Detalhes das produções agrícolas do pai de Ayrton Senna que foi acusado de manter os trabalhadores em condições subumanas.
Um ano eles enviaram notas a imprensa relatando que em suas
propriedades tudo funcionava “direitinho”.
19/01/2006 13:13
Entre os negócios rurais da
família Ayrton Senna estão 500
hectares de Café irrigados
Dinherio Rural por luiz fernando sá
Dinherio Rural por luiz fernando sá
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Com tecnologia e gestão avançada,
clã da velocidade colhe algodão, soja, café, milho e cria gado em algumas das
fazendas mais modernas e produtivas do País
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A velocidade, ali, não é importante. O que a equipe exige do piloto ao volante da máquina vermelha que, na tarde úmida e abafada de dezembro, avança sobre o imenso planalto verde é cuidado e precisão. Afinal, o anônimo tratorista que pulveriza as lavouras de soja da Fazenda Campo Aberto carrega a reboque a tradição do nome Senna: como o supercampeão Ayrton nas pistas, como a empreendedora Viviane no campo social, como o ativo Leonardo no mundo corporativo, a eficiência e o profissionalismo são regra também na face rural dos negócios da família. Basta perguntar a qualquer um no chamado Anel da Soja – região que engloba os municípios de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, no progressista cerrado baiano. Não há lista das melhores e mais produtivas propriedades da região que não inclua a jóia de 6,2 mil hectares que, há mais de uma década, os Senna mantêm por lá e de onde tiram expressivas safras de algodão, café, soja e milho, além do gado que é criado em parte das terras. Como em tudo em que põem a mão, a Campo Aberto funciona de maneira exemplar, no estado da arte da tecnologia, da gestão e até mesmo das práticas sociais. “Buscamos no agronegócio o mesmo nível de excelência que sempre mantivemos em nossas outras atividades”, afirma Leonardo Senna, que comandou outras empreitadas empresariais bem-sucedidas da família, como a recém-encerrada associação com a montadora Audi no Brasil. A vocação rural dos Senna antecede a geração de Ayrton, Leonardo e Viviane. Milton da Silva, pai dos três irmãos, éempresário rural há mais de 30 anos. Já nos anos 60 criava gado no então remoto Centro-Oeste – ainda hoje possui duas fazendas na região, nas quais cria 5 mil cabeças de gado nelore. Em uma de suas fazendas em Goiás, o pequeno Ayrton Senna, ainda com sete anos, iniciava-se nas artes da pilotagem guiando um jipe do pai. Em outra fazenda de “seu Milton”, a de Tatuí, no interior de São Paulo, o piloto construiu um kartódromo particular. “Desde aquele tempo, quando ia visitar as fazendas, já voava sobre o cerrado baiano e imaginava a riqueza daquelas grandes áreas planas”, contou seu Milton à DINHEIRO RURAL, numa de suas raras entrevistas (discreto, ele não se deixa fotografar). “É uma região abençoada, com altitude e índices pluviométricos fantásticos para quem souber produzir lá”. É o que família tem feito, em parceria com dois sócios de longa data, o empresário Ubirajara Guimarães, o Bira, e Ricardo Teixeira, filho de Armando Teixeira Botelho, que, no início da carreira de Ayrton, gerenciou os interesses do jovem piloto. Teixeira vive na Campo Belo e administra in loco o andamento das várias atividades da fazenda. Bira, de São Paulo, divide com Leonardo Senna o planejamento e as grandes decisões empresariais. Seu Milton é o olhar crítico, a voz que se sobrepõe. Uma vez por mês pousa seu King Air na pista de 1,5 mil metros da propriedade – homologada pelo Departamento de Aviação Civil e tida como a melhor da região – para conferir de perto a produção. Mais que uma simples fazenda, a Campo Aberto é um empreendimento agroindustrial, totalmente mecanizado, que entrega aos seus clientes produtos já passados por uma primeira fase de beneficiamento. O algodão, principal cultura local, é um exemplo claro desse processo. Lá, são plantados, por safra, 1,5 mil hectares da fibra em sequeiro (área sem irrigação) e outros 1 mil hectares em regime irrigado, em sistema de plantio direto. O projeto de irrigação é modelo de uso racional de água, captada do subsolo e do Rio de Janeiro, que corta a propriedade. Nove enormes pivôs centrais a distribuem sobre a lavoura. Tudo é medido minuciosamente por equipamentos de última geração, do nível do aqüífero de onde a água é retirada à umidade do solo, o que permite saber a quantidade exata de água a ser despejada em cada ponto da plantação. O zelo permanente tem rendido altas produtividades – 320 arrobas por hectare na área irrigada, 250 na de sequeiro. Após a colheita, o algodão é processado em usina própria, onde a pluma é separada do caroço. Este é vendido para indústrias de óleos vegetais ou usado na alimentação de animais. Já as plumas permanecem na usina. São classificadas, primeiro visualmente e depois por modernos equipamentos eletrônicos, e posteriormente embaladas em fardos de 200 quilos para comercialização. “Este ano, exportamos 95% da produção”, conta Bira. “A fibra que se colhe na região é resistente, branca e de alto brilho, o que garante ótima aceitação do mercado”. No café, o processo se repete. São Soja e milho, em regime de rotação, ocupam outros Campo Aberto tem a operação mais complexa. As duas fazendas próximas ao rio Araguaia, em Tocantins – Barra Bonita (2100 alqueires) e Horizonte (680 alqueires) --, voltadas para o gado de corte, têm estrutura semelhante, com sedes confortáveis e pista de pouso. Já em Tatuí, no Interior de São Paulo, Seu Milton troca a produção em larga escala pela lavoura orgânica, sem o uso de agrotóxicos. De lá, saem milho, arroz, feijão, soja, frutas, legumes, carnes e ovos. Boa parte é distribuída aos próprios moradores locais. “Lá trabalhamos mais a finalidade social da agricultura”, explica. “Nós, que defendemos práticas socialmente eficazes na Fundação Ayrton Senna, não podemos deixar de dar o exemplo em nossas empresas”, confirma Leonardo. Nas fazendas dos grupos todos os trabalhadores são registrados. Na Campo Aberto, há 120 funcionários fixos, mas na época da colheita podem chegar a mais de mil. Por isso, a fazenda possui quatro refeitórios, que podem fornecer até 1200 refeições diárias preparadas sob acompanhamento de nutricionistas. “Nesse período, matamos um boi por dia para alimentar o pessoal”, conta Bira. Os alojamentos podem acomodar 700 pessoas simultaneamente. “Como usamos tecnologia de ponta e máquinas modernas, constantemente ministramos cursos de aperfeiçoamento, principalmente nas áreas de operações de tratores e pivôs”, diz Ricardo Teixeira. Também constantemente ele ciceroneia visitantes estrangeiros, alguns interessados em comprar a jóia agrícola da família Senna. Não é proposta que seduza Seu Milton e os sócios. “Nós vemos um grande futuro no campo”, diz ele. “Ao contrário, se aparecerem oportunidades, queremos crescer” diz Bira. Colaborou Fabiane Stefano, de Barreiras (BA) 6,2 mil hectares é a área total da Fazenda Campo Aberto. A principal cultura é o algodão, que ocupa 1,5 mil hectares em sequeiro e 1 mil hectares irrigados Produção Café Soja Milho 5 mil cabeças de gano nelore em Tocantins 1 mil trabalhadores na colheita |
FONTE
Revista Caféicultura
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