O post de hoje serve para
mostrar para certas "publicações especializadas" o que é um um Honda
NSX de verdade, ao contrário do que foi publicado
na reportagem mostrada recentemente no post aqui do Alto-Giro.
Tive o imenso prazer de
avistar esse espetacular esportivo nipônico rodando nas ruas, em um dia
ensolarado normal na capital paulista. Ainda bem que eu não o confundi
com um reles Mitsubishi 3000 GT! Muito pelo contrário, tive o prazer imenso
de reconhecê-lo como um NSX muito especial.
Sob o apelido de
"Ferrari Japonesa" atribuído por muitas dessas "publicações
especializadas", esses esportivos por si só já são uma atração à parte,
muito raros em ruas brasileiras, e muito especiais em qualquer lugar do mundo.
Mas este, além disso tudo, é
talvez o Honda NSX mais valioso do mundo inteiro, e que guarda os sentimentos e
a história do automobilismo do nosso país inteiro nele:
Este veículo de placa BSS-8888,
senhores, é nada menos do que o Honda NSX que pertenceu a Ayrton Senna da
Silva.
Nosso lendário piloto possuiu
este exato Honda NSX preto, que eu tive o privilégio de filmar e fotografar, em plena Marginal Pinheiros.
Pelo fato deste carro ainda ser patrimônio da família Senna, creio que seus
ocupantes possam ser da mesma linhagem do nosso eterno campeão. Me sinto um
grande privilegiado pelo simples fato de poder ter rodado ao lado do carro que
tantas vezes levou Ayrton em corridas citadinas.
O projeto NS-X foi
idealizado em 1984, tendo como objetivo, elevar a imagem da Honda com a criação
de um novo esportivo que equivalesse ou excedesse o desempenho da Ferrari
328. Esse objetivo foi revisado, já que no final do projeto a Ferrari 328 foi
substituída pela 348, passando ser este o novo alvo da Honda.
Além de ser superior ao
esportivo de Maranello, o Honda deveria oferecer a confiabilidade japonesa e
preço de entrada menor. Daí veio o tão famoso apelido de "Ferrari
Japonesa". Mas a Honda pretendia que a "sua Ferrari" fosse
superior às Ferraris propriamente ditas, e para isso, tinha uma carta na manga
tão preciosa, que só ela tinha esse recurso no mundo: Ayrton Senna da Silva.
Sendo a fornecedora de
motores para a equipe Mclaren, que levou Ayrton ao tricampeonato mundial de
Fórmula 1, a
Honda tinha em mãos o maior piloto de todos os tempos à disposição, e não
desperdiçou essa oportunidade para refinar o acerto de seu novo esportivo. No
projeto NS-X, o carro teve o privilégio de ter seu chassi, motor e suspensão
acertados pelos sentidos ultra-aguçados do nosso gênio tricampeão, que
convenceu a engenharia a enrijecer o chassis após testes severos com protótipos
no circuito de Suzuka. Tal feito pode ser apreciado e admirado no vídeo abaixo.
É de tirar o fôlego a tranquilidade como Ayrton conduz o carro, mostrando como
seus limites são muito superiores aos do carro.
Assim, após intenso e longo
desenvolvimento, a Honda lançava em 1990 seu novo superesportivo de motor central-traseiro,
já devidamente nomeado de NSX (sem o hífen de NS-X que nomeava o projeto, de
New Sportscar Experimental).
Extremamente avançado,
utilizava massivamente o alumínio na sua estrutura, sendo o primeiro carro de
produção a utilizar o chassi todo feito deste leve material. Aplicava a
elegante e elaborada suspensão de duplos braços sobrepostos (double wishbones)
em todas as rodas, fazia-se uso de bielas de titânio, de alta resistência, para
permitir que o motor girasse livremente até altas rotações, sendo o mesmo
controlado pelo consagrado sistema de variação de abertura de válvulas VTEC da
Honda. A Honda superava a Ferrari nas pistas, e agora desafiava-a nas ruas.
E como agradecimento, a Honda
presentou Ayrton Senna com dois exemplares do NSX, sendo que o único que
permanece na família é este exemplar preto de 1993. As letras da placa BSS-8888 era
em homenagem às iniciais Beco (um apelido de infância) Senna Silva, e os
númerais 8, eram em referência ao ano de 1988, que Senna conquistou pela primeira
vez o título de campeão mundial de Fórmula 1.
Na época, com o custo do uso
extensivo de fibra-de-carbono ainda mais proibitivo do que hoje em dia, a Honda
conseguiu um grande feito ao manter o baixo peso do NSX, graças ao alumínio.
Assim, com um desenho futurista, um V6 3.0L controlado pelo sistema VTEC com
274 cv @ 7100 rpm, e 30 kgmf @ 5300 rpm instalado na posição central-traseira
de um conjunto que somava apenas 1350 kg , o NSX colocava a Honda no rarefeito
mundo dos fabricantes de supercarros. O NSX passava a ser, provavelmente, o
único esportivo japonês categorizado popularmente como um
"superesportivo". Talvez o único esportivo japonês antes dele tenha
sido o raríssimo e belíssimo Toyota 2000GT. E hoje, quem sabe, o ultra-capaz
Lexus LFA.
Ao longo de sua longa
jornada, o NSX não teve alterações significativas - somente uma remodelação
leve em 2002, junto com motor 3.2
L um pouco mais potente. E suas vendas nunca foram muito
expressivas. Mas seu objetivo já havia sido plenamente alcançado: mostrar que a
Honda era capaz sim, de fazer uma Ferrari melhor que os próprios italianos.
Apesar de abandonar os
entusiastas, como
há muito a Honda vem fazendo, já não fazia mais tanto sentido melhorar o
NSX, já que os benefícios de imagem a Honda já havia alcançado, e o projeto não
traria mais lucros pra empresa devido ao caro processo de desenvolvimento.
É com um misto de nostalgia e
saudade, que encerro esse post. Afinal, não é todo dia que me deparo com um
pedaço da história automotiva mundial, quanto mais sendo este também um pedaço
da história automobilística nacional. Gostaria de prestar minha homenagem a
este campeão que deixou tantos órfãos, e que criou tantos sonhos de uma nação
inteira.
- Jackson
FONTE PESQUISADA
JACKSON. [Alto-Giro Avistamentos] Honda NSX
de Ayrton Senna. Disponível em: <http://alto-giro.blogspot.com.br/2011/08/alto-giro-avistamentos-honda-nsx-de.html>.
Acesso em: 10 de agosto 2017.
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