Naquela noite do lançamento do Audi, depois de nos
trocarmos, depois daquela formalidade toda do "que tal a festa?",
essas coisas, achei que era hora de falar sério. Ele apagou a luz, eu lhe pedi
para acender.
- Tive pensando em tudo e preciso falar com você, de novo -
iniciei, ponderada. - Vi onde errei e reconheci meu erro. Mas e você?
Você perdeu a razão. Por que você fez aquilo?
- Desculpa - ele, pela primeira vez, usou a palavra-chave. -
Eu não precisava falar daquele jeito. Estava chateado, nervoso.
- Fui muito correta até agora - continuei. - Nosso relacionamento
ainda pode ser normal, daqui para a frente? Você coloca uma pedra em cima disso
aí?
- Uma pedra, não. Coloco uma montanha. Esquece... Adoro
você.
E me sapecou um daqueles beijos que me levavam à Lua. Senti-me
em família, como sempre, no fim de semana que passamos na fazenda de Tatuí -
aquela que seria sua última visita à Dois Lagos. Dia 3 de abril, a roda-viva do
circo entraria de novo em movimento: ele ia para o Japão, levando suas
preocupações técnicas com o Williams e a incerteza sobre um circuito que
jamais entrara na temporada de Fórmula 1, Aida. Combinamos ali nossos próximos
passos: eu ficaria, evitando uma viagem desgastante e um lugar incerto, e, aí
sim, a partir de Ímola, 1° de maio, e para toda a temporada européia, até
o Estoril, em setembro, ele queria ter-me por perto.
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