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11/07/2014 02h00
A bola ainda estava rolando,
o vexame estava sendo construído, o placar ainda não estava consumado. Mas o
país já se jogava na discussão sobre as causas do 7 a 1.
Catedráticos raivosos
esmiuçavam os lances, comentaristas indignados criticavam decisões que nunca
haviam sido contestadas.
O consenso hoje em todo o
Brasil, à exceção da comissão técnica e da Dona Lúcia, é de que muita coisa
precisa mudar para "nosso futebol" não mergulhar numa crise.
Esta coluna surge de uma
piada. Porque, claro, houve quem lembrasse dos sete títulos de Schumacher. Pela
coincidência numérica. E pelo impacto da lavada.
O que o alemão fez entre 1994
e 2004 foi tão impactante, tão destruidor, tão avassalador, tão humilhante quanto
o jogo do Mineirão.
Com duas diferenças. O placar
ficou diluído ao longo de 11 temporadas, o que talvez tenha diminuído o baque
do resultado. E as vítimas foram todos os outros pilotos, todas as outras
bandeiras.
Teve quem se mexesse.
A França, por exemplo. Entre
os anos 70 e 80, houve momentos em que uma dezena de pilotos franceses alinhava
no grid. A coisa começou a minguar, minguar... Até que a França ficou sem
nenhum piloto por duas temporadas, 2010 e 2011.
Mas já havia um trabalho nos
bastidores. A federação local já tinha percebido, com anos de antecedência, que
um hiato seria inevitável. E tratou de agir, para que esse intervalo fosse o
mais breve possível.
Deu resultado. Em 2012, eram
três os franceses no grid de Melbourne: Grosjean, Pic e Vergne.
A Alemanha, então...
Aproveitou a alta de Schumacher para capitalizar. Usou o "boom" para
formar talentos, atrair patrocinadores para seus projetos, crescer.
Schumacher estreou na F-1, em
1991, como o único alemão do grid. Em 2014, são três. Um deles, líder do
campeonato. Outro, campeão nas últimas quatro temporadas. E Hulkenberg é
"world champion material", como gosta de dizer Emerson.
Por aqui, ficamos na mesma.
Assistimos de camarote aos shows de Schumacher –em cinco de seus títulos, ele
tinha um brasileiro como companheiro de equipe.
O automobilismo brasileiro
sofreu um 5 a
0, para ser conservador.
E não se mexeu.
Nos últimos dois anos, o país
teve apenas um piloto na F-1, correndo o risco de ficar a pé a qualquer
momento. Há Nasr na GP2, com boas chances de dar o salto para 2015. E só.
A preocupação futebolística
que agora toma conta de todas as conversas, das rodas de bares aos salões de
cabelereiros, não existiu no automobilismo. Ou ficou restrita a espaços
especializados como este.
O futebol brasileiro vai se
recuperar da pancada. O automobilismo ainda está na lona, nocauteado.
FONTE PESQUISADA
SEIXAS, Fábio. Lições de uma surra. Disponível
em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/fabioseixas/2014/07/1484114-licoes-de-uma-surra.shtml>.
Acesso em: 12 de julho 2014.
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