Procurei, naquela semana, a mãe do Béco. Queria uma conversa
a sós - sabia que o senhor Milton estava na fazenda. O assunto com dona Neide
ainda era a revista Caras. Acabei dormindo lá, no quarto dele - que, às vezes,
sem esconder de ninguém, era também quarto nosso. Tinha, com a Zaza, intimidade
até para fazer aquilo que eu fui fazer:
- Posso pedir desculpas?
Sabia que a família, muito religiosa, poderia ter se
chocado. Ela meio que desviou:
- Você não tem de pedir desculpas a mim. Só acho que você
não foi nada elegante.
- Me fala sinceramente o que a senhora achou.
- Não sei, acho que você caiu em contradições no texto.
Disse, por exemplo, que não admitia que a chamassem de lôraburra e, logo
depois, admite que não fala inglês.
Não podia ser por um curso de inglês que eu perderia uma
afeição quase maternal. Ela, na realidade, não estava disposta a aceitar a
minha verdade.
- E, depois, se há alguém a quem você tem de pedir desculpas
é ao Béco.
O que ela não sabia é que, assim como o inglês, assim como
entre o Ayrton e eu, tudo estava acertado - zerinho em folha.
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