quarta-feira, 7 de maio de 2014

Pessoas Próximas de Ayrton Senna Falam de Adriane Galisteu


Abaixo depoimentos retirados do livro “Ayrton, o herói revelado” de Ernesto Rodrigues:

Walderez Zanetti, hoje com 70 anos, cabelereira e amiga de Ayrton Senna


Para Walderez Zanetti, a fiel e discreta cabeleireira, Senna, no início, ficou "um pouco preocupado com o noticiário":
"Mas rapidinho ele começou a ser uma pessoa mais feliz, mais alegre, mais solta. A gente percebia nela uma pessoa sofrida. No contato com a Adriane, ele aprendeu a lidar com a vida profissional e também com a vida pessoal. Ele ficou uma pessoa pra melhor, com certeza.”
Outro sinal de que Senna estava realmente envolvido com Adriane era um pequeno e inédito detalhe: ele fez questão de dizer a Walderez que a nova namorada gostava do corte. A frase de Senna:
- Walderez, ela gostou. Disse que quem corta meu cabelo corta muito bem.
Para Nuno Cobra, Adriane foi um "marco" na vida de Ayrton, diferente das "menininhas" que ele tinha namorado. com ela, segundo Nuno, Senna agiu de forma diferente desde o início. E chegou a prever para Nuno:
- Com essa vai ser diferente. A imprensa não vai ter acesso. Eu vou proteger essa moça de qualquer maneira. Ela é inteligente, diferente, me ajuda muito e tem sempre umas idéias. Tem personalidade.
Nuno disse que estranhou, já que Ayrton nunca se comportara daquela maneira antes. E revelou que Adriane tinha muita "ação" sobre ele, "uma ação positiva, que deixava Ayrton solto, relaxado e contente":

"Ela fez o Ayrton sorrir, lutava para que o Ayrton ficasse mais presente na vida do Senna. O Senna era um saco, coitado.


Em uma única oportunidade, Takeo Kiuchi, o engenheiro da Honda que se tornou amigo, disse ter sentido "a sensação reconfortante de que Ayrton era um ser humano normal": um jantar em Suzuka, na semana do GP do Japão de 1993. Kiuchi já estava de volta ao Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Honda, no Japão, e recordou:
"Eu estava com a minha mulher, Yuki, e Ayrton com Adriane. Foi um encontro em três idiomas: japonês, inglês e português. Eu nunca vi Ayrton tão alegre e brincalhão como naquele dia.”
Walderez Zanetti, no penúltimo corte de cabelo, já em 1994, viu Ayrton "na época em que ele estava melhor como pessoa":
"Na hora de se despedir, Ayrton fez o que não costumava fazer. Parou na escadaria, virou-se para mim e mandou um beijo tão afetuoso que todo mundo no salão caiu de quatro.”






TRADUÇÃO LIVRE 


"Ayrton não era um homem alegre. Ele não tinha nenhum sentido natural do humor, se ele pudesse rir de uma piada, mesmo que ele não poderia dizer um. Eu acho que o fez rir - que me faz feliz -, mas não me atrevi a contar uma piada, uma vez que ele estava em modo de corrida. No entanto, no último ano de sua vida, Ayrton tinha uma nova namorada, muito mais jovem, Adriane Galisteu, que tinha 19 anos quando eles se conheceram. Seus pais nunca estavam satisfeitos com nenhuma de suas namoradas, mas Adriane fez Ayrton leve. Ela ia a pé para o circuito usando um top de biquíni, você pode imaginar! Ela era uma menina, vestida como uma menina e se comportou como uma menina. Isso é o que fez Ayrton feliz ". 

Betise Assumpção foi a única pessoa a fazer companhia constante a Adriane no velório e enterro de Ayrton Senna



Comandante Owen O'Mahony, piloto do jato de Ayrton Senna


O piloto Owen O'Mahony sabia, como poucos, como Senna conciliava, de um lado, a família e o Brasil, e de outro, Portugal, Adriane incluída. Ayrton, normalmente muito rigoroso com o desperdício de dinheiro, não abria mão do conforto de cruzar o Atlântico quando quisesse, na hora que quisesse e com quem quisesse. Nem mesmo os argumentos de Owen de que as viagens para São Paulo, às vezes duas por mês, eram um despropósito sensibilizavam o patrão: "com o dinheiro gasto em cada viagem, Ayrton poderia comprar todos os lugares da primeira classe de um Jumbo da British Airways ou da Varig. E ainda sobrariam dólares.”
Naquela caríssima ponte aérea de conciliação afetiva, Ayrton também manteve o costume de transportar encomendas ou presentes como se estivesse saindo de Tatuí para São Paulo. Ele gostava de levar queijos para a família e pedia para Maria Assunção, a governanta da casa de Sintra:
- Embrulha bem o queijo pra não cheirar.
Num dos vôos, já namorando Adriane e, lembrou Owen, "visivelmente entusiasmado", ele pediu uma ligação para Nova York. Eles sobrevoavam o Atlântico, entre a escala técnica em Cabo Verde e Londres. Owen não soube quem era a mulher do outro lado da linha, mas notou uma preocupação muito grande de Ayrton em explicar para ela que, daquela vez, não iria sofrer, que Adriane era "muito diferente da outra". Owen concluiu que, "muito provavelmente", Ayrton se referia a Xuxa.
O piloto sentiu, na condição de empregado de Senna, que, aos poucos, Ayrton também estava tomando decisões antes delegadas a Fábio Machado, o principal executivo da família. Como no dia em que lhe comunicou que ele, Senna, passaria a ser o único a tomar todas as decisões relacionadas com o jato. O avião custava, parado no chão, 250 mil dólares por ano. O que explicava a brincadeira a bordo, durante um vôo entre o Algarve e Paris. Pouco antes de pousar, Owen caminhou pela cabine até onde estava o casal e brincou:
- Mantenha sua mulher longe das lojas. Do contrário, ela vai acabar com o limite do seu cartão de crédito.
A resposta de Senna:
- Owen, ela custa para mim bem menos do que você.




"Quando era só brincadeira, a família achava ótimo. Quando começava a ficar mais sério, eles não gostavam.”
Braguinha, o autor da frase, era um dos amigos íntimos de Senna para quem o namoro com Adriane significou uma "emancipação afetiva". Para Linamara Battistella, Adriane "rompeu um pouco o círculo de pressão familiar ao qual Ayrton estava submetido".



A casa do Algarve, para Linamara Battistella, era uma espécie de território neutro. Morar no Algarve, ela acredita, era uma forma que Ayrton encontrara de conciliar o namoro com a família que ele não queria perder nem magoar. Era também uma forma de Adriane estar num país onde se falava o português e no qual Senna tinha amigos:
"O Ayrton me disse: morar em Portugal agora significa conciliar as duas situações.”
Antes da casa do Algarve, na opinião de Linamara, Senna não se dera "nem o direito de ter um endereço em São Paulo que não fosse o dos pais":
"Ele não queria magoar os pais, porque sabia que era muito esperado por todos. Até comprou o apartamento nos Jardins. Mas lembro que ele dizia: não quero que saibam que eu tenho esse apartamento.”


O radialista Luis Roberto, correspondente de Fórmula 1 do Sistema Globo de Rádio, já na viagem de volta de Mônaco para o Brasil, testemunhou um momento que, de acordo com ele, "parecia filme publicitário". Da sala de embarque do Aeroporto Charles De Gaulle, em Paris, à espera da conexão para São Paulo, ele identificou, na pista, o jato de Senna, taxiando. Era Galvão Bueno, desembarcando para pegar a mesma conexão para o Brasil, depois de uma carona de luxo no avião do amigo:
"Ayrton e Adriane também desceram e, enquanto Galvão se afastava, os dois ficaram abraçados, trocando gestos carinhosos. Eu fiquei impressionado com a beleza daquele momento. Aquele namoro tinha mesmo uma luz diferente.”
Reginaldo Leme, ainda em processo de reaproximação com Senna, não apenas registrou aquele novo estado de espírito. Fez até uma cuidadosa provocação:
- Aí, cara, está descobrindo a vida, hein?
Jo Ramirez não hesitou ao apontar o ano de 1993 como o período mais feliz da vida de Senna, pelo menos nos seis anos em que os dois conviveram na McLaren:
"A partir do namoro com Adriane, Ayrton continuou muito competitivo, mas passou a encurtar suas conversas telefônicas relacionadas com treinos e corridas. Limitava-se a perguntar se estava tudo certo. E encerrava logo a conversa.”
Para Tereza Brown, a amiga e confidente, Ayrton resumiu aquela fase da vida com um comentário curto, mas para ela muito significativo:
- Estou bem, comadre.


Quando Ayrton e Adriane estavam no Brasil, o namoro misturava situações românticas e tensas. O piloto Nelson Loureiro confirmou que até bilhetes apaixonados eram motivo de viagens do helicóptero de Senna. Em uma delas, a pedido de Ayrton, Nelson levou Adriane para uma filmagem em Paraty, litoral do estado do Rio. Logo depois de pousar, quando ela disse que estava com saudade de Senna, àquela altura no escritório do edifício Vari, em Santana, Nelson, cúmplice, propôs:
- Escreve um bilhetinho que eu levo pra ele.
Adriane aceitou a sugestão, escreveu o bilhete e, minutos depois, ele estava voando de volta para São Paulo. Para surpresa de Ayrton, ao perceber o pouso antecipado do helicóptero no prédio:
- O que você está fazendo aqui?
- Trouxe esse bilhete aqui pra você.
Ayrton, segundo Nelson, pegou o bilhete e reagiu, preocupado:
- Você é louco. Meu pai me mata se souber disso. Aliás, mata você e eu.
- Mas você tem que responder ao bilhete, Ayrton.
Algum tempo depois, Nelson decolou novamente para Paraty, levando a resposta de Ayrton.
Para Nelson, um dos que perceberam o mal-estar na família deflagrado pelo namoro, a atitude de Milton da Silva era a de "um pai diante de um filho que fez escolhas de vida diferentes das que ele imaginava e queria". De acordo com ele, no final de 1993, as brigas haviam chegado a um ponto em que ele ouviu Ayrton flertar com uma alternativa inimaginável para quem conhecia sua profunda dependência emocional em relação ao Brasil, Tatuí e, principalmente, Angra dos Reis:
- Estou pensando até em não vir para o Brasil e ficar lá em Portugal com a Adriane.
Braguinha, um dos que perceberam não apenas os problemas com a família, mas também a mudança pessoal de Ayrton, deu, nove anos depois, uma explicação simples para a crise:
"O Miltão achava que todo mundo que se aproximava do Ayrton tinha interesses, queria tirar vantagens. Bastava um relacionamento durar mais para ele não gostar.”



FONTE PESQUISADA

RODRIGUES, Ernesto. Ayrton, o herói revelado. Edição 1. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2004.

FOLLEY, Malcolm. Ayrton Senna died at Imola 20 years ago and his confidante Betise Assumpcao heads back to the scene of tragic death
Read.
Disponível em: <http://www.dailymail.co.uk/sport/formulaone/article-2608623/Ayrton-Senna-died-Imola-20-years-ago-confidante-Betise-Assumpcao-heads-scene-tragic-death.html>. Acesso em: 07 de maio 2014.


FOTOS ADRIANE GALISTEU E AYRTON SENNA












Um comentário:

  1. essa primeira foto, da motorsport.com, é de quando e de onde?

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