Betise Assumpção
trabalhou com Ayrton Senna de 1990 até a morte do piloto em no circuito de
Imola, em 1994
Aretha Martins - iG São Paulo | 01/12/2013
07:00:00
Ayrton Senna foi o primeiro
piloto da Fórmula 1 a
contar com um assessor de imprensa exclusivo. E no mundo machista do
automobilismo, ele escolheu uma mulher para a função. Betise Assumpção ficou ao
lado de Senna de 1990 até acidente fatal em Imola, em 1994, e aprendeu a domar o
tricampeão mundial. “Demorou um ano e meio ou dois para ele entender que eu não
queria só puxar o saco e que estava lá para fazer o que estavam me pagando, que
era fazer com que ele tivesse uma relação melhor com a imprensa”, afirma
Betise.
Betise Assumpção ao lado de
Ayrton Senna no GP da Austrália, em 1993. Adriane Galisteu está de pé também ao lado de Ayrton. Arquivo Pessoal.
A jornalista elogia a postura
de Senna, mas lembra que teve trabalho problemas no começo. “Ele era muito
tranquilo e educado. Ele tinha bom senso e sabia escutar. Nunca tivemos um
arranca-rabo, mas imagino que mais por ele do que por mim”, resume Betise. “Mas
o relacionamento dele com a imprensa era péssimo. Ele tinha brigado com todo
mundo e a imprensa o via como um mimado, um terceiro mundista e que achava que
podia fazer o que queria”, lembra a jornalista.
O trabalho, que também era
novo para Betise, já que era a primeira vez que ela atuava como assessora de
imprensa e não apenas como jornalista. E a maior dificuldade foi fazer Senna
entender a imprensa e aprender a lidar com todos os jornalistas. “A primeira
vez que ele veio reclamar sobre a imprensa, que não tinha paciência e que não
iria falar com jornalista, eu respondi: ‘Você quer que eu fale o que quer ouvir
ou o que me paga para ouvir?’. Ele me olhou com uma cara... Ele era rodeado de
gente que só falava sim, como acontece até hoje com esses caras famosos, mas eu
falava a realidade e mostrava uma saída, uma solução”, conta.
Ayrton Senna e Betise Assumpção
Ela conheceu Senna quando
trabalhava para revistas aqui no Brasil. Em 1986, ele foi eleito o esportista
do ano pela revista Placar, da editora Abril, e Betise foi quem fez o
especial sobre o piloto. Um ano depois ela foi para a Londres para estudar
inglês e buscar novas oportunidades como jornalista. Lá, reencontrou o piloto.
“Fui ao torneio de Wimbledon
e o encontrei totalmente sem querer. Ele era muito amigo de um colega da minha
irmã. Era um sábado e ele perguntou se eu não queria jantar com ele no dia
seguinte. Era uma despedida para o pessoal da Honda. Depois do jantar, ele até
acabou nos dando carona para casa e eu contei os planos que tinha, de trabalhar
na Inglaterra. Em 89, o pai dele me ligou e me ofereceu o emprego para
trabalhar com ele”, diz a jornalista.
Betise acompanhava os passos
de Senna, mas mantinha certa distância. “Uma vez ele pediu para eu o chamasse
de Beco [apelido de infância do piloto]. Disse que estava honrada por ele me
considerar assim tão íntima, mas que não conseguiria. Só quem o chamava de Beco
era a mãe, a irmã e os amigos de infância”, afirma. “A gente ficou Ficamos bem amigos,
mas não de passar férias juntou ou sair para jantar. Eu fazia questão de não
ser amiguinha até para não perder a capacidade de chegar e falar: ‘Não é assim
que se faz’”, continua.
A assessora teve que agir,
por exemplo, em um episódio que ganhou as páginas de jornais. No GP de Suzuka,
no Japão, em 1993, Eddie Irvine, que era retardatário, não deixou Ayrton Senna
ultrapassar. O brasileiro ganhou a corrida, mas Betise ouviu o piloto novato
comentando a disputa depois da prova. “Passei por ele e escutei algo do tipo:
‘Só porque o cara é campeão eu vou deixar passar? ’. Voltei para a cabine da
McLaren, que era pequena como um banheiro, e lá estavam Senna e Giorgio
[Ascanelli, engenheiro da equipe]. Estava tudo bem e comentei o que tinha
ouvido. Aí foi o meu erro. Eu nem terminei a frase e o Ayrton saiu correndo
para a cabine da Jordan e saia fumaça da orelha dele. Fomos eu e o Giorgio
atrás”, conta Betise.
Ela ainda fala que o
brasileiro já chegou brigando com Irvine. “O cara virou e falou: ‘Se você fosse
bom mesmo, teria me passado’”. Nessa hora, o Ayrton deu um tapa na cara dele e
todo mundo o segurou, não deu tempo de dar o segundo”, completa.
Foi então o momento de a
assessora trabalhar. Na cabine da Jordan estavam apenas Irvine e duas pessoas.
Mas a persiana estava aberta e quem estava de fora viu toda a cena. Não tinha
como ignorar a briga. “A gente conversou um dia depois e ele estava ainda muito
bravo. Disse que teria que pedir desculpas, mas ele não queria de jeito nenhum.
Mesmo assim, foi um papo normal, sem ele se exaltar. Depois, conversou com a
FIA também e optamos por uma coletiva no GP seguinte, na Austrália. Ele sabia o
que deveria fazer. Acha que em algum momento pensou que fosse mesmo certo bater
no cara?”, lembra Betise.
Um ano anestesiada sem Ayrton
Ayrton Senna em 1994, ano em
que correu pela Williams
A primeira e a última corrida
de Betise Assumpção ao lado de Senna, coincidentemente, foram em Imola. No
final de semana do acidente fatal, em 1994, ela pouco conversou com o piloto.
Segundo a assessora, ele ficou muito abalado com a batida de Rubens Barrichello
e, depois, com a morte de Roland Ratzenberger após acidente nos treinos.
“Ele queria saber como
Rubinho estava. Ele foi ao centro médico, pulou arame farpado para ver Rubinho
porque achou que estavam mentido e que ele tinha morrido. No dia seguinte, ele
arrumou um jeito de ir lá ver se o cara estava morto, e ele estava. Depois, o
Ayrton estava praticamente mudo, olhando para a parede”, conta Betise.
“No dia da corrida ele só deu
um bom dia e não falou com ninguém. Entrei no motor home e perguntei se poderia
fazer alguma coisa, mas ele disse que não. Eu estava sentada meio perto e fiz
um carinho no cabelo dele. Nunca tinha feito isso na vida. Ele estava péssimo e
só levantou a cabeça, me olhou no olho e disse obrigado. Eu saí”, detalha.
Betise ainda fala que os
pilotos já se incomodavam com o circuito de Imola e pensavam em lutar por
reformas. “Não pensou que fosse morrer ou nada assim. Bobagem. Acho que ele devia
estar pensando que poderia ter feito alguma coisa (com relação a mudanças na
pista). Ele era assim, se sentia responsável e se via alguma coisa, achava que
era ele quem poderia arrumar”, comenta.
Ela ficou com a família Senna
até setembro daquele ano. “Eu fiquei um ano meio anestesiada. Fazia ginástica
cinco vezes por semana e isso me ajudou a não cair em depressão. Tinha perdido
tudo. Não era só um emprego, era o status. Antes eu era a assessora do Ayrton
Senna, depois era uma frella fazendo materinhas. Ainda bem que era responsável
e tinha dinheiro no banco”, afirma.
A jornalista ainda seguiu
ligada à Fórmula 1. Em agosto de 1994 começou a namorar Patrick Head,
co-fundador da Williams. Eles se casaram três anos depois, ficaram juntos até
2009 e têm dois filhos: Luke, de 15 anos, e Julia, de 12. Betise deixou a
assessoria de pilotos, mas segue morando em Londres e ainda é ligada ao mundo
dos esporte. Ela montou a sua empresa em 2011, trabalhou nos Jogos Olímpicos de
2012 e, agora, quer atuar no Rio 2016, trabalhando a imagem do Brasil e dos
Jogos no exterior.
FONTE PESQUISADA
***
Betize e Adriane
Da família Senna Adriane teve apenas desprezo e ingratidão, de Betize ela teve carinho, compaixão e amor.
Betize Assumpção é a mulher que aparece
o tempo inteiro ao lado de Adriane no funeral de seu patrão Ayrton Senna.
Enquanto a família Senna desprezava
Adriane, e amparava Xuxa, Betize se manteve firme a seu lado em tempo integral.
Betize Assumpção deu total assistência a
Adriane Galisteu no funeral de Ayrton. Esse foi seu último trabalho para o
campeão. Deu apoio a sua futura esposa. Ela diz na matéria que ficou de maio de
1994, mês da morte de Ayrton, até setembro desse mesmo ano. Logo em seguida,
revela o livro “Ayrton Senna Saudade” de Francisco Santos, Betize foi
dispensada pela família Senna. Eles não a aproveitaram em nenhum projeto
futuro, seja com a fundação Ayrton Senna ou em outros negócios que o
tri-campeão deixou, contra a sua vontade, de herança para a parentada. Postura
que foi muito criticada na época pela imprensa nacional e internacional,
juntamente com o desprezo da família a Adriane.
A família Senna não fez papel de
bonzinho ao deixá-la, após a morte de seu ex-patrão, de maio a setembro de 1994
no cargo. Na verdade eles precisavam dela ainda, nesse período. Adriane não,
foi escorraçada no dia da morte dele, mas Betize ainda era útil. Eles precisavam
dela para a transição de algumas coisas referentes a Ayrton, que só a
ex-assessora de Senna tinha conhecimento. Uma vez que não precisavam mais dela,
a despediram.
A ex-assessora de Ayrton Senna parece
manter o mesmo respeito que Adriane tem por eles, de não expor tudo que
causaram de mal a ela.
Do autor do Blog Senna Vive
FOTOS
ENQUANTO A FAMÍLIA SENNA AMPARAVA XUXA...
...BETIZE ASSUMPÇÃO DAVA TODA A ASSISTÊNCIA A QUEM REALMENTE PRECISAVA ADRIANE GALISTEU.
Betize o tempo todo ao lado de Adriane
MAIS FOTOS
Betise, caráter talento e competência. Foi minha foca por pouco tempo no Estadão,onde tive orgulho enorme de trabalhar com seu pai, Henrique.
ResponderExcluirSaudações
Moacyr Castro