Adriane Galisteu em 1994 promovendo o livro Caminho das Borboletas
Adriane Galisteu
DEPOIS DA DOR O RECOMEÇO
Por Adriana Marmo
Ainda abalada com a morte do piloto Ayrton Senna, sua última
namorada lança um livro lembrando dos momentos que passou com o tricampeão
Adriana Marmo: Porque você decidiu fazer este livro?
Adriane Galisteu: Descobri que esta história não pertencia
só a mim. Recebi muitas cartas e telefonemas de fãs pedindo para que eu
aparecesse. Além disso, minha dor foi dividida com muita gente. Era justo
dividir a alegria com todos eles, já que a narrativa é muito alegre.
Adriana Marmo: Além de, como você diz, querer dar uma
satisfação aos fãs do Ayrton, existe uma razão financeira?
Adriane Galisteu: Este livro também tem a função de me
ajudar financeiramente, é claro. Depois da morte dele, fiquei realmente sem
nada, pois vivi a vida do Ayrton um ano e meio e deixei a minha de lado, sem
nunca imaginar que uma tragédia pudesse acontecer. De repente tudo acabou e eu
fiquei completamente sem rumo. Depois de um mês, pensei: “Preciso voltar a
fazer alguma coisa, seja o que for”. Meu trabalho antes era de modelo, mas
seria muito esquisito voltar a esse trabalho. Primeiro porque eu não tinha
condições psicológicas: para se ter uma idéia, eu nem penteava os cabelos. Foi
então que decidi fazer o livro.
Adriana Marmo: Você ficou sem nada. Como conseguiu viver
estes meses?
Adriane Galisteu: É que eu estava em Portugal escrevendo o
livro e a editora me deu um adiantamento. (Nesse momento, Adriane põe a mão no
ombro da repórter.) – Não se preocupe, quanto a isto eu estou bem. Tenho amigos
que não me deixam só, que me amparam.
Adriana Marmo: E a família Senna?
Adriane Galisteu: Eu não tenho mais contato. Tive contato
até um mês depois da morte.
Adriana Marmo: O que todo mundo viu é que, durante o
velório, você foi “abandonada”? (Adriane corta a pergunta e responde nervosa)
Adriane Galisteu: Na realidade, eu não gosto de falar desse
assunto. Não falo hoje, não falo amanhã, não falo nunca. Meu ponto de vista é:
naquela hora, nós não estávamos ali para as pessoas notarem nada, eu jamais
iria cobrar uma atitude, um olhar, um gesto da família. Eu respeito a dor deles
e acho que o que aconteceu foi fato, todo mundo viu. Não tenho o que desmentir,
só que para mim está tudo bem, eu não tenho nenhuma mágoa, estou tocando minha
vida para frente, sei que eu sou uma imagem muito forte do Ayrton. A gente
sofre cada um do seu jeito.
FONTE: Revista Contigo - Novembro de 1994
Livro Caminho das Borboletas
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