“Acho que a base do sucesso em
qualquer atividade está primeiro em se ter uma oportunidade, que geralmente
aparece não porque você cria o momento, mas porque alguém chega e abre uma
porta. ” A declaração assinada por Ayrton Senna aparece ao lado de foto sua em
publicidade de duas páginas do IAS e FAS, em ícaro: Revista de Bordo Varig (n.
142). [IAS: Instituto Ayrton Senna / FAS: Fundação Ayrton Senna]
Empregando a fala de seu
integrante mais ilustre, os Senna, que não foram poupados de críticas
pelo uso de sua imagem, justificam-se através de depoimentos gravados do
próprio Senna, como o de 1993 impresso nos projetos do IAS, do desejo de seus
planos virarem “um sonho, que vejo crescer, progredir, vejo outras pessoas
felizes através deles ”. Depoimentos que reforçam seu filantropismo tomado
público somente após a sua morte
- “ele já vinha fazendo isso (ajudando pessoas necessitadas) religiosamente,
com a condição de que seus atos não fossem divulgados ” [Manchete, 18/05/96, p. 9] - e redimensionado
pelo IAS e FAS.
Filantropismo que, no entanto,
parece não atenuar completamente as oportunidades de retomo nos negócios
herdados por sua família. Os comentários à continuidade das boas ações de Senna
aparecem comumente acompanhadas de algumas observações, algumas até bem
diretas, apontando as portas abertas por Senna à sua família:
“Senna
morreu há um ano e seu nome e imagem estão sendo utilizados para gerar lucros,
por mais que os royalties sejam destinados para programa disso ou daquilo (...)
Senna morreu e no lugar dele fabricaram um outro Senna que dá lucro... ’’[MARIANTE, José Henrique. “Rei morto, rei posto ”. Folha de S. Paulo. 29/04/95, cad. 4, p. 5.],
ou ainda,
“Bons negócios e boas ações: a imagem de Ayrton Senna mantém intacto o
seu prestígio, alavanca os negócios da família e gera fundos para obras de assistência
social (...) Além da demonstração de rara generosidade, o gesto serve também
aos interesses comerciais do grupo. A marca Senna ainda estava se consolidando
no mercado e sem uma boa estratégia acabaria se diluindo rapidamente ’, explica
um especialista em comunicação e marketing. ‘O instituto serve para isso, e
quem paga a conta, afinal, são os fabricantes dos produtos.
Sob esse aspecto, talvez seja importante ressaltar
que, ao mesmo tempo que uma das principais imagens de Senna o apontem como um
tipo familiar, o modelo presente/encontrado aqui parece não ser ou concordar
com aquele que se poderia afirmar de tradicional. Afinal, Senna (filho) era ou
parece se sugerir que continue a ser o seu principal provedor, invertendo uma
ordem mais ou menos previsível de que os pais são os principais responsáveis
pela proteção e subsistência de seus filhos e estes seus herdeiros ou
continuadores dito naturais. Apesar dos Senna já serem anteriormente bem
sucedidos ou colocados profissional e economicamente, é Senna (filho) quem vai
acrescentar-lhes ou atestar-lhes o seu ingrediente ou fórmula especial de sucesso.
O complexo familiar dos
Senna da Silva envolve o pai Milton: “ele sempre foi empresário (...) tinha
fábrica de auto-peças e depois ele vendeu (...) o nosso ponto de vista, enquanto
eles (os filhos) eram menores, é que ele (Ayrton) ia continuar no lugar do pai,
na fábrica (...) No momento em que ele não quis (...) aí o meu marido resolveu
vender. Ele vendeu a fábrica (...); tinha fazendas no norte e tudo, mas aí já se envolveu com o escritório do Ayrton, porque aí precisava de escritório,
precisava de todo um trabalho. Começou novamente, através do Ayrton,, todo um
processo novamente (...) até hoje ele está à frente de tudo isso. É um
escritório que começou trabalhando com o Ayrton e continua até hoje”, depõe a
mãe Neide, que divide com a filha Viviane, os compromissos do Instituto
(lançado na Inglaterra) e da Fundação Ayrton Senna (sediada no Brasil), que tem
na Senna Licence, administrada por Celso Lemos e pela Ayrton Senna Promotions
dirigida por Fábio Machado da Silva, primo de Senna, os principais responsáveis
pela manutenção e preservação da imagem do piloto, as captadoras de recursos
para os projetos de ajuda a populações carentes, que em 1996 envolvia 13
projetos, em diferentes Estados brasileiros, segundo material fornecido na
visita à Fundação. Leonardo, o irmão mais novo, é vice-presidente da Senna
Import.
FONTE PESQUISADA
BERNARDO, A.A., 1998. Efeito Tamburello: um estudo antropológico sobre as imagens de Ayrton Senna. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. Santa Catarina. Brasil.
FONTE PESQUISADA
BERNARDO, A.A., 1998. Efeito Tamburello: um estudo antropológico sobre as imagens de Ayrton Senna. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. Santa Catarina. Brasil.
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