Monza 1985
Logo em seguida, na véspera
do GP da Itália, em Monza, a décima-segunda prova da temporada de 1985, veio o
dia em que Gerard Ducarouge ficou mais impressionado com a capacidade de Senna
ser, ao mesmo tempo, calculista e incrivelmente veloz. Piquet, com a
Brabham-BMW, liderava o treino com um tempo que era 1s06 mais veloz que ele.
Ayrton chamou Ducarouge a uma sala, debruçou-se sobre um mapa do circuito de
Monza e começou a descrever, de forma incrivelmente precisa, o que acontecia
com o carro, o que precisava ser feito em termos de aerodinâmica e geometria de
suspensão e qual seria o ganho de tempo em cada trecho do circuito.
Junto com a receita de acerto,
Ayrton fazia também uma análise crítica de sua performance em cada ponto,
dizendo onde freara errado, onde precisava corrigir a trajetória e onde teria
de acelerar mais. Ducarouge fez tudo o que Ayrton pediu e, no final do treino
oficial, a diferença de 1s06 em relação à Brabham de Piquet simplesmente tinha
desaparecido. Momentos como esse levaram Ducarouge a uma inspirada comparação:
"A diferença de Senna para os outros pilotos é a de um filme colorido para
um filme preto-e-branco.”
Para Piquet, o filme era
outro. Naquele mesmo GP da Itália, depois de se recuperar de forma brilhante de
uma péssima largada, Nelson acabou sendo empurrado para a grama por Ayrton. Deu
o troco em plena reta dos boxes, jogando a Brabham para cima da Lotus a quase
300 por hora. Não houve vítimas. Apenas um pouco mais de cimento na construção
de uma sólida inimizade.
FONTE
Livro Ayrton, o herói revelado
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