[Série VIP] Jackie Stewart fala sobre Senna, Brasil e
Fittipaldi
Em primeiro episódio da nossa série sobre
automobilismo, o garoto propaganda da Heineken na F-1 veio ao Brasil e
conversou com exclusividade para a VIP
Por Rodrigo França
30 nov 2017, 18h44
(Reprodução/YouTube/Fonte padrão)
Tricampeão do mundo de
Fórmula 1, ex-chefe de equipe na principal categoria do automobilismo e sempre
preocupado com a segurança dos pilotos.
Esse é Sir Jackie Stewart,
escocês de 78 anos e uma das lendas do esporte a motor — às vésperas do GP
Brasil de F-1, o britânico conversou com exclusividade com a VIP.
Depois de tanto tempo vivendo
de corridas, algo que era impensável para muitos dos pilotos de sua época, nos
anos 1960 e 1970 (os mais mortais da F-1), hoje Jackie vem aos GPs como “garoto
propaganda” da Heineken, promovendo uma campanha de slogan conhecido – nunca
beber antes de dirigir.
Não por acaso, a segurança
sempre foi o tema central do papo com Jackie Stewart e um dos episódios mais
curiosos sobre isso aconteceu em uma
entrevista que ele fez com Ayrton Senna em 1990, logo após o piloto brasileiro
tocar com Alain Prost na decisão do título mundial no Japão conquistado por
Senna.
Foi uma espécie de troco pelo
toque em 1989, quando o francês ficou com o título. Jackie discordou da atitude
de Senna na pista e teve que ouvir a seguinte resposta do piloto brasileiro:
‘If you no longer go for a gap that exist, you no longer a racing driver’ (Se
você não aproveitar o pequeno espaço que existe, você não vai durar muito como
piloto de corrida).
Ao lembrar dessa entrevista
com Senna, o escocês foi bem pensativo.
“Ele cometeu um erro, um erro
de julgamento. Era um campeão mundial e ele sabia o que ele estava fazendo. Eu
fui o único a dizer a ele que eu acreditava que ele havia feito
intencionalmente (de tocar em Prost na largada) e ele rebateu. Disse que nunca
mais falaria comigo de novo. Isso durou dois anos, até que uma noite ele me
ligou e disse ‘Jackie, eu sei que eu disse que não falaria com você de novo,
mas eu preciso te dizer algo sobre segurança em corridas: eu realmente sinto
muito por aquilo. Podemos ser amigos agora?’ E eu disse ‘claro’. Naquela mesma
noite nós nos encontramos no hotel e passamos 2h30 conversando sobre como um
verdadeiro campeão deve prezar pela segurança e o Ayrton mostrou que se
importava com isso”, disse Jackie.
Nas pistas, Stewart perdeu
vários amigos e colegas de profissão. Para ele, seu grande ano de terror foi em
1968, quando houve a inaceitável média de morte de um piloto por mês: “Jim
Clark em abril, Mike Spence em maio, Ludovico Scarfiotti em junho e Jo
Schlesser em julho, tudo em quatro meses consecutivos. Isso era ridículo e teve
que mudar! As pistas não eram seguras, não havia suporte médico com
ambulâncias, nem bombeiros, os carros eram frágeis, as áreas de escape não
existiam, então eram pistas perigosas. Hoje nós temos um esquema de segurança
muito fantástico. Mesmo assim, é sempre preciso estar atento para o que pode
acontecer, sempre será um esporte perigoso e isso está escrito na parte de trás
do ingresso (para entrar na F-1).
Confira a primeira parte da
entrevista
FONTE PESQUISADA
FRANÇA, Rodrigo. [Série VIP] Jackie Stewart
fala sobre Senna, Brasil e Fittipaldi. Disponível em: <https://vip.abril.com.br/carros-motos/serie-vip-jackie-stewart-fala-sobre-senna-brasil-e-fittipaldi/>.
Acesso em: 30 de novembro 2017.