sábado, 8 de junho de 2013

CAMINHO DAS BORBOLETAS - Os preparativos de Adriane Galisteu para ir embora do Brasil para o Algarve em Portugal


Na próxima, na Europa, eu estaria com ele. Béco haveria de encontrar na Europa uma nova Adriane Galisteu. Seguindo as orientações do Nuno Cobra, seu preparador, aproveitei aquelas semanas de ausência dele para correr no Ibirapuera. Aos pouquinhos, gradativamente - até o pulsímetro, o sempre gentil Nuno me emprestava.
Seria uma surpresa para ele: acompanhá-lo, já não mais numa envergonhada bicicleta, mas no pique dele, uma hora e dez, uma hora e meia de corrida, o giro que ele dava em volta do condomínio do Algarve. Dali do Ibirapuera, um banho rapidinho e imersão total no inglês. Berlitz - sala de aula, almoço, caminhada, você só podia falar inglês. Eu era minoria na hora de votar no almoço no McDonald's. Mas tinha o Tatou ali perto e passei literalmente dias e dias comendo um delicioso sanduíche  de camarão.
Ansiosa, já que a viagem se aproximava, ainda pedi à Gabi, uma das professoras, aula extra em casa, à noite e até aos sábados. No dia 21 de abril, ele já em Portugal, feriado no Brasil, testei com ele meu progresso no inglês. Passei um fax pra lá de íntimo, com declaração explícita, eu diria mesmo apimentada, de amor. Confesso que a Gabi deu uma olhada, para corrigir - e ficou corada. Ele também, a julgar pelo que me disse ao telefone no dia seguinte. Estava tão empenhada que tive aula de inglês até a tarde de sexta, 29. O vôo Varig com destino a Lisboa partia às 22h10 daquela sexta-feira.
Olhando hoje para trás, sinto que havia uma sintonia inconsciente, ele e eu, eu e ele.
- Não vejo a hora de você chegar aqui - me dizia, ao telefone.
Na verdade, muitas outras coisas estavam sendo ditas e estavam para ser ditas, percebo agora. A distância tinha reforçado uma relação que chegava a seu turning point. Dali, seria impossível recuar. Perguntava eu para mim mesma, perguntava ele para si mesmo - com certeza -, nós nos queríamos perguntar a nós mesmos: por que essa atração? O que significavam, de fato, aqueles catorze, quinze meses de namoro? O que esperar do futuro? Podíamos nos considerar pessoas felizes? Já tínhamos vivido o idílio e o conflito. Nossa consciência apontava para a frente. Com os braços estendidos e o peito aberto, corri para a felicidade:
- Estou feliz, feliz - repetia para ele, ao telefone. Tinha perdido meu último medo. O de namorar um mito, uma instituição - e de ter de reparti-lo com o mundo. Na verdade, meu namorado era um homem; e esse eu o tinha só para mim.


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