O circo não pode parar. As provas prosseguem, outros
campeões virão, as gerações de homens de aço se sucederão. Certo dia, aqui em
Portugal, enquanto botava em ordem minhas idéias, uma amiga ligou do Brasil
contando o encontro dela com uma cigana. Sem mais nem menos, sem saber de
qualquer ligação dela comigo, a cigana desvendou na sua mão uma curiosa
mensagem. Dizia assim:
- Estranho, estou vendo aqui alguém muito parecido com
aquela namorada do Ayrton Senna, aquela loirinha.
- Adriane, aquela? - ela se fez de desentendida.
- É. Estou vendo ela se casando. Com um outro piloto. Um
grandalhão.
Com todo o respeito à secular sabedoria das quiromantes, mas
é de gargalhar.
Estou fora. Depois de depositar flores naquela maldita curva
Tamburello, que ele não concluiu, faço minha despedida. Não pertenço mais a
esse mundo da velocidade e do big business. A vertigem dos bilhões de dólares
pode cegar as pessoas. Aprendi essa lição cedo, ao ver meu pai morto, aos 54
anos. Sejam dois mil dólares, sejam dois milhões, ou sejam trinta
dinheiros, nada disso terá o valor de uma vida vivida com dignidade e coerência
com você mesma.
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