“Minha opinião é que, se não
tivesse morrido, Ayrton poderia ter sido campeão em 1994, 1995 e 1996 e talvez
até em 1997, superando os títulos ganhos por Michael”
N° Edição: 408 Texto: Emerson Fittipaldi 25/08/2017
Quando penso na morte de
Ayrton e no fim de sua carreira na Fórmula 1, inevitavelmente penso em Michael Schumacher ,
que começava a fazer sucesso quando Ayrton foi morto. Hoje, Michael continua em
recuperação depois de um acidente de ski em 2013. Rezo por ele sempre, espero
que se recupere. Michael é, claro, o mais bem-sucedido piloto da história da
F1, com sete títulos mundiais. Porém, se Ayrton tivesse sobrevivido sem
sequelas ao acidente de Ímola em 1994, tenho certeza que teria sido campeão
naquele ano, derrotando Michael. Afinal, o parceiro de Ayrton na equipe
Williams, Damon Hill, quase levou o campeonato naquele ano – não fosse aquela
questionável manobra de Michael em Adelaide, no fim da temporada, teria ganhado
– e, nos GPs antes de Imola, Ayrton tinha sido muito mais rápido que Damon.
Muitos especialistas já
disseram que Damon deveria ter ganhado em 1995 – mais uma vez, foi batido por
Michael. E finalmente Damon foi campeão em 1996, derrotando Michael de forma
limpa e inquestionável. Minha opinião é que, se Ayrton tivesse saído sem
ferimentos do acidente em Ímola, teria conquistado o título pela Williams em
todos esses anos – 1994, 1995 e 1996 –, o que resultaria em um total de seis
títulos, contra cinco de Michael. Na verdade, também poderia ser campeão pela
Williams em 1997, com 37 anos, no lugar de Jacques Villeneuve, chegando a sete
títulos mundiais. Mas, como disse, essa é só minha opinião.
Isso é o que a morte de Senna
significou para a F1. Mas o que ela significou para mim? Pergunta difícil, mas
vou tentar responder. Penso em Ayrton todo dia. Como homem de fé, sinto a
presença dele em minha vida, e ela me faz melhor. Quando vejo fotos dele,
especialmente sorrindo, ouço sua risada. Quando assisto a vídeos dele pilotando
um F1 – especialmente em Mônaco, onde superou em muito o que qualquer homem
jamais havia feito lá, ou fez depois – sinto a mais genuína admiração. De fato,
tinha um talento único. De fato, ele era brilhantemente rápido. De fato, jamais
veremos alguém como ele.
Tenho uma história que resume
bem Ayrton. Em 1992, eu o convenci a testar meu Penske da Indycar em Phoenix
uma pista oval curta. Antes de ele pilotar, ele pediu para eu dar algumas
voltas para ele observar de fora. Eu estava andando rápido, com médias acima de
274 km/h .
De repente, no meio da Curva Dois, eu passando a oito ou dez centímetros do
muro, ele enfia a cabeça por um vão da cerca, para ver melhor como eu saía da
curva.
Quando voltei aos boxes,
disse “Ayrton, você é louco! Eu podia ter arrancado sua cabeça! Você não sabe
que nas pistas ovais da Indy sempre passamos lambendo os muros?” Ele não
respondeu nada, mas, sempre quando lembro da conversa, vejo perfeitamente seu
sorriso irônico, escuto perfeitamente sua risadinha inconfundível.
FONTE PESQUISADA
FITTIPALDI, Emerson. A morte de Ayrton,
para a F1 e para mim. Disponível em: <http://motorshow.com.br/a-morte-de-ayrton-para-a-f1-e-para-mim/>.
Acesso em: 26 de agosto 2017.
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