sexta-feira, 15 de junho de 2018

Eu, Adriane Galisteu



Era uma vez uma menina de cabelos loiros que era pobre mas muito bonita. Um dia, trabalhando em meio a um bosque de carros, ela encontrou um príncipe encantado que logo se admirou de sua beleza e quis levá-la para seu castelo. O príncipe era forte, bonito e não temia nenhum perigo. A menina não sabia o que fazer e perguntava-se, a toda hora: por que eu, por que eu? O príncipe, por sua vez, abria-se num sorriso de felicidade e pedia para esquecer aquela dúvida: seja assim como você é, porque é assim que eu a quero. O príncipe levou a menina para uma viagem a um principado estrangeiro onde todos sabiam que, na verdade, o príncipe era ele. Depois, convidou-a para muitas outras viagens em volta do mundo, onde a menina se assustou com os dentes dos tubarões, os dragões de fumaça e os cavaleiros encouraçados que desafiavam o príncipe. A menina foi alvo de variadas bruxarias, por parte de pessoas invejosas que temiam que o príncipe fizesse dela sua princesa. Até que um dia ele saiu e nunca mais voltou. O sonho da menina estilhaçou à sua frente, numa telinha de TV. A cinderela eletrônica, estilhaçada ela também, em seu coração, quis morrer e voltou a ser o que era antes, sem o seu príncipe. Resolveu contar sua triste história. Mas a história da princesa continua mesmo depois da morte do príncipe e mesmo depois de ela ter saído a contar a triste história da morte de seu amor. Assim, a história que você vai ouvir, daqui para frente, é outra história. A menina sozinha, à espera de um novo e por ora improvável príncipe, já que ela não consegue esquecer aquele outro, forte, belo e sem medo do perigo.


Por NIRLANDO BEIRÃO









FONTE PESQUISADA


BEIRÃO, Nirlando. – Eu Adriane Galisteu, 21 anos, solteira... Playboy, São Paulo, dezembro 1994.



Nenhum comentário:

Postar um comentário