Era uma vez uma menina de cabelos loiros que era
pobre mas muito bonita. Um dia, trabalhando em meio a um bosque de carros, ela
encontrou um príncipe encantado que logo se admirou de sua beleza e quis
levá-la para seu castelo. O príncipe era forte, bonito e não temia nenhum
perigo. A menina não sabia o que fazer e perguntava-se, a toda hora: por que eu,
por que eu? O príncipe, por sua vez, abria-se num sorriso de felicidade e pedia
para esquecer aquela dúvida: seja assim como você é, porque é assim que eu a
quero. O príncipe levou a menina para uma viagem a um principado estrangeiro
onde todos sabiam que, na verdade, o príncipe era ele. Depois, convidou-a para
muitas outras viagens em volta do mundo, onde a menina se assustou com os
dentes dos tubarões, os dragões de fumaça e os cavaleiros encouraçados que
desafiavam o príncipe. A menina foi alvo de variadas bruxarias, por parte de
pessoas invejosas que temiam que o príncipe fizesse dela sua princesa. Até que
um dia ele saiu e nunca mais voltou. O sonho da menina estilhaçou à sua frente,
numa telinha de TV. A cinderela eletrônica, estilhaçada ela também, em seu
coração, quis morrer e voltou a ser o que era antes, sem o seu príncipe.
Resolveu contar sua triste história. Mas a história da princesa continua mesmo depois
da morte do príncipe e mesmo depois de ela ter saído a contar a triste história
da morte de seu amor. Assim, a história que você vai ouvir, daqui para frente,
é outra história. A menina sozinha, à espera de um novo e por ora improvável
príncipe, já que ela não consegue esquecer aquele outro, forte, belo e sem medo
do perigo.
Por NIRLANDO BEIRÃO
FONTE PESQUISADA
BEIRÃO, Nirlando. – Eu Adriane Galisteu, 21
anos, solteira... Playboy, São Paulo, dezembro 1994.
Nenhum comentário:
Postar um comentário