“Existem muitas críticas em tudo. Se
você for olhar, até o Ayrton Senna sofreu. A nossa mentalidade não é a correta.
O Brasil é um país onde é muito fácil criticar”
EVELYN GUIMARÃES, de Hungaroring
31 de julho de 2014
Felipe Massa
Foto: Williams F1
Seja como for, as críticas surgem impulsionadas
pelo sobe e desce dos resultados e performances. Questionado sobre como lida
com as reações negativas do próprio público brasileiro ou se sente-se
injustiçado de alguma forma, Felipe rechaça. “Nosso país é assim”, diz.
“Existem muitas críticas em tudo. Se você for olhar,
até o Ayrton Senna sofreu muitas críticas. Por exemplo, no ano em que ele
morreu, ele estava sendo massacrado. Só que agora ninguém lembra. Eu era criança
e me lembro. Isso faz parte da nossa mentalidade. Infelizmente, de muitos
lados, a nossa mentalidade não é a correta.
A crítica faz parte, e a gente talvez acabe até se acostumando com elas logo
cedo. Eu não tenho problemas com isso. Sem dúvida, seria mais interessante ter
menos do que a gente tem, mas faz parte. E isso não acontece só comigo,
acontece no futebol, em geral. É um país onde é muito fácil criticar.”
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Senna poucos minutos antes de morrer
Ayrton Senna estava sendo
muito pressionado de todos os lados no ano de sua morte, tanto pela imprensa,
principalmente brasileira e também pelos torcedores brasileiros. E esse foi um dos
motivos apontados para a causa do acidente fatal, além da falha mecânica. Essa
pressão provocou um estresse muito grande em Senna.
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REFERÊNCIA
GUIMARÃES, Evelyn. Grandes Entrevistas: Felipe
Massa. Disponível em: <http://revista.warmup.com.br/edicoes/52/grandes-entrevistas-felipe-massa.shtml>.
Acesso em: 31 de julho 2014.
GP de número 89 – GP da Alemanha:
Hockenheim, 30 de Julho de 1989
Condição Climática
Prost (2º) e Senna (1º) no pódio
Por Lemyr Martins
Ayrton Senna chegou a
Hockenheim muito alegre. Até soava estranho aquele bom humor para o piloto que
não havia terminado as últimas quatro corridas, permitindo a Alain Prost uma recuperação
excepcional na briga pelo título. Foi um dos fins de semana mais dramáticos da
vida do piloto.
Sabia que aquele nono grande
prêmio da temporada seria decisivo na luta pelo título mundial. E não foi
preciso muito tempo para o apreensivo campeão perceber que iria encontrar, mais
uma vez, várias pedras pelo caminho. Uma literal, pois logo depois de conseguir
a 36ª pole position da carreira seu McLaren número 1 foi atingido em cheio no
radiador por uma pedra que espirrou no meio da pista. O estrago obrigou a
equipe a trabalhar a noite inteira preparando o carro reserva. No domingo, ao
lado de Ayrton, estava o líder do campeonato, Alain Prost. Iria começar mais
uma guerra.
Na largada, Gerhard Berger
(Ferrari) pulou na frente, surpreendendo a dupla da McLaren. A surpresa durou
pouco. Ainda na primeira volta, Senna recuperou a liderança e seguiu livrando
cada vez mais tempo sobre Prost. A corrida parecia tranqüila, ainda mais que o
francês demorou quase 15 segundos para trocar pneus na 18ª das 45 voltas.
O pit stop do brasileiro foi angustiante. Uma catástrofe: perdeu
intermináveis 23 segundos no boxe, porque um dos mecânicos simplesmente não
tinha certeza de ter apertado corretamente a roda traseira esquerda do carro e
teve de refazer a operação. “Tentei
manter a frieza naquela hora”, recordou o campeão, “mas achei que a corrida tinha acabado para mim.”
Perdido por perdido, Senna
arriscou tudo. Mantinha-se atrás de Prost e tentava a aproximação. Na 29ª
volta, a diferença entre eles era de quase cinco segundos. “Além de tudo, o Alain estava com a sorte de pegar os retardatários
nas retas, enquanto eu pegava a maioria em pontos de difícil ultrapassagem”,
diria o vencedor depois da prova. Mesmo com trafego, Ayrton ia cravando e
repicando o recorde de melhor volta atrás de melhor volta. Pouco a pouco, a
diferença ia caindo. Senna estava barbarizando em Hocknheim.
“Esta pista tem
uma característica que me fascina, por ser a única com dois momentos
diferentes. O primeiro está nas longas retas que rasgam a floresta escura,
solitária. Um matagal denso de onde se vê o final da pista como um pontinho no
infinito. Quando se vence esse funil, a gente entra na parte do estádio. Um
trecho cercado pelo colorido das arquibancadas e percebe-se o calor do público.”
O objetivo era acelerar ou
acelerar. Alcançar Prost e tentar desestabilizar a concentração do francês.
Estavam a dez voltas, a diferença era só de um segundo. Prost também não estava brincando. Faltando três voltas, os pilotos
estavam tão iguais, que ambos fizeram a volta mais rápida da corrida, iguais
até nos milésimos, cravando 1min45s923. De repente, na penúltima volta, Senna
passou Prost como quem vai às pitangas.
“Fiquei sem a sexta marcha”, argumentou Prost na conferência de
imprensa depois da prova. Mas Ayrton tinha outra versão: “Acho que ele errou a troca de marcha”, me confidenciou baixinho.
“A vitória não muda muito o rumo das
coisas”, avisou Senna, “Tenho muita luta pela frente, o Prost ainda
tem a vantagem de 17 pontos.”
No pódio, Senna
nem olhou para Prost. Deu a mão para Nigel Mansell, terceiro, recusou-se a
abrir o champanhe e saiu discretamente da festa. O banho, ele tinha dado na
pista.
Mas concluiu num
desabafo: “Acho que tudo de ruim que
tinha de acontecer já aconteceu. Graças a Deus, acabou a fase de azar”.
ASSISTA:
Fantástico 1989 Vitória de Ayrton Senna no GP da
Alemanha de F1
Trecho do Livro Ayrton Senna Estrela de Lemyr Martins
Oi Galera ligada aqui no site Carros
e Corridas, que o Robério Lessa faz com tanta competência aí no Ceará. Estou
estreando aqui a minha coluna, que será semanal, para falar das coisas da Indy
e do automobilismo. Será mais um canal para a gente conversar e quero começar
falando do nosso querido e saudoso Ayrton Senna.
Há 20 anos o automobilismo
perdia um tricampeão mundial de Fórmula 1 de maneira muito trágica, mas para a
geração de pilotos da qual eu faço parte, o falecimento do Ayrton Senna
representou algo muito maior do que a inexorável certeza de que, um dia, todos
nós daqui partiremos. Ayrton não era somente um grande, fenomenal piloto. Ele
meio que carregava nas costas a responsabilidade de ser o grande exemplo para
jovens no mundo todo que se inspiravam nele em busca do sonho de sucesso no
automobilismo.
O Brasil, na verdade, foi
agraciado com gigantes do automobilismo que nasceram muito próximos uns dos
outros. Que outro país no cenário da Fórmula 1 conseguiu quase que na seqüência
ter três campeões mundiais? Os anos 70 foram marcados pelos títulos de Emerson
Fittipaldi e logo em seguida foi a vez do Nelson Piquet. Claro que todos nós
tínhamos também esses dois grandes campeões como referências, mas o fato de o
Ayrton ser o mais novo deles acabou coincidindo com a minha geração.
Quando eu nasci, em 1975, o
Emerson já era bicampeão mundial. Em 1987, quando ganhei meu primeiro kart e
comecei a treinar, o Nelson estava conquistando o seu terceiro título mundial.
Mas eu já estava competindo para valer quando o Ayrton foi campeão em 1988. No
ano do bi – 1990 – eu já era piloto graduado de kart e no seguinte, quando ele
faturou o tricampeonato, estava me despedindo do kart para começar no ano
seguinte minha carreira nos monopostos.
Nunca vou esquecer o dia em
que fui correr na fazenda do Ayrton em Tatuí, interior de São Paulo. Isso foi
em 1990. Ele havia construído uma pista de kart e convidou alguns pilotos do
tempo dele e a molecada que corria naquela época, Foi demais e, confesso a
vocês, foi algo que me marcou profundamente. Imaginem vocês como foi aquilo
para um garoto com seus 15 anos, ter a oportunidade de se encontrar com o ídolo
e disputar uma corrida com ele? Gente, isso vai ficar no meu coração para
sempre.
Quando o Ayrton morreu, eu já
era piloto de Fórmula 3 e foi um choque. Algumas pessoas chegaram a sugerir que
eu não continuasse com a minha carreira, que procurasse algo sem os perigos do
automobilismo. Mas como os exemplos do Ayrton sempre calaram muito fortes no
meu coração e na minha mente, também foram valiosos para seguir em frente. Ele
marcou sua carreira pela dedicação, coragem de enfrentar todos os obstáculos e
força de vontade para seguir em frente.
Deus quis que o Ayrton fosse
para junto Dele mais cedo. São essas coisas que a gente não entende, mas como
disse no meu livro, Deus tem sempre um plano. E o que ficou para mim foi um
modelo de profissional, de piloto, de ser humano. Então, posso dizer que o
Ayrton está no coração de cada piloto das diversas gerações que o tiveram e o
têm como referência. E essa referência é tão forte que é como se ele estivesse
vivo. Pode não estar vivo na forma que nós conhecemos, mas sem dúvida está vivo
na Eternidade.
É isso aí, amigos do Carros
e Corridas, estamos entrando nesse mês de maio, que é muito importante
para o Verizon IndyCar Series. Estaremos disputando duas corridas no
Indianapolis Motor Speedway. A primeira acontece no dia 10 no IMS Road Course,
o circuito misto em sentido horário que a IndyCar estará utilizando pela
primeira vez. E no dia 25, a
centenária Indy 500. Mas sobre tudo isso, com certeza, começaremos a falar na
semana que vem. Vamos que vamos e muito obrigado!
Siga Helio Castroneves no
Twitter:@h3lio e press@heliocastroneves.com
FONTE PESQUISADA
CASTRONEVES, Hélio. Ayrton Senna Vive na
Eternidade. Disponível em: <http://www.carrosecorridas.com.br/2014/05/ayrton-senna-vive-na-eternidade/>.
Acesso em: 30 de julho 2014.
Piquet (3º), Senna (1º) e Prost (2º) no pódio do GP de San Marino 1988
Assista o Vídeo:
GP Nº 66 – GP de San Marino: Ímola,
1º de Maio 1988
Senna chegou a Ímola fazendo
declarações de amor à sua máquina e dando mostras de que podia ser feliz para
sempre na McLaren. “Estou muito contente. Pela primeira vez na minha vida tenho
um carro para controlar o ritmo da corrida e tocar para a vitória.”
Em lua-de-mel dulcíssima,
piloto impetuoso e máquina deram um passeio no Grande Prêmio de San Marino. Para
começar, o casal perfeito marcou a pole position – a quarta de Senna no Autódromo
Dino Ferrari e a 18ª de sua carreira de 64 GPs. Não foi uma pole qualquer. Senna
e seu companheiro de equipe, Alain Prost, fizeram dois segundos a menos que
Nelson Piquet, que largou em terceiro. Só isso já fazia prever que a corrida e
a temporada seriam duas, uma entre os dois McLaren e a disputa entre os outros.
Não deu outra. Sem demonstrar
a menor fadiga, Ayrton Senna falava calmamente depois de erguer o troféu no pódio,
como se o esforço das 60 voltas pelo dobrado e sinuoso circuito de Ímola nem
tivesse existido. Nada o havia abalado. Nem o medo de não poder terminar a
prova quando um pequeno vazamento de óleo da caixa de câmbio pingava o
lubrificante no cano de descarga, desprendendo uma fumaça azul e dando a impressão
de que o motor ia estourar.
“Claro que tive meus
problemas”, admitiu Senna. “O mais grave aconteceu na décima volta. A alavanca
do câmbio ficou mole e temi a repetição da falha acontecida no GP do Brasil. A coisa
esteve tão crítica que tive de me concentrar para não errar as marchas. Parecia
que eu guiava um caminhão.”
Câmbio mole à parte, a
lua-de-mel transcorria às mil maravilhas. No duelo com Prost, Senna saiu
levando vantagem logo que acendeu a luz verde. O francês largou mal. “O motor não
atingiu a potência real na primeira acelerada”, explicou. E a fuga do
brasileiro foi definitiva. “Quando cheguei ao segundo lugar (oitava volta), o
Senna tinha dez segundos de vantagem e isso alterou meu ritmo, que era ditado
pelo consumo”, resignou-se Prost. Se a corrida dos McLaren acabou sendo monótona
e sem briga, o duelo pelo terceiro lugar foi emocionante. Nelson Piquet (Lótus-Honda)
foi o grande vencedor. Largou em terceiro, em terceiro chegou, mas precisou
batalhar o tempo todo, primeiro contra o fogoso Alessandro Nannini, da
Benetton, e depois contra o ex-“companheiro” da Williams, Nigel Mansell. Mas tanto
Piquet como os demais pilotos sabiam que, naquela altura do campeonato, não dava
para enfrentar os McLaren. Teriam, então, que encarar o duelo de coadjuvantes a
que estavam relegados Lótus, Ferrari, Benetton e Williams.
Nelson Piquet ainda fez piada
quando lhe perguntaram se sentiu medo ao passar pela curva Tamburello, local
onde tinha sofrido um grave acidente nos treinos, no ano anterior. “Se eu fosse
me preocupar com as curvas em que sinto medo, iria para casa e desistiria da Fórmula
1”,
respondeu.
Medo da Tamburello Piquet
podia não ter, mas sentiu o ambiente pesado no pódio. Esse fato nem ele nem
Senna puderam esconder. Pena, mas não se repetiram cenas de outras gloriosas
dobradinhas brasileiras com a divertida guerra de champanhe. Nem o pódio nem o
champanhe adoçaram o azedume dos pilotos brasileiros – eles não se
cumprimentaram.
A corrida de Senna em San
Marino, do pulo à bandeirada, na 60ª volta, foi tão perfeita que ele só faltou
colocar uma volta em Alain Prost, segundo colocado. De Nelson Piquet (Lótus-Honda),
terceiro, a Nicola Larini (Osella), 27º, todos ficaram na poeira. Naquela tarde
aconteceu uma identificação do estilo guerreiro e abusado de Ayrton Senna com a
tifosi, que já sonhava com o
brasileiro numa Ferrari.