O Grande Prêmio da Bélgica,
em Spa-Francorchamps (1985), uma semana depois, foi, para Peter Warr, a maior
demonstração do talento e do perfeccionismo de Ayrton. No primeiro treino,
sexta-feira, Senna conseguiu um tempo um segundo e meio mais rápido do que o
resto. No sábado, os outros pilotos se aproximaram do tempo dele, mas estavam
longe de igualá-lo, quanto mais de ultrapassá-lo. Como sempre, Ayrton fez a
primeira tentativa - um bom tempo - e voltou aos boxes. Hora de trocar o turbo,
operação que levava quase 40 minutos. Peter Warr percebeu que ele continuou no
cockpit e se aproximou. A explicação:
- Não estou feliz com o meu
tempo.
- Tudo bem, relaxa um pouco
fora do carro. Vão levar 40 minutos para trocar o turbo.
- Vou ficar aqui. Quero fazer
a volta em 1m16s09.
E lá ficou Senna, amarrado
pelo cinto de segurança, olhos fechados dentro do capacete, concentrado,
pensando na volta em 1m16s09 e acompanhando pelo monitor as tentativas,
inúteis, dos outros pilotos de melhorar o tempo dele. Faltando 15 minutos para
o fim do treino, ninguém chegara nem perto de seu tempo. Mas ele fez um sinal
para Peter Warr, dando a entender que queria ir para a pista:
- Estou pronto.
- Não é necessário!
- Quero ir...
-Você está louco?
Ayrton não ligou, saiu para
mais uma volta voadora e cravou exatamente o tempo que achou que poderia
conseguir: 1m16s09. No retorno ao boxe, emoldurou a façanha com um sorriso
maroto, de dentro do capacete, para o perplexo Warr.
FONTE
Livro Ayrton, o herói revelado
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