Em 01.05.1994, eu e Ann estávamos em São Paulo,
quando ouvimos o anúncio da morte de Ayrton Sena. Saímos às ruas e a cidade
velava: vazia.
As poucas pessoas com quem cruzávamos na Av. São
Luiz estavam com o semblante carregado de luto: o Brasil acabara de perder,
tragicamente, um dos seus mais queridos heróis.
> Ímola, 1994
Contam as crônicas da F1 que quando Senna era
socorrido na fatídica curva Tamburello, em Ímola, um carro vermelho rompeu as
bandeiras vermelhas, o piloto saltou e correu até o helicóptero onde Senna
agonizava.
O piloto era Érik Comas, que ficou transtornado
com o que viu e abandonou a prova. Não só a prova: Comas, no final de 1994,
abandonou a F1.
> Bélgica, 1992
Ayrton Senna salvando a vida de Eric Comas
Em 1992, durante os treinos do GP da Bélgica,
Ayrton Senna fazia a curva Blanchimont, quando o pneu dianteiro da Ligier que
estava a sua frente soltou e atingiu a cabeça do piloto. A Ligier,
desgovernada, rodou em chamas.
Ayrton Senna, que como os outros contavam pontos
para a largada, abandonou a prova e correu para socorrer o piloto: era Érik
Comas, que considera ter sido salvo pela solidariedade de Senna, que ao notar
que Comas estava desacordado com o pé no acelerador, desligou o motor para
evitar uma iminente explosão.
Senna também evitou que Comas
sufocasse ao alinhar-lhe o pescoço para facilitar a respiração, até a equipe
médica chegar.
> Aline Armas
Ontem (10) pela manhã, a namibiana Alina Armas
corria a maratona feminina do Mundial de Atletismo em Moscou, quando a sua
arquirrival na prova, a também namibiana Beata Naigambo, que estava a sua
frente, não suportando a sensação térmica de 45º C, despencou na pista ao
desmaiar em plena carreira, aos 16 minutos de prova.
Alina Armas freou a corrida que poderia lhe
consagrar um ouro, para socorrer a companheira. Carregou-a para fora das raias
e gritou por socorro, enquanto as demais atletas passavam.
Depois que a equipe médica levou Naigambo, Armas
voltou às raiais e terminou a prova, mas tudo o que conseguiu foi um 25º lugar.
O Comitê Mundial de Atletismo fica devendo um
ouro especial a Aline Armas, pela solidariedade de renunciar a uma vitória para
a qual ela se preparou a vida inteira.
A atitude de Armas em 2013 e a de Senna em 1992
desvelam a verdadeira e original face do espírito esportivo, quando a
solidariedade humana se sobrepõe ao impulso da competitividade a qualquer
custo.
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