12 de novembro de 2015.

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