Deflagraram o sofrido exercício ao qual milhões de pessoas,
especialmente os brasileiros, se entregaram nos dias seguintes: o que estava
por trás daqueles últimos olhares, gestos e silêncios?
Havia muitas respostas possíveis, sozinhas ou combinadas.
Dentro e fora da pista.
Schumacher estava ali, quase ao lado, mais do que nunca
disposto a destroná-lo. Roland Ratzenberger morrera depois de uma batida
centenas de metros à sua frente, no dia anterior, e o fizera, pelo menos por algumas
horas, desistir de correr. Rubens Barrichello, que ele vinha tratando como uma
espécie de irmão mais novo das pistas, sobrevivera a um acidente assustador, na
sexta-feira. Aquela Williams que ele chamava de "cadeira elétrica",
um carro arisco e difícil de guiar, estava consumindo pneus com preocupante
rapidez. E, na noite anterior, ele tinha ouvido uma gravação. Uma conversa de
Adriane Galisteu com um antigo namorado.
EXPLICAÇÃO
Na véspera da corrida fatídica, Senna teve um dissabor de outra ordem. Seu irmão, Leonardo, levou para ele uma fita cassete no quarto do hotel. Nela, havia a gravação de uma conversa telefônica de Adriane Galisteu com um antigo namorado. A quinta e última mulher da vida de Senna foi, segundo seus amigos, a que mais lhe fez bem. Com Adriane, o piloto começou a aproveitar a vida como nunca antes havia feito, além de se tornar mais afável e bem-humorado. Ele pensava em se casar com Adriane. "O Ayrton era muito sério, ele sempre namorava para casar", diz o amigo de infância Alfredo Popesco, hoje trabalhando numa concessionária da família Senna. No grampo feito no apartamento de Senna em São Paulo, o antigo namorado de Adriane zombava do piloto, dizendo que era melhor do que Ayrton na cama. Uma besteira. Braguinha afirmou que Nada na fita sugeria que Adriane estivesse traindo Senna ou mesmo que tivesse concordado com o comentário machista do ex-namorado.
Fonte: Entrevista Ernesto Rodriguez autor do livro Heroi Revelado para a revista Veja em 2004
Fonte: Entrevista Ernesto Rodriguez autor do livro Heroi Revelado para a revista Veja em 2004
A placa de um minuto foi erguida.
Vinte e cinco motores de Fórmula 1 começaram a rugir.
Ayrton, na hora de acelerar, costumava deixar todas as
preocupações de lado. Não trocava as emoções do cockpit por nada da vida. Em
mais alguns segundos, ele se entregaria de novo à aventura que tinha começado
aos quatro anos de idade, ao soar de um motor de picadeira de cana, com três
cavalos de potência.
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