Ayrton estava muito feliz, tinha passado férias inesquecíveis com a namorada e futura esposa, Adriane Galisteu no Brasil
Foto: Gianni Giansanti
Sua esperança, confiança e consciência
eram contagiantes. A calma interior que trouxera do Brasil, das suas férias de
inverno no verão, apesar de ter “trabalhado muito” para pôr os seus negócios em
dia, e “ter conseguido, finalmente, minha licença para pilotar helicópteros, um
sonho antigo”, tudo isso o fascinava. Sentado na casa do seu velho amigo Braga,
em Sintra, Portugal, distante poucos quilômetros da pista de Estoril, na véspera
da grande apresentação da Williams e da sua grande estréia para a nova equipe,
ele formulou os seus desejos para 1994: “Se chegar ao final deste ano feliz
como estou agora, então este vai ser mesmo um grande ano, tanto profissional
como pessoalmente falando...” Em Le Castellet, no final de fevereiro, Senna fez
pela primeira vez um teste extenso com a nova maquina Williams FW16. Era um
teste privado da escuderia, não havia outra equipe lá, e portanto não havia
como comparar tempos. Mas o carro parecia bom.
Senna foi prudente: “Ainda
temos muito o que fazer. Além do mais, nunca se sabe como vai ser em outras
pistas.”
Ayrton Senna acreditava que 1994 seria o melhor ano de sua vida
Foto: Armando Franca / Estadão
Mas sua entrada demonstrou
que ele não tinha maiores preocupações. O jornalista brasileiro Celso Itiberê,
de O Globo, chegou a escrever: “Ele fica cansado de conter o riso quando fala
de problemas.” Senna estava descomplicado, aberto, acessível. Na pausa do
almoço, ele se dirigiu aos (poucos) jornalistas presentes. Não era uma
entrevista, apenas uma conversa franca. Falou sobre os seus projetos no Brasil,
o seu inicio na Fórmula 1, seu primeiro teste aqui, em Le Castellet, dez anos atrás,
no tempo da Brabham-BMW: “Naquela época, vim de trem de Milão para Marsella e
desembarquei sem saber como poderia ir para o meu hotel ou para a pista. Hoje o
meu jatinho está aqui... até que foi um progresso, não foi?”
Thierry Boutsen, um dos
melhores amigos de Senna dentre os pilotos, chegou com seu filho Kevin. Senna sempre
adorou crianças, e brincar com o filho do amigo era uma ocupação que tinha nos
intervalos dos treinos. O garoto só não deixou que lhe pusessem na cabeça o
famoso capacete amarelo – nem mesmo o campeão teve permissão.
FONTE PESQUISADA
STURM, Karin. Ayrton Senna:, Sua Vitória, Seu Legado. Tradução Paulo A.
Wengorski. Rio de Janeiro: Record, 1994.
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