REPORTAGEM
DIZ QUE VIVIANE SENNA SE PROJETOU NA MIDIA ATRAVÉS DO IRMÃO, POIS NINGUÉM A
CONHECIA.
VIVIANE SENNA, NA PISTA DO IRMÃO AYRTON
por Maya Santana
DATA: 29/03/2012
O piloto Ayrton
Senna teria completado 53
anos de idade no último dia 21 de março, se não tivesse perdido a vida no
circuito de Ímola, na Itália, naquele primeiro de maio de 1994. Logo
depois do acidente, sua irmã, Vivianne, mais velha dois anos, assumiu
todos os negócios relacionados com o piloto e criou a Fundação Ayrton
Senna. Na época do acidente, ela trabalhava como psicóloga e cuidava dos
três filhos.
“O Brasil não conhecia Viviane. Até que ela dissesse, o sobrenome conhecido, reconhecido e respeitado por japoneses, italianos, suíços, alemães, franceses e por gente que a gente nem imagina. Senna. Curto e sonoro. Marca e mito. Alçado ao pódio pelo irmão, o piloto Ayrton. Por batismo Senna da Silva, brasileiríssimo, uma chancela verde-amarela como a bandeira que tremulava em suas mãos vitoriosas. O Brasil não conhecia Viviane. Até que aquele violento acidente na curva Tamburello roubasse de Ayrton o direito de seguir vencendo. Senna se foi diante dos olhos aturdidos do mundo, naquele fatídico feriado de 1º de maio de 1994, na italiana Ímola.
Agora reparem no trecho da reportagem abaixo, que conta como surgiu a ideia do Instituto Ayrton Senna:
Faltava
alguns dias para começar a temporada de 1994 da Fórmula 1 e Ayrton Senna
refugiava-se no Brasil, como fazia todo ano, entre o fim de um campeonato
e o início do próximo. Estava no avião da família a caminho da casa em
Angra dos Reis, quando disse à irmã que pretendia ajudar as crianças do
país.
Não houve
tempo para uma segunda conversa. Nem sequer um rabisco sobre o projeto.
Nada. O silêncio precoce de Senna deixou mais essa lacuna. “Tivemos uma
conversa muito rápida, ele disse que queria ajudar crianças e jovens do Brasil
e pediu para eu
pensar em alguma coisa”, conta.
FONTE
50 e mais
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Esse ultimo trecho sublinhado
de vermelho da conversa provavelmente foi inventado por Viviane Senna. Ayrton
realmente estava com intenção de ajudar as crianças, e comentou com todos,
porém iria ajudar através da venda de sua revistinha Senninha. Ele nunca quis
propagar que ajudava, ele achava de péssimo gosto, está relatado em várias
biografias dele. E em vida não fundou nenhuma casa de caridade, nenhum
instituto. Viviane Senna induziu sua mãe e a família, o Brasil e o mundo que
Ayrton Senna praticamente fundou com ela o Instituto, “expressando seu desejo,
mas como não teve tempo, ela prosseguiu o "sonho" dele.” Inventou uma
bela história para comover a todos...
Adriane Galisteu, assim como
Senna ajuda muitas pessoas mas não sai se exibindo e criando institutos com
nomes alheios, com vida alheia. Senna sempre ajudou e nunca quis que ninguém
soubesse de nada. Ele não iria gostar de ter um instituto em seu nome. Isso tem
em varias biografias.
Um instituto trás muito
prestigio e muito dinheiro, a pessoa doa porque entra muito dinheiro pra conta
dela. Todo mundo sabe como funciona... O prestigio que acarreta faz com que as
empresas que a pessoa tem e tudo que ela faz consiga promoção para ela,
patrocínios. Se passa de bonzinho... Senna nunca quis isso... Ele nunca pensou em
ter um instituto em seu nome por causa dessas regalias.
Viviane Senna e Xuxa
AYRTON SENNA FAZENDO PROPAGANDA DE SENNINHA
Viviane aproveitou o sonho de
ajudar as crianças carentes que Ayrton tinha, ele ganharia cestas basicas para
doar as familias carentes e em troca colocaria propaganda das empresas
parceiras da ação beneficente em sua revistinha. Ele não queria dinheiro nenhum
em sua conta, como Viviane Senna faz hoje em dia, que as pessoas doam para
conta do Instituto e compra produtos do Ayrton Senna. Esse dinheiro todo vai
para a mão dela.
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No início, as doações emergiam na forma de cheques assinados por
Viviane - o primeiro milhão de generosidade foi sacado dos royalties da marca
Senna. O personagem Senninha, hoje reproduzido em mais de 200 produtos
populares, de batatas fritas a bicicletas, já garantia cifras respeitáveis. O
sobrenome mitológico se desdobrava por incontáveis objetos do desejo, de
relógios suíços (da marca Universal) a lanchas italianas (da fábrica Tullio
Abbate). Mas ela começou a dominar a arte de multiplicar dinheiro no momento em
que descobriu a palavra mágica: parceria.
Os modos tímidos e o discurso firme produziram uma boa receita de
sedução. Empresas privadas e estatais se renderam aos acenos da herdeira da
lenda. Ela não pode queixar-se da escassez de parceiros. Dos R$ 68 milhões que
o instituto arrecadou em quatro anos, R$ 41 milhões vieram do licenciamento de
produtos e R$ 27 milhões de parcerias. "Vieram das minhas alianças
estratégicas", corrige Viviane, que tem em caixa R $ 37 milhões à
espera de idéias. Que tampouco têm faltado: agora, empresários sobraçando
propostas aguardam espaço na agenda da dona do dinheiro.
Viviane emergiu do anonimato no enterro de Senna com um gesto
fortemente simbólico: agarrou o capacete do irmão com a fisionomia de quem
nunca mais iria largá-lo. Naquele momento, deixou para trás duas mulheres que
marcaram a vida do piloto. Xuxa, em cujos braços se apoiou, comovidíssima, nos
funerais, e Adriane Galisteu, que evitou, solenemente, na mesma ocasião. A
primeira manteve um breve romance com Senna. Tinha beleza, fama e fortuna
suficientes para encarar um casamento de conto de fadas. Fora isso, gozava da
simpatia da família do piloto - em especial, de Viviane. O namoro não prosperou
e cada um seguiu em sua própria pista.
"As pessoas me acham uma dondoca, uma moça fresca." ,
lembra Viviane
Adriane construiu um belo patrimônio em quatro anos e hoje
orgulha-se de faturar algo em torno de R$ 100 mil por mês. "Nunca precisei
ficar vendendo boneco, capacete nem chaveiro para me estabelecer", ataca a
ex-namorada. Ameniza apenas num ponto. "Reconheço que o Ayrton abriu as
portas para mim. Depois, venci pelo meu trabalho."
Dona Neyde Senna não
confirma que Ayrton pediu para Viviane Senna fazer um Instituto como ela diz
Na época, difundiu-se a versão de que caberia a Viviane cuidar
dessas atividades assistenciais para atender a uma determinação expressa do
irmão. A versão é retocada pela mãe. "Ela e o Lalli sempre se incomodaram
com a situação do país. Reclamavam demais da desigualdade", diz Neide
Senna.
No entanto Viviane continua
confirmando a mesma historia que Ayrton Senna pediu para ela fazer o Instituto
antes de morrer.
A irmã confirma que tratou desse assunto com Ayrton dois meses
antes do drama de Ímola. "Estávamos na nossa casa, em Angra dos Reis, e o
Beco pediu que eu pensasse em alguma forma de ajuda", recorda.
"Ficamos de conversar quando ele voltasse da Europa. Não houve
tempo." Só houve tempo para interditar as contas bancárias do irmão e
canalizar as verbas publicitárias para uma fundação em Londres. Depois , a
família centralizou a operação no Brasil, e o escritório londrino passou a
funcionar como depósito de contratos. A executiva talentosa que habitava a
retraída Viviane aflorou nos anos seguintes - e a levou muito além das
fronteiras do assistencialismo.
Os Bens Deixados Por Ayrton
Senna
Além do instituto, a holding da família abarca uma distribuidora
de carros Audi, uma concessionária Ford, uma importadora de eletrodomésticos,
uma empresa de serviços telefônicos, fazendas, jatos, helicópteros e dúzias de
imóveis. Cada Senna cumpre seu papel. O patriarca é o presidente e cuida das
fazendas. A mãe organiza um memorial para o filho. Fábio Machado, sobrinho
favorito, é o executivo do grupo. O caçula, Leonardo, 33 anos, é o diretor da
Senna Import. "O instituto é coisa da minha irmã", confirma.
"Não interferimos no que é feito com o dinheiro dos licenciamentos. Ela o
emprega, e bem."
O avião de Viviane está pronto para taxiar. Em terra, ela costuma
circular a bordo de um vistoso Audi preto 2.8. Na semana passada, seguida por
dois seguranças, pilotou-o rumo à sede do banco Merryll Lynch, na Avenida
Paulista, no coração financeiro da capital. Lá, distribuiu charme numa mesa de
reuniões que juntou diretores do próprio Merryll Lynch, do Chase Manhattan, do
BankBoston, do JP Morgan, do Santander e do Lloyds. Os executivos livraram-se,
por duas horas, de comentários sobre CPIs e trapalhadas do mercado financeiro.
Terminado o encontro, pareciam conformados com a certeza de que terão de abrir
a carteira.
Disposta a ancorar o instituto no hábitat do irmão, ela celebrou
uma aliança estratégica com nomes de peso no mundo da velocidade. Figuram no
conselho da fundação o ex-campeão Alain Prost, com quem Senna se reconciliara
pouco antes da morte, o construtor Frank Williams, dono da última escuderia que
defendeu, e Ron Dennis, chefão da McLaren, que festejou com o ídolo brasileiro
o tricampeonato da Fórmula 1. Todos são minuciosamente informados da situação
do instituto, recebem balancetes e opinam sobre projetos. "Mas as decisões
são minhas", ressalva a comandante.
O lado pessoal de Viviane está descompensado". Sobra pouco
tempo para os três filhos - Bianca, 19 anos, Bruno, 15, e Paula, 13 - do
casamento com Lali, seu primeiro namorado. A viuvez é considerada assunto
particularíssimo. "Sinto falta de alguém", deixa escapar. Pára por aí
e recoloca a blindagem com que cerca as coisas do coração.
FONTE
Revista Época 1999
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