Em 21 de março de 1960 nascia
Ayrton Senna da Silva, um grande sonhador de coração muito bom...
– Se contar, eu nego.
Esta era a condição inegociável que Ayrton Senna exigia paraajudar as pessoas por quem se sensibilizava. Sigilo total. Imprensa, jamais. Uma discrição absoluta que se estendia até mesmo para o âmbito da família e dos assessores de confiança. Um compromisso que perdurou depois de sua morte, a ponto de dona Neyde Senna, mãe de Ayrton, mais de uma década depois de sua morte, continuar declinando educadamente quando alguém sugerisse que ela tornasse, enfim, públicos certos gestos de caridade do filho.
Julian Jakobi, empresário de Ayrton, não revelou os valores, mas confirmou que ele, de tempos em tempos, costumava ligar de algum lugar do planeta e pedir que doasse dinheiro para instituições ou pessoas. Durante os conflitos da Bósnia, no início dos anos 90, Senna ligou e orientou Julian para que ele ajudasse as crianças vítimas da guerra. E, como sempre, determinou:
– Não fala nada disso para o Fabio.
O primo Fabio Machado, principal responsável pelos negócios de Ayrton no Brasil, não ficava sabendo. E quando recebia ordem de Senna para mandar dinheiro para alguma pessoa ou instituição no Brasil ou do exterior, ela também vinha acompanhada de uma determinação:
– Não fala nada disso para o Julian.
Todas as pessoas íntimas de Ayrton guardavam a mesma impressão: Ayrton detestava a possibilidade de seus gestos de caridade serem interpretados como promoção pessoal. Por isso, poucas pessoas souberam que, depois de uma reunião com Senna em seu escritório de São Paulo, no início dos anos 90, diretores da Apae, do Hospital do Câncer e da AACD receberam, cada um, cem mil dólares. Nem todos os beneficiados conseguiram manter o compromisso de calar sobre sua generosidade.
A preocupação ia das crianças hemofílicas de São Paulo aos índios e seringueiros da reserva extrativa de Alto Juruá, no Acre, que receberam, em 1994, cerca de cinqüenta mil dólares para a formação de uma equipe médica para a reserva.
Em alguns momentos, a decisão de ajudar foi precedida de momentos de profundo sofrimento. Como no dia em que Ayrton visitou uma entidade de assistência a crianças portadoras de graves deficiências. De tão chocado com o quadro que viu, três irmãos portadores de graves deformações, Ayrton começou a passar mal e foi amparado pelas crianças que ele ajudaria. Voltou para a casa dos pais devastado com o que vira.
A reação do filho não surpreendeu dona Neyde. Desde a infância, Ayrton demonstrava um sentimento genuíno de compaixão pelos desfavorecidos. Como no dia em que um dos meninos pobres que moravam perto de sua casa, em Santana, bateu à porta. Era um Natal no final dos anos 60. Dona Neyde descobriu, nas palavras do menino, que Ayrton tinha cuidado do presente dele:
– Vim buscar a bicicleta.
Extraído do livro “Ayrton – o herói revelado”, de Ernesto Rodrigues (Editora Objetiva).
– Se contar, eu nego.
Esta era a condição inegociável que Ayrton Senna exigia paraajudar as pessoas por quem se sensibilizava. Sigilo total. Imprensa, jamais. Uma discrição absoluta que se estendia até mesmo para o âmbito da família e dos assessores de confiança. Um compromisso que perdurou depois de sua morte, a ponto de dona Neyde Senna, mãe de Ayrton, mais de uma década depois de sua morte, continuar declinando educadamente quando alguém sugerisse que ela tornasse, enfim, públicos certos gestos de caridade do filho.
Julian Jakobi, empresário de Ayrton, não revelou os valores, mas confirmou que ele, de tempos em tempos, costumava ligar de algum lugar do planeta e pedir que doasse dinheiro para instituições ou pessoas. Durante os conflitos da Bósnia, no início dos anos 90, Senna ligou e orientou Julian para que ele ajudasse as crianças vítimas da guerra. E, como sempre, determinou:
– Não fala nada disso para o Fabio.
O primo Fabio Machado, principal responsável pelos negócios de Ayrton no Brasil, não ficava sabendo. E quando recebia ordem de Senna para mandar dinheiro para alguma pessoa ou instituição no Brasil ou do exterior, ela também vinha acompanhada de uma determinação:
– Não fala nada disso para o Julian.
Todas as pessoas íntimas de Ayrton guardavam a mesma impressão: Ayrton detestava a possibilidade de seus gestos de caridade serem interpretados como promoção pessoal. Por isso, poucas pessoas souberam que, depois de uma reunião com Senna em seu escritório de São Paulo, no início dos anos 90, diretores da Apae, do Hospital do Câncer e da AACD receberam, cada um, cem mil dólares. Nem todos os beneficiados conseguiram manter o compromisso de calar sobre sua generosidade.
A preocupação ia das crianças hemofílicas de São Paulo aos índios e seringueiros da reserva extrativa de Alto Juruá, no Acre, que receberam, em 1994, cerca de cinqüenta mil dólares para a formação de uma equipe médica para a reserva.
Em alguns momentos, a decisão de ajudar foi precedida de momentos de profundo sofrimento. Como no dia em que Ayrton visitou uma entidade de assistência a crianças portadoras de graves deficiências. De tão chocado com o quadro que viu, três irmãos portadores de graves deformações, Ayrton começou a passar mal e foi amparado pelas crianças que ele ajudaria. Voltou para a casa dos pais devastado com o que vira.
A reação do filho não surpreendeu dona Neyde. Desde a infância, Ayrton demonstrava um sentimento genuíno de compaixão pelos desfavorecidos. Como no dia em que um dos meninos pobres que moravam perto de sua casa, em Santana, bateu à porta. Era um Natal no final dos anos 60. Dona Neyde descobriu, nas palavras do menino, que Ayrton tinha cuidado do presente dele:
– Vim buscar a bicicleta.
Extraído do livro “Ayrton – o herói revelado”, de Ernesto Rodrigues (Editora Objetiva).
“Eu tenho saudade do que não vivi. Tenho saudade de lugares onde não fui e de pessoas que não conheci. Tenho saudade de uma época que não vivenciei, lembranças de um tempo que mesmo sem fazer parte do meu passado, marcou presença e deixou legado...”. - Rui Barbosa
FONTE PESQUISADA
RODRIGUES, Ernesto. Ayrton, o herói revelado. Edição 1. Rio de Janeiro: Editora
Objetiva, 2004.
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