San Marino, Canadá, Magny-Cours, Hockenheim, Hungaroring,
Spa-Francorchamps, Monza, Estoril... A temporada 1993 foi uma frustração para
mim e para meu namorado, já que ele se acostumara a andar sempre na
frente. Ayrton, que saboreava no início a ilusão de que estaria no páreo, foi
vendo o campeonato escapar-lhe das mãos. Aí era a tal história. Percorria
vários verbetes daquele que poderia ser um dicionário do mau humor: ranzinza,
rabugento, cara amarrada, ele chegava a ficar horas sem dizer a alguém que
estivesse por perto nada que não fosse um implicante sim ou não. Nuno Cobra,
que conviveu com ele dez anos e apareceu no Algarve em setembro de 1993, com
aquele sexto sentido de quem sentiu a tempestade e queria ajudar, foi quem me
consolou, didático:
- Já foi muito pior. Acho que você está fazendo bem a ele.
Se era assim, que fosse. E era vê-lo voltar de sua corrida
diária de uma hora e meia, às vezes mais - uma rotina religiosa que ele,
naquele momento, parecia praticar por dever e não por prazer -, que eu brincava
com o Nuno:
- Ataca de lá que eu ataco de cá.
Batata: o rosto dele desanuviava e não era raro a gente
encerrar a brincadeira rolando pelo gramado ou jogando-se na piscina (até a
Zaza, a mãe dele, o Ayrton teve coragem de empurrar para dentro d'água, num dia
glorioso de verão).
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