É SIM!
Por Bruno Astuto
Revista ELA do O GLOBO,
08 de julho de 2018
Foto: Miro
Lá se vão quase 20 anos desde que Adriane Galisteu estreou
sua primeira peça,pelas mãos de ninguém menos do que Bibi Ferreira – e eu
estava lá na plateia, como em todas as premières de suas outras 11 peças. Ao
longo dessas duas décadas, Galisteu foi conseguindo nos palcos aquilo que
parecia impossível: despir-se de sua personalidade forte e inconfundível para
abrir espaço para outras personagens e vidas, ainda que a sua própria vida já
valha uma novela inteira. Aliás, ela chegou ao conhecimento do público como
coadjuvante de um grande homem (a quem rede sempre, in memorian, todas as
homenagens, coisa rara num mundo de tanta ingratidão), mas seu talento, seu
carisma e sua eterna disponibilidade para o público a trouxeram para brilhar
aqui e agora como protagonista. Galisteu é Galisteu, não tem outra.
Ela nunca escondeu – nunca mesmo – que seu sonho era chegar à
TV Globo. Depois de uma popularíssima participação na "Dança dos
Famosos" do Faustão, eis que Galisteu chegou lá, como uma das vilãs da
próxima novela das sete. Acho bem merecido que essa grande mulher – boa mãe,
boa filha, boa esposa e profissional aplicadíssima – esteja onde sonhou.
É preciso mesmo paciência, disciplina e obstinação para vencer desafios
e preconceitos. Tão longe mas tão perto de Galisteu estão as mulheres da
Academia Militar das Agulhas Negras, como mostra a repórter Luiza Barros. Ela
subiu o Pico para acompanhar o duro treinamento dessas cadetes pioneiras, que
poderão seguir carreiras ligadas à logística do combate – até o início do ano,
é bom lembrar, mulheres estsavam restritas às áreas de Saúde e Comunicações.
Foi-se finalmente o tempo em que Maria Quitéria teve de se fantasiar de homem
para lutar pelo Brasil.
Escreve esta carta de Paris, onde acompanhei os desfiles de
alta-costura. Ao final da apresentação da Chanel, a modelo surgiu vestida de
noiva – o look mais aguardado da temporada – foi a sul-sudanesa Adut Akech
Bior, que nasceu num campo de refugiados. Exemplos como esses nos fazem
acreditar que, se vida diz "não", cabe a nós pôr as mãos à obra em
busca do nosso "sim". E ele vem, pode acreditar.
Print da carta na revista Ela
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