quarta-feira, 15 de maio de 2013

A Batida de Senna em Mônaco 1988

GP de Mônaco: Monte Carlo, 15 de Maio de 1988



GP número 67 de sua vitoriosa carreira

Ninguém discutia quem seria o pole position em Mônaco. A expectativa era pra ver quem estaria ao lado de Ayrton Senna na primeira fila. Foi Alain Prost (McLaren-Honda) novamente, mas dessa vez com a considerável, e incômoda, diferença de 1,5 segundo equivalente a uma vantagem de até 200 metros de distância. Para Senna, que se sentia tranqüilo com uma folga de três segundos e à vontade para resistir a pressão de adversários um grande prêmio inteiro, com direito até para errar marchas, a vantagem era sinônimo de vitória. E quase foi.

Nice Matin, jornal da Côte D’Azur francesa, saiu na segunda-feira, dia 16 de maio, com a seguinte manchete: “Senna venceu o Grande Prêmio de Monte Carlo e Prost ficou com a vitória”. De fato, Ayrton senna fez quase tudo certo: foi sempre superior nos treinos, estivessem as ruas de Monte Carlo secos ou molhadas. Marcou a 19ª pole position e largou esplendidamente, abrindo logo na primeira volta uma vantagem de 1s270 sobre Gerhard Berger (Ferrari), que pulou para a segunda posição na saída. Na volta 67, estava a quase um minuto de vantagem sobre Prost, àquela altura seu perseguidor mais próximo.

Ah, a volta 67! Até ali, Senna tinha sido perfeito e comandava o espetáculo. Era tão clara a sua superioridade que os jornalistas franceses, inconformados com essa supremacia, chegaram a questionar Alain Prost, seu maior ídolo. Nem os jornalistas franceses, nem os 90 mil torcedores de Mônaco, nem Alain Prost, nem Ayrton Senna, ninguém entendeu, de pronto e com clareza, o que aconteceu naquela curva antes da entrada do túnel.

De repente, a monotonia acabou em Mônaco. Na 67ª volta, faltando onze para o final, Ayrton Senna bateu perto da curva do cassino. Desconcentrou-se quando tinha folgados 58 segundos de vantagem sobre Alain Prost e jogou fora aquela que seria uma das suas vitórias mais fáceis. Irritado com a estupidez, saltou do carro e, sem tirar o capacete, para esconder a raiva e a decepção, rumou para seu apartamento no Boulevard Princesa Grace, a 400 metros da curva da barbeiragem.

Ayrton Senna não se considerava supersticioso, mas, sempre que possível, evitava passar por aquela curva no caminho da sua casa em Monte Carlo. Inclusive a pé.

No final da corrida, foi Alain Prost que surpreendeu ao falar sobre Ayrton Senna, seu único rival ao título naquela temporada: “Em condições idênticas e com carros iguais, Senna é mais rápido do que eu”, reconheceria Prost no alto de seu recorde de trinta vitórias na Fórmula 1.

Alain Prost tinha sido apenas prudente naquele GP de Mônaco. Travou com Gerhard Berger o duelo mais bonito da corrida, brigando por um segundo lugar que era, àquela altura, a única coisa possível com Senna na pista.

“Estava satisfeito com o segundo lugar”, afirmou o francês depois. “Não forcei nada e demorei acreditar quando vi o carro de Senna estourado na curva Portier.” Suas palavras tinha modéstia e insistiam em ressaltar a prudência que faltou a Senna e também a Nelson Piquet e Nigel Mansell, pilotos que ficaram pelos guard-rails.

Pra Prost, bicampeão do mundo, Senna vivia um período de graça, de fantástica motivação rumo ao título. “Todos estão esperando esse confronto entre os pilotos da McLaren”, disse Prost, “mas eu sou o mais curioso de todos”.

Elogios, porém, não ganham grandes prêmios. Quem tem cabeça, como Prost, sabe disso. Na ânsia de vencer, Senna jogou fora um triunfo fácil. Quem, com meio circuito de vantagem sobre o segundo colocado, a onze voltas do final, continuaria acelerando forte? O mais prudente seria negociar com o cronômetro e o acelerador e apenas desfilar para uma vitoria tranqüila e espetacular, repetindo o triunfo de 1987.

Esta, porém, não era a filosofia de Ayrton Senna. Para que passou dois dias raspando os muros do “S” da piscina, nas curvas fechadas das duas chicanes ou nas estreitas passagens do cassino, refrescar era feio. Para ele, que tinha um carro como o MP4, o desafio era pulverizar os recordes daquele circuito traiçoeiro. Só lhe faltou a vitória, a qual deu de bandeja ao adversário mais terrível: Alain Prost, o inimigo de plantão.





Um comentário:

  1. Uma coisa eu tenho certeza, Senna só bateu pq os imbecis dos engenheiros e talvez Ron Denis ficaram enchendo o saco dele no rádio, fazendo com que ele perdesse a concentração.

    ResponderExcluir