domingo, 19 de janeiro de 2014

Em 1994 Ayrton Senna Já Não Queria Correr Riscos Desnecessários

Entrevista de Ayrton Senna para o Estado de São Paulo


Após conhecer Adriane Galisteu e desejar casar e construir sua própria família com ela, Ayrton já não queria correr mais riscos
Foto: Jean-Marc Loubat

20 de janeiro de 1994
"Estou me adaptando à Williams"

Estado - Como você sentiu o Williams hoje?

Senna - O carro funcionou muito bem. Todos os sistemas funcionaram sem problemas. O carro é veloz, tem um bom motor, a transmissão também é muito boa, embora não seja a definitiva, e os freios são bons, embora não sejam os ideais. Estou procurando aprender sobre o equipamento, no que diz respeito à parte mecânica e aerodinâmica, entre outras coisas. Consegui me adaptar melhor ao carro hoje e até melhorei o tempo. Como primeiro dia está muito bom.

Estado - Você já está se sentindo confortável dentro do carro?

Senna - Ainda não está bom, ainda não me sinto bem dentro do carro, mas melhorou bastante. Os ajustes que estavam no carro foram feitos para o Damon Hill.

Estado - Como é pilotar o carro sem a suspensão inteligente?

Senna - A retirada da suspensão afetou bastante o carro. Ele ficou mais lento e menos estável. Ele empina a frente, mergulha na freada, numa curva tira a roda do solo. É totalmente diferente.

Estado - A suspensão mecânica deixa o carro mais gostoso de dirigir?

Senna - Não, porque ele fica mais lento e o prazer vem da velocidade. Além disso é mais desgastante de guiar, e mais perigoso, porque é menos estável.

Estado - Como está seu relacionamento com a equipe Williams?

Senna - Está bem. A equipe trabalha bem, eles são esforçados e rápidos. o nível de responsabilidade e profissionalismo nas equipes de ponta é muito elevado. Sinto em todos eles o desejo de formar uma força no trabalho.

Estado - E em relação ao Damon Hill?

Senna - Estamos trabalhando juntos e temos bom relacionamento. O único companheiro com o qual não me dei bem foi com o Prost.

Estado - O que falta fazer no carro para ele ficar bom?

Senna - Ainda temos muito trabalho pela frente. Muitas coisas no carro precisam melhorar e a equipe está trabalhando nesse sentido. Esse motor é muito confiável, redondo. Desde o primeiro dia senti os pontos que precisam ser melhorados. Alguns ajustes já foram feitos e outros, feitos no carro do Damon Hill, serão feitos no meu até o final de semana, quando deverei estar com o motor novo, também. A suspensão é o que vai dar mais trabalho à equipe. É aí que devemos trabalhar, já que ela está ligada também com a aerodinâmica do carro.

Estado - O que você achou de seu tempo hoje?

Senna - O tempo não era o mais importante, e sim conhecer o carro. Se fosse há seis anos eu iria pisar mais fundo no acelerador, mas hoje estou mais consciente. Não vou correr riscos desnecessários. A tentação de acelerar estava lá, mas é preciso ter autocontrole.



Ayrton Senna na Williams em 1994, o sonho que virou pesadelo e abortou seus sonhos pessoais e profissionais
Foto: Armando Franca / AP


FONTE PESQUISADA

JUXPOT. Três entrevistas, separadas no tempo por 9 anos, a Ayrton Senna da silva. Disponível em: <http://autosport.pt/tres-entrevistas-separadas-no-tempo-por-9-anos-a-ayrton-senna-da-silva=f10254>. Acesso em: 19 de janeiro 2014.

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