MENINO AYRTON MARCOU MINHA VIDA"
Lucio Pascual Gascón. O "Tchê". mecânico' de kart
"Sou espanhol de Segóvia e cheguei ao Brasil (São
Paulo-SP) em março de 1960, coincidentemente
na semana do nascimento do menino Ayrton Senna da
Silva. Larguei o ofício de ferramenteiro para me dedicar a
preparar karts. Emerson Fittipaldi e José Car/os Pace
passaram por minha oficina. Mas aquele que marcou
minha vida foi o menino Ayrton. Tanto que em meu car-
tão (desde julho de 1973) uso uma foto da bandeirada
que dei na primeira vitória dele no kart. Me lembro até
hoje daquele menino franzino de 13 anos que me pediu
para consertar um motor em apenas dois dias. Os olhos
dele me imploravam para que eu desse o meu melhor. E
até hoje não sei o que me fez varar duas rnadruqadas .
para colocar o motor em ordem. E com esse motor ele
ganhou sua primeira corrida navida.
Desde então, Ayrton não me largou. Enquanto esteve no
kart, ele praticamente usava minha oficina como sua
casa. Esperto, para não me dividir com outros pilotos,
atendia aos têlefonemas e dizia que eu não estava. Em
mais de AO anos de kart, fiz muitos campeões, mas
nenhum como o Ayrton. Além de talentoso, ele era faná-
tico por treinar, sem ligar para chuvas e trovoadas. Os
poucos que iam para a chuva davam 15 voltas, ele dava
mais de 80. Por isso, vencia corridas. Em todo o tempo
em que estive com o Ayrton, minha única frustração foi
não tê-Io acompanhado no Mundial de Kart de 1979. Lá
no Estoril, ele foi roubado e teve que calar o bico porque
não tinha chefe de equipe.
O maior tesouro que tenho é uma carta escrita de pró-
prio punho pelo Ayrton me fazendo confidências sobre as
corridas européias de kart. Essa carta é tão valiosa que
eu a guardo num cofre, pois todo o resto que eu tinha do
Ayrton me foi roubado num assalto à oficina, em 1991."
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