LEONARDO CONTESINI 12 JANEIRO, 2014
Em 1993 o repórter britânico
Mark Fogerty perguntou a Ayrton Senna quem havia sido seu maior rival até
então. Muita gente esperava ouvir o nome do francês narigudo tetracampeão do
mundo. Mas não foi essa a resposta de Ayrton.
Na época Senna já era
tricampeão, reconhecido até mesmo por Juan Manuel Fangio, fã declarado da
pilotagem do brasileiro. Ele poderia ter dito qualquer um dos grandes nomes da
época, mas por algum motivo Senna foi direto à sua época de kart, e voltou
ao único campeonato que não conseguiu vencer – o mundial de kart, que disputou
entre 1978 e 1982.
Depois de vencer o campeonato
paulista, três títulos brasileiros e outros três sul-americanos de kart, Senna
partiu para Le Mans, onde disputaria o campeonato mundial de 1978 pela equipe
DAP. Ele seria parceiro de Terry Fullerton, um piloto britânico que
corria de kart desde a década de sessenta e havia sido campeão mundial em 1973.
Fullerton tinha 25 anos, estava no auge da carreira e inicialmente não viu nada
de especial no brasileiro introvertido de 17 anos.
Até a hora do primeiro teste.
Senna montou no kart
e foi para a pista. Deu três voltas, voltou ao box, fez algumas alterações
e depois de sete voltas igualou o tempo de Fullerton. A equipe não
acreditava no que via. Em apenas 10 voltas aquele novato pagante brasileiro
igualara o tempo de um dos maiores nomes do kartismo mundial.
Senna havia encontrado seu
rival. Fullerton teve a certeza de que o brasileiro seria uma estrela.
Os dois pilotos disputariam o
título mundial de kart em 1978, 1979 e 1980. Senna chegou ao vice-campeonato
duas vezes, à frente do britânico, que jamais voltaria a conquistar o título.
Ele ainda seria superado por Fullerton na Champions Cup, quando o britânico
usou sua experiência para tirar Senna da disputa da última curva da
corrida. Talvez tenha sido quando Senna aprendeu a forçar o adversário a
tirar o pé para não bater e assim manter a dianteira.
Talvez também tenha sido o
momento que Senna lembrou quando o repórter britânico perguntou quem havia sido
seu maior e melhor rival. Senna respondeu:
Fullerton. Ele era muito
experiente e gostei de correr com ele por que ele era rápido e consistente. Ele
era, pra mim, um piloto completo. Tenho boas lembranças disso. Era competição
pura, automobilismo puro. Sem política nem dinheiro envolvido. Aprendi muito
com ele.
Ele foi o único adversário
que Senna não conseguiu superar.
Fullerton continuou correndo
de kart até 1984. Depois disso abriu uma academia de pilotagem de kart, onde
foi instrutor de Dan Wheldon, Allan McNish e Paul DiResta.
[Fotos: TerryFullerton.com e
Instituto Ayrton Senna (carta do piloto) – via imagem escaneada por Jérémy Talbot ]
FONTE PESQUISADA
CONTESINI, Leonardo. O adversário que
Ayrton Senna não conseguiu superar. Disponível em: <http://www.flatout.com.br/o-adversario-que-ayrton-senna-nao-conseguiu-superar/>.
Acesso em: 13 de janeiro 2014.
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