terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Ayrton Senna Começou o Ano de 1994 Muito Feliz, Descomplicado, Aberto e acessível

Ayrton estava muito feliz, tinha passado férias inesquecíveis com a namorada e futura esposa, Adriane Galisteu no Brasil
Foto: Gianni Giansanti

Sua esperança, confiança e consciência eram contagiantes. A calma interior que trouxera do Brasil, das suas férias de inverno no verão, apesar de ter “trabalhado muito” para pôr os seus negócios em dia, e “ter conseguido, finalmente, minha licença para pilotar helicópteros, um sonho antigo”, tudo isso o fascinava. Sentado na casa do seu velho amigo Braga, em Sintra, Portugal, distante poucos quilômetros da pista de Estoril, na véspera da grande apresentação da Williams e da sua grande estréia para a nova equipe, ele formulou os seus desejos para 1994: “Se chegar ao final deste ano feliz como estou agora, então este vai ser mesmo um grande ano, tanto profissional como pessoalmente falando...” Em Le Castellet, no final de fevereiro, Senna fez pela primeira vez um teste extenso com a nova maquina Williams FW16. Era um teste privado da escuderia, não havia outra equipe lá, e portanto não havia como comparar tempos. Mas o carro parecia bom.
Senna foi prudente: “Ainda temos muito o que fazer. Além do mais, nunca se sabe como vai ser em outras pistas.”

Ayrton Senna acreditava que 1994 seria o melhor ano de sua vida
Foto: Armando Franca / Estadão

Mas sua entrada demonstrou que ele não tinha maiores preocupações. O jornalista brasileiro Celso Itiberê, de O Globo, chegou a escrever: “Ele fica cansado de conter o riso quando fala de problemas.” Senna estava descomplicado, aberto, acessível. Na pausa do almoço, ele se dirigiu aos (poucos) jornalistas presentes. Não era uma entrevista, apenas uma conversa franca. Falou sobre os seus projetos no Brasil, o seu inicio na Fórmula 1, seu primeiro teste aqui, em Le Castellet, dez anos atrás, no tempo da Brabham-BMW: “Naquela época, vim de trem de Milão para Marsella e desembarquei sem saber como poderia ir para o meu hotel ou para a pista. Hoje o meu jatinho está aqui... até que foi um progresso, não foi?”

Thierry Boutsen, um dos melhores amigos de Senna dentre os pilotos, chegou com seu filho Kevin. Senna sempre adorou crianças, e brincar com o filho do amigo era uma ocupação que tinha nos intervalos dos treinos. O garoto só não deixou que lhe pusessem na cabeça o famoso capacete amarelo – nem mesmo o campeão teve permissão.


FONTE PESQUISADA

STURM, Karin. Ayrton Senna:, Sua Vitória, Seu Legado. Tradução Paulo A. Wengorski. Rio de Janeiro: Record, 1994.

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