quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Recomeço de Adriane Galisteu



Adriane Galisteu em 1994 promovendo o livro Caminho das Borboletas


Adriane Galisteu

DEPOIS DA DOR O RECOMEÇO

Por Adriana Marmo

Ainda abalada com a morte do piloto Ayrton Senna, sua última namorada lança um livro lembrando dos momentos que passou com o tricampeão

Adriana Marmo: Porque você decidiu fazer este livro?

Adriane Galisteu: Descobri que esta história não pertencia só a mim. Recebi muitas cartas e telefonemas de fãs pedindo para que eu aparecesse. Além disso, minha dor foi dividida com muita gente. Era justo dividir a alegria com todos eles, já que a narrativa é muito alegre.

Adriana Marmo: Além de, como você diz, querer dar uma satisfação aos fãs do Ayrton, existe uma razão financeira?

Adriane Galisteu: Este livro também tem a função de me ajudar financeiramente, é claro. Depois da morte dele, fiquei realmente sem nada, pois vivi a vida do Ayrton um ano e meio e deixei a minha de lado, sem nunca imaginar que uma tragédia pudesse acontecer. De repente tudo acabou e eu fiquei completamente sem rumo. Depois de um mês, pensei: “Preciso voltar a fazer alguma coisa, seja o que for”. Meu trabalho antes era de modelo, mas seria muito esquisito voltar a esse trabalho. Primeiro porque eu não tinha condições psicológicas: para se ter uma idéia, eu nem penteava os cabelos. Foi então que decidi fazer o livro.

Adriana Marmo: Você ficou sem nada. Como conseguiu viver estes meses?

Adriane Galisteu: É que eu estava em Portugal escrevendo o livro e a editora me deu um adiantamento. (Nesse momento, Adriane põe a mão no ombro da repórter.) – Não se preocupe, quanto a isto eu estou bem. Tenho amigos que não me deixam só, que me amparam.

Adriana Marmo: E a família Senna?

Adriane Galisteu: Eu não tenho mais contato. Tive contato até um mês depois da morte.

Adriana Marmo: O que todo mundo viu é que, durante o velório, você foi “abandonada”? (Adriane corta a pergunta e responde nervosa)

Adriane Galisteu: Na realidade, eu não gosto de falar desse assunto. Não falo hoje, não falo amanhã, não falo nunca. Meu ponto de vista é: naquela hora, nós não estávamos ali para as pessoas notarem nada, eu jamais iria cobrar uma atitude, um olhar, um gesto da família. Eu respeito a dor deles e acho que o que aconteceu foi fato, todo mundo viu. Não tenho o que desmentir, só que para mim está tudo bem, eu não tenho nenhuma mágoa, estou tocando minha vida para frente, sei que eu sou uma imagem muito forte do Ayrton. A gente sofre cada um do seu jeito. 

FONTE: Revista Contigo - Novembro de 1994

Livro Caminho das Borboletas

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