sábado, 8 de junho de 2013

CAMINHO DAS BORBOLETAS - Adriane Galisteu conversa com mãe de Ayrton Senna sobre a revista caras



Procurei, naquela semana, a mãe do Béco. Queria uma conversa a sós - sabia que o senhor Milton estava na fazenda. O assunto com dona Neide ainda era a revista Caras. Acabei dormindo lá, no quarto dele - que, às vezes, sem esconder de ninguém, era também quarto nosso. Tinha, com a Zaza, intimidade até para fazer aquilo que eu fui fazer:
- Posso pedir desculpas?
Sabia que a família, muito religiosa, poderia ter se chocado. Ela meio que desviou:
- Você não tem de pedir desculpas a mim. Só acho que você não foi nada elegante.
- Me fala sinceramente o que a senhora achou.
- Não sei, acho que você caiu em contradições no texto. Disse, por exemplo, que não admitia que a chamassem de lôraburra e, logo depois, admite que não fala inglês.
Não podia ser por um curso de inglês que eu perderia uma afeição quase maternal. Ela, na realidade, não estava disposta a aceitar a minha verdade.
- E, depois, se há alguém a quem você tem de pedir desculpas é ao Béco.
O que ela não sabia é que, assim como o inglês, assim como entre o Ayrton e eu, tudo estava acertado - zerinho em folha.


Nenhum comentário:

Postar um comentário