Ayrton Senna e Adriane Galisteu conversavam muito sobre casamento e filhos, desde a primeira noite de amor que tiveram em Angra dos Reis. Na verdade era Ayrton quem falava muito, que tomava a iniciativa. Os dois gostavam muito de passar horas e horas imaginando como seria e escolhendo até o nome de seus futuros filhos.
Nesse post farei um compilado de alguns desses momentos.
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Só em Angra, ele tinha mais
creminhos e perfumes que eu jamais tinha tido em toda a minha vida. Bom, pelo
menos já havia entre nós alguma coisa em comum, além do Genesis e da Quinda.
Dali a poucas horas, estaríamos repartindo algo muito mais importante.
O amor fluiu natural - sem
pressa, gostoso e espontâneo. Sem falso moralismo: dormir no quarto dele não
significava, para mim, obrigatoriamente, uma noite de sexo e intimidade. Havia
um clima, uma aproximação, um desejo. Mas eu teria pudor de embarcar numa
aventura pela aventura - e, no dia seguinte, literalmente, tchau e até mais.
Dormir com um mito, um ídolo, uma celebridade internacional. Um homem que
produzia manchetes no mundo inteiro. De mais a mais, eu tinha adorado aquele paraíso
e queria voltar lá, namorada ou amiga, o que fosse.
Televisão ligada. Eu, metida
num pijamão quase blindado. Cama king-size - chance de rolar para o lado, em
fuga estratégica. Beijinhos, carinhos, "até amanhã". Não tive tempo
de contar até cinco - com aquele meu sono juvenil, despenquei. Sei lá quanto
tempo depois - a vaga recordação de uma claridade me vem aos olhos -, levei um
cutucão.
- Não estou entendendo nada -
disse ele, acendendo a luz e se apoiando no travesseiro. - O que você quer?
Quer casar comigo? Tem uma igrejinha aqui na praia da Jipóia, é só juntar as
testemunhas e ir lá.
Continuou a falar: a dizer
que era tudo muito especial, que existia uma magia entre nós, que isso não era
sentimento que ele tivesse assim, assim, em qualquer momento, que ele, por
muitas razões, tinha sido uma muralha emocional, mas que eu, em apenas dois
dias, tinha feito um furo nessa muralha.
Falava e acariciava o meu pé.
- Ah, o pé não! - eu pensava.
Chegou ao ponto fraco, ao calcanhar-de-aquiles.
De repente, me beijou os pés,
com enorme delicadeza.
- Você é a primeira mulher,
de três anos pra cá, que me provoca esse desejo. De beijar os pés, não só. De
beijar o corpo inteiro.
Queria guardar esse momento
só para mim - e para ele. As estrelas piscavam, em quente cumplicidade. Quando
acordei, já sol alto, depois que tudo aconteceu, eu estiquei meu braço para o
lado, tateando onde ele deveria estar, e não havia ninguém. Pânico. Paranóia do
tipo "tá vendo? Ele já se encheu". Corri à procura dele. Descobri-o
no píer, sem camisa, descalço, olhando para o infinito, assobiando uns
acordezinhos que nem chegavam a compor uma música. Um tralalá, só isso. Ele
parecia feliz. Eu estava feliz, imensamente feliz.
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Lembro-me do dia que falei com ele sobre casamento ele respondeu-me:
“Pode ser hoje, amanhã... Não são as corridas que vão influenciar nisso.”
Mas, a seguir, foi enigmático:
“Não há data nem lugar marcado – riu um riso meio zombeteiro como quem diz: “Se vocês não descobrirem, eu não digo...”
Mas Ayrton deixou uma pista:
Ele olhou nos olhos de Adriane. Olhou olho no olho com Adriane. Ela corou, ficou muito vermelha. Tenho certeza que arquivou o recado. E quem conhece Senna, sabe que ele é o cara dos de repente. Pode acontecer casamento e ninguém ficar sabendo. E namorado repentista é fogo...
Ele olhou nos olhos de Adriane. Olhou olho no olho com Adriane. Ela corou, ficou muito vermelha. Tenho certeza que arquivou o recado. E quem conhece Senna, sabe que ele é o cara dos de repente. Pode acontecer casamento e ninguém ficar sabendo. E namorado repentista é fogo...
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Em 3 de Abril de 1994, Adriane viu pela última vez o amor de sua vida. Ela deixou Ayrton no Aeroporto de Cumbica, de onde ele iria voar para o Japão, onde ele iria participar do Grande Prêmio do Pacífico, segunda rodada do campeonato. Ela tinha decidido ficar em São Paulo para fazer um curso de Inglês intensivo, era essencial para integrar-se no mundo da Fórmula 1. "Ao olhar para trás, como poderia imaginar que seria a última vez que o veria? Eu estava tão ansiosa para chegar ao Algarve, um mês depois, para rodar (pelos circuitos) juntos por todo o verão na Europa (verão europeu). Nas semanas anteriores, eu tinha sentido várias vezes ele a ponto de me pedir em casamento, e eu tinha certeza de que a nossa estadia na Europa seria o prelúdio para a nossa união definitiva. Lembro-me de suas últimas palavras antes de sair de Angra: "Eu tenho duas certezas na minha vida, Dri: a primeira é que eu quero passar o resto da minha vida ao seu lado, e a segunda é que eu quero terminar minha carreira na Fórmula 1 com a Ferrari! ' E quando ele tinha certeza de algo ... "
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De Heathrow foi direto para o Brasil, e eles estavam planejando passar um Natal familiar tradicional com a família Da Silva em Tatuí. Mas Adriane decidiu, no último minuto, que ela devesse voltar para sua mãe e uma avó de 80 anos, que estava muito doente, e ela partiu na véspera de Natal. Ela pegou emprestado o carro Volkswagen da mãe de Senna para retornar a São Paulo.
Para o Ano Novo, toda a família recuou para Angra com amigos e a casa estava cheia. As mulheres brasileiras tradicionalmente usavam branco na véspera de Ano Novo, e Senna disse que sentia vontade de se casar em vez de celebrar um novo ano.
Por uma vez, estava nublado em Angra e no golpe da meia-noite, ambos se disseram que desejavam estar juntos para sempre.
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Ayrton Senna pretendia assumir o noivado com Adriane depois do
GP de Imola
Sua última namorada, Adriane Galisteu,
teve permissão, concedida a poucas, de frequentar a fazenda da família em
Tatuí, além de Angra, é claro!
Adriane
abandonou a carreira para acompanhar o piloto pelas pistas do mundo e, depois
de um ano e meio de namoro, Senna começou, finalmente, a falar em casamento e
filhos. Discreto como sempre, dizia que não seria logo, nem muito longe. O que se sabe é que pretendia assumir o
noivado com Adriane depois do GP de Imola.
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Ayrton Senna iria Pedir Adriane Galisteu em Casamento
- Tenho muito a
lhe dizer. A lhe propor. A lhe oferecer - prosseguiu. - Devo estar aí às 20h30,
por aí. Quero passar a noite em
claro. Vamos conversar até o
amanhecer. Quero convencê-la de que sou, disparado, o melhor homem de sua
vida.
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FILHOS
FILHOS
TRADUÇÃO LIVRE
Com Adriane, foi diferente. Pela primeira vez, Senna imaginou um dia ser pai de família. Adriane disse com grande modestia: "Sonhamos com filhos. Nós nos divertíamos procurando nomes. Ele sempre falou que se fosse menina se chamaria Adriane. Então, ele dizia, terei duas [Adrianes]."
IDIOMA ORIGINAL
Avec Adriane, c'est diférent. Pour la première fois, Senna s'imagine un jour père de famille. Adriane le dit avec beaucoup de pudeur: "Nous rêvions d'enfants. Nous nous amusions à chercher des prénoms. Il parlait toujours d'une petite fille qui s'appelait Adriane. Comme cela, disait il, vous serez deux."
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GALISTEU, Adriane. Caminho das Borboletas. Edição 1. São Paulo: Editora Caras S.A., novembro de 1994.
BIANCHI, Ney. Adriane, a nova máquina de Senna. Revista Manchete, Rio de Janeiro, Nº2.151, ano 42, p. 04 – 09, Editora Bloch, 26 de junho 1993.
RUBYTHON, Tom; VLIET,Pierre Van. Sa dernière histoire d'amour. Formula 1 Magazine, Paris, numéro 11, 36-48, Excelsior - Automobiles Classiques, Avril 2002.
BIANCHI, Ney. Adriane, a nova máquina de Senna. Revista Manchete, Rio de Janeiro, Nº2.151, ano 42, p. 04 – 09, Editora Bloch, 26 de junho 1993.
RUBYTHON, Tom; VLIET,
RUBYTHON, Tom. Fatal Weekend. 1º Edição. Great Britain: The Myrtle Press, 12 de novembro de 2015.
CABALLERO, Cassia; TOLEDO, Márcia; BRAUN, Daniela Louise. Vida do Ídolo. Revista In Foco, São Paulo, nº 2, ano 1, p.30, Editora Escala, 1994.
BARON, Claude. La fiancée de Senna: “Nous rêvions d’enfants”. Télé 7 Jours, nº 1845, p.116-117. 13 de Outubro 1995.
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