sábado, 3 de agosto de 2013

Ayrton Senna Faz Uma Surpresa a Adriane Galisteu e a Presenteia Com Um Carro Novinho


As coisas na minha vida ainda andavam desorganizadas: casa, trabalho, planos para o futuro imediato, tudo meio embaralhado. Um plano, eu tinha, bem banal: comprar um carro. Tenho anotado na minha agenda, dia 17 de agosto de 1993, um elenco de nomes de concessionárias. Fui à luta. Vi um Uno Mille prata, 1991, usado portanto, mas bonitinho, inteirinho. Tinha dinheiro para pagar. Coisa de macho: Ayrton achava que eu não tinha competência para saber se o carro estava mesmo no ponto. Eu batia pé: está tudo em cima. Ele despistou:
- O Alfredo, que trabalha aqui comigo, também andou vendo um carro, dá um tempinho.
Não podia dar tempo algum. Tinha ânsia de sair dali já no meu carro. Só que, vendo que havia um Ayrton Senna nas proximidades, o dono do Uno fez a gentileza: eu dava uma parte do preço, ele me dava dois dias de prazo. Só então a gente fechava definitivamente o negócio. Olhe só o que dizia o meu horóscopo do mês de agosto, recortado de uma dessas revistas: "A vontade de independência será tão grande que vai se irritar com as pessoas que têm maior poder de decisão sobre sua vida. Aproveite este mês para baixar a cabeça de vez em quando, mesmo que seja para fazer valer sua vontade. Você pode perder uma batalha mas pode ganhar a guerra".
Dia 19, prazo vencido. Ayrton me convida para passar no escritório. Às seis e meia da tarde. Subi direto para a sala dele, o Alfredo não estava. Ele, "calma, calma". Alfredo, enfim, aparece, decepcionado:
- Desculpa, Adriane, mas não deu certo. Trouxe um outro, mais velhinho, mas garanto que está bom de motor.
- Bela proposta - ironizei.
Descemos. Esperava por mim um Uno Mille Electronic zero, prata, igualzinho ao que eu queria comprar. Com um buquê de rosas no capô e o detalhe da chapa: DRI 7770. Só faltava laçarote e papel celofane.
- Isso é um presente de agosto.
- Mas por que agosto? - estranhei. - Não é Dia dos Namorados, não é nada...
- Por isso mesmo: não tem data nenhuma. É um presente de agosto.
Enchi o Béco de beijos. Fiquei sem palavras. Entrei como louca no carro e corri para mostrar a minha mãe. Liguei também para a mãe dele:
- Ganhei um carro novinho.
- Ele me contou - disse a Zaza. - Vem cá que eu quero dar uma volta.
Zaza, Bia, a sobrinha mais velha, e eu, lá fomos nós - depois, jantamos todos no apartamento do Pacaembu. Nosso convívio na Europa me dava a idéia de fazer parte da família. A Bia - Bix, eu a chamava - era como uma irmã mais novinha. Passamos aquele fim de semana na fazenda de Tatuí e, na volta, acompanhei a Zaza ao shopping. Éramos confidentes de copa e cozinha, do tipo de ficar conversando enquanto se fazem as unhas. Tanto que, depois de levar o Béco ao aeroporto, no Mercedes dele, naquela noite de terça-feira, 24 de agosto, para Frankfurt e, de lá, para o GP da Bélgica, fiz o que achei mais natural: Eu fui dormir na casa dos pais dele, na cama dele.

FONTE


Livro Caminho das Borboletas

                                


Adriane Galisteu no Twitter responde a fã que tem sim guardado o Fiat Uno 1993 em 2011

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