Separei para
vocês os relatos da própria Adriane Galisteu e de biógrafos do Ayrton Senna
acerca dos dois últimos encontros da mãe do Ayrton, dona Neyde, com a modelo.
Entretanto, no relato de Adriane sobre o tenso primeiro encontro delas na
fazenda do Braguinha – local onde a modelo se hospedou após a morte do Ayrton, ao ser
totalmente ignorada pela família do amado – ela não fala absolutamente nada,
apenas que no OUTRO DIA ao enterro dona Neyde bateu na porta dela (lá na
fazenda do Braguinha). O encontro foi para marcar para ela retirar suas coisas do apartamento. Nirlando Beirão, que entrevistou Adriane para o livro "Caminho das Borboletas", conta que a mãe de Ayrton tentou "comprar" a modelo. Desde que comecei a pesquisar essa história do Ayrton e Adriane venho notando coisas estranhas nas atitudes da dona Neyde naquela época. Mas não posso também tirar conclusões precipitadas e julgá-la injustamente. Vou ir postando aqui as histórias e os trechos que mais me chamaram atenção. Por hora deixo os relatos dos últimos encontros de Adriane com sua então sogra. Tirem suas próprias conclusões!
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ERNESTO RODRIGUES, BIÓGRAFO DE AYRTON SENNA, AUTOR DO LIVRO "AYRTON, O HERÓI REVELADO":
[O autor inverteu a ordem cronológica dos fatos, na verdade o primeiro encontro foi na fazenda do Braguinha e o segundo no apartamento de Ayrton, onde Adriane e o piloto viveram juntos, para a modelo retirar suas coisas]
O mal-estar entre Adriane e a
família, percebido nos funerais de Senna, foi a origem do livro, de acordo com
Nirlando Beirão, o co-autor. O assunto tornara-se pauta obrigatória de Caras.
Nirlando, o diretor da revista, entendeu que era "responsabilidade
profissional" da sua equipe descobrir e explicar o real significado de
Adriane na vida de Ayrton:
"Ela tinha ficado em
segundo plano, ofuscada pela postura de viúva adotada por Xuxa.”
Difíceis quando Ayrton estava
vivo, as relações de Adriane com a família Senna haviam acabado de vez em dois
encontros que ela tivera com dona Neyde, dias depois do enterro. Num deles,
Adriane esteve com a mãe de Ayrton no apartamento da rua Paraguai para pegar
suas roupas e pertences. Deixou o prédio com quatro malas e a escova de dentes
dele.
No outro encontro, também nos
dias que se seguiram ao enterro, dona Neyde fora à fazenda de Braguinha no
interior de São Paulo, onde Adriane estava hospedada, para pegar o cartão de crédito
do filho e dar a ela dois mil dólares, "a título de ajuda", na
definição de Braguinha. Adriane não aceitou.
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TOM RUBYTHON, BIÓGRAFO DE AYRTON SENNA, AUTOR DOS LIVROS "THE LIFE OF SENNA" E "FATAL WEEKEND":
Depois do funeral, a família Da Silva voltou para sua fazenda em Tatuí para começar a reconstruir suas vidas destroçadas. Os Braga e Adriane foram para a fazenda dos Braga em Campinas. Nada seria remotamente o mesmo novamente para qualquer um deles. Por esse pequeno grupo de talvez, 30 pessoas, entre família e amigos próximos no Brasil, as suas vidas nos últimos 10 anos tinham sido unicamente sobre Ayrton Senna - eles não conheciam nada além disso.
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NIRLANDO BEIRÃO, BIÓGRAFO DE AYRTON SENNA E ADRIANE GALISTEU, CO-AUTOR DO LIVRO "CAMINHO DAS BORBOLETAS":
Da herança, ela não ficou nem com o troco, embora se saiba que a mãe do ídolo, dona Neyde – até aquele dia, para Adriane, ela era a "Záza" –, tocou no assunto dinheiro na conversa de 45 minutos que ela diligentemente quis ter com a ex-futura nora, no dia seguinte do enterro. Abalou-se em viajar uma hora de carro até a fazenda de Almeida Braga, em Campinas, onde Adriane Galisteu buscara o colo de seus protetores, para tentar comprar dela, por um humilhante pacotinho de dólares que não pagam uma passagem aérea, todas as suas lembranças do passado. Que ela esquecesse tudo, inclusive que ele a tinha amado. Em outras palavras: se quisesse, Adriane Galisteu poderia ter escrito um livro de escândalos. Acabou escrevendo uma love story.
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ADRIANE GALISTEU EM SEU LIVRO "CAMINHO DAS BORBOLETAS":
Zaza [mãe do Ayrton] me disse que, naquele último instante do filho no
boxe, aquela longa preparação antes da tragédia, foi uma forma de oração. Ela
me disse isso e outras coisas no dia seguinte ao enterro, quando foi à fazenda
do Braga para conversar. Na véspera, depois do último adeus, eu também entrei
na fila dos cumprimentos. A família enfileirada. Abracei a Viviane, que
guardava o capacete do Béco debaixo do braço. Muitas vezes ela tinha repetido,
em voz alta, abraçada àquele objeto que tanto lembrava o irmão chorado:
"Valeu, Becão! Valeu!" Com o Leonardo, foi um abraço forte, muito
forte, e um beijo. "Nada do que a gente fez foi por acaso" -
lembro de ele me dizer. O pai se retirou, mas Zaza [mãe do Ayrton] estava firme, beijei-a
e ouvi dela: "Quero muito falar com você". Respondi: "Eu
também". Mas não imaginei que no dia seguinte ela já batesse à minha
porta. Depois, achei que nunca mais nos veríamos [Adriane pensou que a mãe do Ayrton não estaria no dia que ela fosse retirar suas coisas do apartamento que vivia com o piloto em São Paulo]. Estava enganada.
Quando olhei pela última vez para a cova do Béco, eu lhe
disse em silêncio:
- Eu o amo, mas você me deixou, você me faz falta.
Daqui para a frente, minha vida será um tormento.
No dia em que tomei coragem, enfim, de ir a nossa
casa, na Rua Paraguai, para retirar as minhas coisas de lá, reencontrei a
Zaza. Na fazenda do Braga, em Campinas, recebi o apoio de muitos amigos, uma
longa e afetuosa visita da Betise, a Birgit, muitas amigas inesperadas e minha
mãe, mas eu estava tão sem eixo, sem rumo, havia perdido tão completamente o
fio da meada que me abaixei no carro quando fui a São Paulo pela primeira vez,
com o motorista do Braga, depois do enterro. Só ver a cidade já me apavorava.
Fui direto ao apartamento, sem buscar minha mãe, como
eu tinha prometido. Dona Neide me esperava. Dez dias depois de toda aquela
tragédia. Respirei fundo para enfrentar os fantasmas da memória. Subi de
elevador. A porta, entreaberta. Tudo igual - e ao mesmo tempo tudo tão
diferente! Não havia nem sinal daquela baguncinha que nós dois produzíamos ali.
Tudo no lugar. Não havia mais vida ali. Sentamos, a mãe do Béco e eu, no sofá e
conversamos uns quarenta minutos. Ela me falou da Bíblia e, por coincidência,
do salmo 81 - aquele que o Béco lia e relia. Ela não se conformava. Senti que
ia desabar. Tratei de entrar no quarto. Atirava minhas coisas na mala de
qualquer maneira, para poupar sofrimento. Quatro malas cheias, no final. Entrei
no banheiro, estava do mesmo jeitinho: a escova de dentes dele no mesmo lugar.
Não resisti: pedi a Zaza para guardá-la. Beijei-a e
guardei.
O armário dele, presentes que eu tinha dado, a gaveta
com seu pijama predileto, o mais velhinho, tipo bermuda e camiseta de meia
manga, azul-claro. Tinha tudo a ver com a nossa vida. Fiquei com ele
também. Mas o cartão que eu lhe tinha dado de aniversário e que ele pregou na
porta, eu fiz questão de dar a dona Neide:
- É seu, fica com você - insistiu ela.
- Não, é dele, portanto fica com a senhora.
Dei as costas a um pedaço grande do meu mundo - e
sabia que essa despedida seria também para sempre. Dona Neide me levou até a
saída do prédio, nós nos abraçamos, eu chorei tanto, ela chorou tanto, uma no ombro
da outra, que os dois porteiros que assistiam à cena também se emocionaram.
Quis desanuviar:
- Se me pegarem na estrada, vão achar que sou uma
sacoleira - disse eu.
Ela ainda falou sério:
- Adriane, obrigada por ter sido mulher dele e tê-lo
deixado feliz. Ele foi muito feliz com você.
- Eu também fui muito feliz com ele.
- Vou rezar por você, vou torcer por você, gosto muito
de você.
Peguei-lhe pela mão e disse:
- A senhora ainda vai me ver bem, pode ter certeza
disso. De uma forma muito real, sincera, coerente, vou dar um jeito na minha
vida.
Chovia muito, me recordo. Cada uma de nós entrou no
seu carro. Até nunca mais. Uma página estava virada em minha vida.
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RODRIGUES, Ernesto. Ayrton, o herói revelado. Edição 1. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2004.
RUBYTHON, Tom. Fatal Weekend. 1º Edição. Great Britain: The Myrtle Press, 12 de novembro de 2015.
BEIRÃO, Nirlando. – Eu Adriane Galisteu, 21 anos, solteira... Playboy, São Paulo, p. 82 – 86, dezembro 1994.
GALISTEU, Adriane. Caminho das Borboletas. Edição 1. São Paulo: Editora Caras S.A.,
novembro de 1994.
Na minha humilde opinião, acredito que foi um mal entendido. Dona Neyde foi levar esse dinheiro para ajudá-la, se ela quisesse comprá-la teria oferecido muito mais. E também tentou confortá-la dizendo que ela ia esquecer ele e tudo mais, mas não estava bem com toda pressão que sofria dos outros membros da família (como ser submissa ao autoritário marido obcecado em se livrar da nora).É o que penso.
ResponderExcluirAcredito nisso tbm. Mas como uma ariana arretada, Adriane cumpriu a promessa e vive muito bem.
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