Nos primeiros anos de vida, Ayrton não deu o menor sinal de
que poderia se tornar o prodígio de precisão e concentração que assombraria o
mundo do automobilismo.
Dona Neyde e a irmã mais velha, Viviane, eram testemunhas
diárias de seu jeito desastrado e de sua média preocupante de tombos, tropeções
e batidas de cabeça, algumas delas fortes o suficiente para deixar grandes
marcas pelo corpo e galos na cabeça.
Ser canhoto, naquela época, no Brasil, era motivo de
preocupação até para educadores. Dona Neyde chegou a agradecer a oferta curiosa
de uma professora de Ayrton: ela se ofereceu para forçar Senna a trocar a mão
esquerda pela direita, na hora de escrever. A preocupação de dona Neyde com o
que no futuro se chamaria de hiperatividade do filho a levou a procurar até um
neurologista.
O resultado do exame foi tranqüilizador. Ayrton não tinha
nada de errado. Na verdade, era desajeitado, soube a mãe, por ser rápido demais
em tudo o que fazia. Era voraz na hora de experimentar, veloz na hora de
aprender. Faltava apenas descobrir um pouco mais de precisão na ocupação dos
espaços físicos. E era apenas uma questão de tempo para o problema desaparecer,
levando com ele o estilo e a fama de desastrado.
O neurologista não fez apenas um diagnóstico. Tateou um
fenômeno.
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