terça-feira, 10 de julho de 2018

A Carta de Bruno Astuto Que Emocionou Adriane Galisteu

É SIM!

Por Bruno Astuto
Revista ELA do O GLOBO, 08 de julho de 2018

Foto: Miro

Lá se vão quase 20 anos desde que Adriane Galisteu estreou sua primeira peça,pelas mãos de ninguém menos do que Bibi Ferreira – e eu estava lá na plateia, como em todas as premières de suas outras 11 peças. Ao longo dessas duas décadas, Galisteu foi conseguindo nos palcos aquilo que parecia impossível: despir-se de sua personalidade forte e inconfundível para abrir espaço para outras personagens e vidas, ainda que a sua própria vida já valha uma novela inteira. Aliás, ela chegou ao conhecimento do público como coadjuvante de um grande homem (a quem rede sempre, in memorian, todas as homenagens, coisa rara num mundo de tanta ingratidão), mas seu talento, seu carisma e sua eterna disponibilidade para o público a trouxeram para brilhar aqui e agora como protagonista. Galisteu é Galisteu, não tem outra.

Ela nunca escondeu – nunca mesmo – que seu sonho era chegar à TV Globo. Depois de uma popularíssima participação na "Dança dos Famosos" do Faustão, eis que Galisteu chegou lá, como uma das vilãs da próxima novela das sete. Acho bem merecido que essa grande mulher – boa mãe, boa filha, boa esposa e profissional aplicadíssima – esteja onde sonhou.


É preciso mesmo paciência, disciplina e obstinação para vencer desafios e preconceitos. Tão longe mas tão perto de Galisteu estão as mulheres da Academia Militar das Agulhas Negras, como mostra a repórter Luiza Barros. Ela subiu o Pico para acompanhar o duro treinamento dessas cadetes pioneiras, que poderão seguir carreiras ligadas à logística do combate – até o início do ano, é bom lembrar, mulheres estsavam restritas às áreas de Saúde e Comunicações. Foi-se finalmente o tempo em que Maria Quitéria teve de se fantasiar de homem para lutar pelo Brasil.

Escreve esta carta de Paris, onde acompanhei os desfiles de alta-costura. Ao final da apresentação da Chanel, a modelo surgiu vestida de noiva – o look mais aguardado da temporada – foi a sul-sudanesa Adut Akech Bior, que nasceu num campo de refugiados. Exemplos como esses nos fazem acreditar que, se vida diz "não", cabe a nós pôr as mãos à obra em busca do nosso "sim". E ele vem, pode acreditar. 



Print da carta na revista Ela



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