domingo, 22 de junho de 2014

Senna e o Maluco GP da Áustria De 1987

Por Lemyr Martins
http://lemyrmartins.com.br/
Publicado 22 de junho de 2014

Senna, com a Lotus 97T

- GP da Áustria

Östesreichring, Zeltweg, 16 de agosto de 1987

Esta foi uma corrida infernal que teve de três largadas. Na primeira, o francês René Arnoux (Ligier-Megatrom) aprontou uma confusão tão grande que bloqueou todos os carros que estavam da oitava fila para trás. Na segunda largada, a confusão foi ainda maior. No novo bate-bate envolveram-se mais oito carros, transformando o paddock de Österreichring numa sucata milionária com destroços de 14 carros.

Desde os treinos, previa-se que o GP da Áustria não seria uma corrida normal. Já na sexta-feira, Ayrton Senna atropelou um rato na pista e perdeu muito tempo parado nos boxes para que os restos do animal fossem retirados das entradas de ar do radiador do Lotus-Honda.

Com o sueco Stefan Johansson (McLaren-Porsche-Tag) aconteceu um fato ainda mais incrível: ele atropelou um filhote de veado no final da reta de chegada. O choque foi tão forte que Johansson teve de ser hospitalizado para um completo check-up e acabou competindo com fortes dores no peito e no braço direito. Para completar o azar, na corrida, Johansson teve um pneu do McLaren furado e depois de trocá-lo perdeu uma roda na veloz curva Bosch, que seus mecânicos apertaram mal. Não era o dia do sueco.

Ayrton Senna conseguiu escapar dos acidentes, mas bobeou na largada definitiva: errou uma marcha e deixou o motor morrer, caindo do 7° para o 18º lugar na primeira volta. “Isso nunca havia acontecido isso comigo, mas parece que tudo o que é de estranho ficou reservado para essa prova”, estranhava Senna, conformando-se em não ter levado nenhuma “porrada” na hora da barbeiragem. “Tinha tanto louco à solta que vi a coisa feia, quando o meu motor morreu”, consolava-se o piloto.

Ayrton teve uma boa recuperação: passou do 13o lugar na primeira volta para o sétimo e chegou a estar em terceiro, mas fechou em quinto a uma volta do vencedor Nigel Mansell (Williams-Honda).

Mansell marcou a quarta vitória do ano, chegou aos 39 pontos, diminuindo a distância que o separava de Piquet (54), de Senna (43) e de Prost (31).

Mas como o GP da Áustria era para ser mesmo esdrúxulo, o inglês venceu a corrida com uma proteção especial na gengiva para evitar uma possível hemorragia, por causa de um dente do siso que ele, inadvertidamente, extraiu às vésperas do grande prêmio. E, para coroar a bela vitória na Áustria, Mansell, além dos 9 pontos da vitória, ganhou outros 6, esses na testa, dados pelo médico porque, na euforia da comemoração, ele não baixou a cabeça ao passar o portal do pódio em carro aberto.

Mas ainda havia mais surpresas na cômica e histórica corrida de Österrichering. Ayrton Senna me contou que se o boxe da Williams não mandasse Mansell dar uma volta a mais, depois da bandeirada, era ele, Senna, quem ganharia a corrida. Tudo porque o diretor da prova se atrapalhou com as três largadas e deu a bandeirada com uma volta a menos do que as 52 da prova. “O Ducarouge me avisou que faltavam duas, e não só uma volta para o final. Eu fiquei na expectativa. Numa dessas, o Leão ia dar a volta final falsa comemorando e eu era quem ganhava a corrida”, relatou Ayrton, convencido de que esse seria o fecho de ouro para aquela corrida maluca.(LM)



FONTE PESQUISADA

MARTINS, Lemyr. Memória: Senna e o maluco GP da Áustria de 1987. Disponível em: <http://lemyrmartins.com.br/site/?p=328>. Acesso em: 22 de junho 2014.

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