sábado, 8 de junho de 2013

CAMINHO DAS BORBOLETAS - Ayrton Senna coloca uma pedra sobre a briga por causa da revista caras


Naquela noite do lançamento do Audi, depois de nos trocarmos, depois daquela formalidade toda do "que tal a festa?", essas coisas, achei que era hora de falar sério. Ele apagou a luz, eu lhe pedi para acender.
- Tive pensando em tudo e preciso falar com você, de novo - iniciei, ponderada. - Vi onde errei e reconheci  meu erro. Mas e você? Você perdeu a razão. Por que você fez aquilo?
- Desculpa - ele, pela primeira vez, usou a palavra-chave. - Eu não precisava falar daquele jeito. Estava chateado, nervoso.
- Fui muito correta até agora - continuei. - Nosso  relacionamento ainda pode ser normal, daqui para a frente? Você coloca uma pedra em cima disso aí?
- Uma pedra, não. Coloco uma montanha. Esquece...  Adoro você.
E me sapecou um daqueles beijos que me levavam à Lua. Senti-me em família, como sempre, no fim de semana que passamos na fazenda de Tatuí - aquela que seria sua última visita à Dois Lagos. Dia 3 de abril, a roda-viva do circo entraria de novo em movimento: ele ia para o Japão, levando suas preocupações técnicas com o Williams e a  incerteza sobre um circuito que jamais entrara na temporada de Fórmula 1, Aida. Combinamos ali nossos próximos passos: eu ficaria, evitando uma viagem desgastante e um lugar incerto, e, aí sim, a partir de Ímola, 1° de maio, e para  toda a temporada européia, até o Estoril, em setembro, ele queria ter-me por perto.


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