segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O brasileiro Ayrton Senna e a namibiana Aline Armas



Em 01.05.1994, eu e Ann estávamos em São Paulo, quando ouvimos o anúncio da morte de Ayrton Sena. Saímos às ruas e a cidade velava: vazia.

As poucas pessoas com quem cruzávamos na Av. São Luiz estavam com o semblante carregado de luto: o Brasil acabara de perder, tragicamente, um dos seus mais queridos heróis.

> Ímola, 1994

Contam as crônicas da F1 que quando Senna era socorrido na fatídica curva Tamburello, em Ímola, um carro vermelho rompeu as bandeiras vermelhas, o piloto saltou e correu até o helicóptero onde Senna agonizava.
O piloto era Érik Comas, que ficou transtornado com o que viu e abandonou a prova. Não só a prova: Comas, no final de 1994, abandonou a F1.

> Bélgica, 1992

Ayrton Senna salvando a vida de Eric Comas


Em 1992, durante os treinos do GP da Bélgica, Ayrton Senna fazia a curva Blanchimont, quando o pneu dianteiro da Ligier que estava a sua frente soltou e atingiu a cabeça do piloto. A Ligier, desgovernada, rodou em chamas.
Ayrton Senna, que como os outros contavam pontos para a largada, abandonou a prova e correu para socorrer o piloto: era Érik Comas, que considera ter sido salvo pela solidariedade de Senna, que ao notar que Comas estava desacordado com o pé no acelerador, desligou o motor para evitar uma iminente explosão.



Senna também evitou que Comas sufocasse ao alinhar-lhe o pescoço para facilitar a respiração, até a equipe médica chegar.

> Aline Armas

Ontem (10) pela manhã, a namibiana Alina Armas corria a maratona feminina do Mundial de Atletismo em Moscou, quando a sua arquirrival na prova, a também namibiana Beata Naigambo, que estava a sua frente, não suportando a sensação térmica de 45º C, despencou na pista ao desmaiar em plena carreira, aos 16 minutos de prova.

Alina Armas freou a corrida que poderia lhe consagrar um ouro, para socorrer a companheira. Carregou-a para fora das raias e gritou por socorro, enquanto as demais atletas passavam.


Depois que a equipe médica levou Naigambo, Armas voltou às raiais e terminou a prova, mas tudo o que conseguiu foi um 25º lugar.

O Comitê Mundial de Atletismo fica devendo um ouro especial a Aline Armas, pela solidariedade de renunciar a uma vitória para a qual ela se preparou a vida inteira.

A atitude de Armas em 2013 e a de Senna em 1992 desvelam a verdadeira e original face do espírito esportivo, quando a solidariedade humana se sobrepõe ao impulso da competitividade a qualquer custo.



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