terça-feira, 26 de dezembro de 2017

"Atitude Sem-Vergonha", Biógrafo Sobre Grampos Plantados Pela Família em Telefone de Ayrton Senna

Milton da Silva, pai de Ayrton Senna, com a ajuda de seu outro filho, Leonardo, grampeou o telefone do piloto para separa-lo da mulher que amava


Trecho extraído de Suite 200, livro escrito pelo jornalista e escritor italiano Giorgio Terruzzi:

Senna, entretanto, se recolheu em seu motorhome e, a partir daí, pediu a Frank Williams, chefe da equipe, para formular a direção da prova o pedido para cancelar a corrida, convencido de que, para os pilotos, não havia condições de correr depois da saída da pista de Barrichello e a morte de Ratzenberger. Um pedido imediatamente rejeitado. Além disso, a reivindicação de usar o carro de segurança para chegar ao lugar do incidente de Ratzenberger aumentou a tensão nas suas relações com a Federação Internacional. Durante algum tempo, ele estava convencido de que ele estava na presença de um sistema de um poder tendencioso que não estava atento à segurança, não disposto a ouvir os pilotos em geral, especialmente Ayrton Senna.

Nós o encontramos no final da tarde. Ele escolheu as palavras com cuidado e seu rosto estava amarrado, os nervos à flor da pele: "Eu consegui o melhor tempo, mas isso não significa que tudo esteja bem. Esta pista é um desastre ... Os carros são imprevisíveis, rápidos e difíceis de pilotar. Será um ano com muitos acidentes e até acho que teremos sorte se não acontecer nada muito grave ".

Ayrton chamou a Adriane Galisteu pelo telefone. Ela era sua namorada há pouco mais de um ano. Ele a conheceu depois do Grande Prêmio do Brasil, em março de 1993, depois de ter a notado entre as recepcionistas da Shell.

Adriane, orfã de pai desde os 15 anos, tentava ajudar a mãe modelando ou participando de eventos promocionais. Ayrton parecia exuberante e alegre, um contraste que ela achou agradável. Ele imediatamente a convidou para seu refugio em Angra dos Reis, na costa que separa São Paulo do Rio de Janeiro, experimentando um raro e de certa forma misterioso entendimento [entre os dois. Mais do que uma atração]. Ele estava disposto a cultivar essa relação nascida quase que por acaso, demostrou isso através de seu comportamento imediatamente logo em seguida. Ayrton, consciente de ter que lidar com uma família conservadora, muito atenta aos seus movimentos, conseguiu retirar um trabalho fotográfico de Adriane para as páginas da «Playboy», combinando a uma atitude protetora uma série de aparições públicas que torna a relação explícita. Isso constituiu uma novidade em relação ao passado e, ao mesmo tempo, uma fonte de perturbação para o pai Milton, um homem habituado a exercer um controle estrito [rigoroso] sobre seu filho.

No momento do telefonema, Adriane, que acabou de chegar do Brasil, estava em Sintra, Portugal, na casa de Antônio Carlos de Almeida Braga, conhecido como "Braguinha", um riquissimo banqueiro brasileiro, uma das pessoas mais próximas de Senna. Braga, no entanto, estava em Imola na época.

Essa casa [do Braguinha] era uma base européia para Ayrton há muitos anos. A voz de Senna está enfraquecida, confusa: "Está tudo uma merda... Um austríaco... bateu e morreu. Eu vi tudo. Ele morreu na minha frente. Sabe de uma coisa? Eu não vou correr." Este foi um telefonema para o qual Adriane comentaria: "Ayrton nunca me falou assim".
Era cerca de sete horas da noite, quando Senna, do circuito, mudou-se para o Hotel Castelo em Castel San Pietro Terme. Um hotel simples mas silencioso, rodeado de vegetação, administrado pela família Tosoni, capaz de fazer com que esse convidado famoso e agora amado se sinta em casa.

Ayrton sempre ocupou o mesmo quarto, o número 200. Uma pequena suíte com quarto, banheiro e uma área de estar em que havia uma mesa e uma cama usada todas as noites para massagem, praticada pelo estremamente gentil Josef Leberer, fisioterapeuta austríaco, ao lado de Senna por seis anos. Frank Williams alojou-se exatamente debaixo dele, Suite 100; Ron Dennis, chefe da McLaren, foi colocado no terceiro andar, Suite 300.

Pela primeira vez, naquela noite, Leberer foi dispensado da massagem. Era seu aniversário e também era um momento muito ruim para ele, um compatriota e um amigo de Ratzenberger. Mas a verdadeira razão para essa mudança de programa era outra. Leonardo, o irmão mais novo de Ayrton, trouxe algo do Brasil que exigia cautela, privacidade. Uma fita gravada. Adriane conversa com um ex-namorado por telefone no apartamento de Senna em São Paulo.

O fato de o registro se encontrar naquele quarto de hotel indicava pelo menos duas coisas. O primeiro: os tons e as palavras de Adriane continham ambigüidade óbvia, talvez desencadeada pelo ex-namorado que se declarou melhor do que Ayrton entre os lençóis. O segundo: a determinação da família Senna em assegurar que o relacionamento fosse interrompido era tão firme quanto a chegar a um gesto sem-vergonha [de grampear o telefone de Senna e ir mostrá-lo em um dia tão fatal]. E foi o próprio Leonardo, o protagonista da reunião tensa e dolorosa na suíte, que seguiu em frente o assunto, independentemente do que aconteceu algumas horas antes na pista.

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Só uma correção: os tons e as palavras de Adriane na gravação não continham ambiguidade alguma como o também biógrafo Ernesto Rodrigues contou em uma entrevista a revista Veja (edição 1849 de 14 de abril de 2004).

"Uma besteira. Braguinha afirmou que Nada na fita sugeria que Adriane estivesse traindo Senna ou mesmo que tivesse concordado com o comentário machista do ex-namorado."

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Era cerca de nove horas daquela noite, Ayrton chamou uma segunda vez Adriane, que mesmo momento tinha chegado à casa no Algarve. A conversa foi relatada no livro Caminho das Borboletas, escrito pela própria Adriane e publicado em 1994.

"Eu quero te dar umas palmadas".

"Umas palmadas? Por quê?".

"Tenho muitas coisas para lhe dizer, propor, oferecer. [Domingo] Eu devo chegar às oito e meia da noite. Quero passar a noite acordado. Falaremos até o amanhecer. Quero convencer você de que sou o melhor homem da sua vida ".

 "Você não conhece os outros ..." (brincando).

 "Quero provar que eu sou o melhor".



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Senna, intanto, si era ritirato nel suo motorhome e da lì aveva chiesto a Frank Williams, capo della squadra, di formulare alla direzione corsa la richiesta di annullare la gara, convinto com’era che per i piloti non esistessero le condizioni per correre dopo l’uscita di pista di Barrichello e la morte di Ratzenberger. Una richiesta immediatamente respinta. In aggiunta, la pretesa di utilizzare la safety car per raggiungere il luogo dell’incidente di Ratzenberger aveva aggiunto tensione ai suoi rapporti con la Federazione internazionale. Da tempo si era convinto di trovarsi al cospetto di un sistema di potere fazioso non attento alla sicurezza, per niente disposto ad ascoltare i piloti in generale, Ayrton Senna in particolare.

Lo incontrammo a fine pomeriggio. Sceglieva le parole con attenzione e aveva la faccia annodata, i nervi a fior di pelle: «Ho ottenuto il miglior tempo ma non vuol dire che vada tutto bene. Questa pista è un disastro… Le macchine sono imprevedibili, veloci e difficili da guidare. Sarà un anno con molti incidenti e penso addirittura che avremo fortuna se non accadrà nulla di molto grave».

Ayrton chiamò Adriane Galisteu al telefono. Era la sua compagna da poco più di un anno. L’aveva conosciuta dopo il Gran premio del Brasile, fine marzo 1993, dopo averla notata tra le hostess della Shell.

Adriane, orfana di padre dall’età di quindici anni, cercava di dare una mano alla madre facendo la modella in alcune sfilate di moda o partecipando a eventi promozionali. A Ayrton sembrò esuberante e sbarazzina, un contrasto che trovava gradevole. L’aveva immediatamente invitata nel suo rifugio di Angra dos Reis, sulla costa che separa San Paolo da Rio de Janeiro, sperimentando una rara e per certi versi misteriosa intesa. Che fosse intenzionato a coltivare quel rapporto nato quasi per caso lo dimostrarono i suoi comportamenti immediatamente successivi. Ayrton, consapevole di avere a che fare con una famiglia conservatrice, attentissima alle sue mosse, riuscì a far ritirare un servizio fotografico di Adriane destinato alle pagine di «Playboy», abbinando a un atteggiamento protettivo una serie di apparizioni in pubblico tali da rendere esplicita la relazione. Il che costituiva una novità rispetto al passato e, allo stesso tempo, una fonte di disturbo per papà Milton, uomo abituato a esercitare un severo controllo sul figlio.

     Al momento della telefonata, Adriane, appena arrivata dal Brasile, si trovava a Sintra, Portogallo, nella casa di Antônio Carlos de Almeida Braga, detto «Braguinha», ricchissimo finanziere brasiliano, una delle persone più vicine a Senna. Braga, peraltro, era a Imola in quel momento.

Quella casa era stata per molti anni una base europea per Ayrton. La voce di Senna è spezzata, confusa: «È tutta una merda… Un austriaco… ha sbattuto ed è morto. Ho visto tutto. È morto davanti a me. Sai una cosa? Non voglio correre». È una telefonata che Adriane commenterà così: «Ayrton non mi aveva mai parlato in quel modo».


     Erano circa le sette di sera quando Senna, dal circuito, si trasferì all’Hotel Castello di Castel San Pietro Terme. Un albergo semplice ma tranquillo, immerso nel verde, gestito dalla famiglia Tosoni, capace di far sentire a casa quell’ospite celebre e, ormai, amatissimo.

     Ayrton occupava sempre la stessa stanza, la numero 200. Una piccola suite con camera da letto, bagno e una zona salotto nella quale erano sistemati uno scrittoio e un lettino utilizzabile ogni sera per il massaggio, praticato dal fidatissimo Josef Leberer, fisioterapista austriaco, al fianco di Senna da sei anni. Frank Williams alloggiava esattamente sotto di lui, Suite 100; Ron Dennis, capo supremo della McLaren, era stato sistemato al terzo piano, Suite 300.

     Per la prima volta, quella sera, Leberer fu dispensato dal massaggio. Era il suo compleanno ed era un momento molto negativo anche per lui, connazionale e amico di Ratzenberger. Ma la vera ragione di quel cambio di programma fu un’altra. Leonardo, fratello minore di Ayrton, aveva portato dal Brasile qualcosa che richiedeva cautela, riservatezza. Un nastro registrato. Adriane che conversava con un ex fidanzato dal telefono dell’appartamento di Senna, a San Paolo.

     Il fatto che la registrazione si trovasse in quella camera d’albergo indicava almeno due cose. La prima: i toni e le parole di Adriane contenevano ambiguità palesi, innescate forse dall’ex fidanzato che si dichiarava migliore di Ayrton tra le lenzuola. La seconda: la determinazione della famiglia Senna nel far sì che quel rapporto venisse interrotto era talmente ferma da arrivare a un gesto così sfrontato. Ed era proprio Leonardo, protagonista dell’incontro teso e penoso nella suite, a portare avanti la faccenda, incurante di ciò che era avvenuto poche ore prima in pista.

Erano circa le nove di quella stessa sera, Ayrton chiamò una seconda volta Adriane che nel frattempo aveva raggiunto la casa nell’Algarve. La conversazione è stata riportata nel libro Caminho das Borboletas, scritto dalla stessa Adriane e pubblicato nel 1995.

«Ho voglia di darti una sberla».

«Una sberla? Perché?».

     «Ho molte cose da dirti, da proporti, da offrirti. [Domenica] dovrei arrivare verso le otto e mezza di sera. Voglio passare la notte sveglio. Parleremo fino all’alba. Voglio convincerti che sono il miglior uomo della tua vita».

     «Tu non conosci gli altri…» (in tono scherzoso).

     «Voglio provarti che sono il migliore».



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FONTE PESQUISADA

TERRUZZI, Giorgio. Suite 200. L'ultima notte di Ayrton Senna. 1º Edição. Roma: 66th and 2nd, 2014.



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