terça-feira, 4 de agosto de 2015

As Malas de Ayrton Senna

Essas malas estavam com Ayrton Senna em Ímola na Itália, a última corrida de sua vida


Essas são imagens das malas de Ayrton Senna na sua última corrida de
Fórmula 1 em 1994. Ou seja, a malas que estavam com Ayrton em Ímola. Na primeira foto vemos o macacão de corrida da Williams sem o nome dos cigarros Rothmans que foi utilizado por ele nas 3 primeiras corridas daquele ano e sim o genérico Racing, a ser usado em pistas onde a propaganda de tabaco era proibida.


Ayrton Senna conversa com o tricampeão Niki Lauda sobre a segurança na fórmula 1, na manhã de domingo, do dia 01 de maio de 1994, a poucas horas de seu fatídico acidente. Reparem que Ayrton usa a mesma camisa e certamente a calça que estão arrumadas na mala

*

Além disso, vemos também luvas de competição, balaclava, tênis e roupas do dia-a-dia como calça jeans, camisa social e um pequeno pacote de lenços de papel, no canto esquerdo da foto.


Na segunda mala, essa de mão, Ayrton levava seus objetos pessoais, como uma Bíblia, diversas credenciais de acesso onde se lê numa delas o nome da Williams, um gibí do seu recém criado personagem Senninha, agenda, algo que parece ser um porta-passaporte, caneta Mont Blanc, cartões de crédito, um pequeno porta-earplug para amenizar o barulho dos motores e algo que parece um colírio junto à alguns bottons de seu capacete.  

Em 2004 a Família Senna organizou uma exposição sobre ele no Shopping Eldorado de SP que acredito ter sido a mais completa de todas que já fizeram. Além de todos os troféus tinha a Mclaren de 1990, a Lotus de 1987 e a Lotus de 1986. Nessa exposição estavam expostas essas duas malas, exatamente da maneira que estão na foto. Talvez essas fotos possa ser da exposição. Na exposição, a descrição contava que a mala de roupas estava em Imola e que o Ayrton tinha organizado ela dessa maneira para que assim que acabasse a corrida, ele pegasse o helicóptero, ele deixou, inclusive, no cabide do motorhome da Williams, uma outra calça e camisa que seriam usadas na viagem.


Ayrton Senna com sua mala de mão em Ímola 1994

E porque Ayrton estava com tanta pressa?

Estaria indo direto de Imola para Paul Ricard na França para um futuro teste de uma nova versão do [carro] Williams FW16, como especulado por um fã

Não!

O melhor amigo de Senna, o ex-coordenador técnico da McLaren, Jo Ramirez, revela que Ayrton estava ansioso para encontrar Adriane depois da corrida


Ayrton e Adriane

Trecho a seguir extraído do livro "Ayrton Senna, o herói revelado":

Apesar da frieza de Ron, Ayrton ainda mantinha laços com a McLaren, a ponto de, na véspera, ter ligado para Jo Ramirez, pedindo que ele providenciasse um helicóptero para levá-lo, logo depois da corrida, do autódromo para o aeroporto de Bolonha, onde já pedira a Owen O'Mahony que ele estivesse a postos com o avião. Senna queria estar logo com Adriane em Portugal e justificou ao velho amigo Jo:

- Espero que você não repare eu estar te ligando e te pedindo esse favor, agora que saí da McLaren. É que esse pessoal da Williams não faz nada pelos pilotos. Somos apenas empregados.


*

Antes de conhecer a namorada Adriane Galisteu, Ayrton Senna era muito solitário. Em depoimento ao livro Ayrton, o herói revelado, Nuno cobra [amigo pessoal e preparador físico do campeão] resumiu a infelicidade e solidão de Ayrton com um episódio:

Ayrton: "Sabe qual é o meu maior amigo, Nuno?"

Nuno: " Não. Qual?"

Ayrton: "É a mala."

Ayrton se referia ao ritual solitário nos hotéis do mundo, quando chegava ao quarto, abria a mala, tirava dela um pequeno aparelho de som e punha logo uma fita ou CD para tocar, para só depois verificar o tipo da cama, as instalações do banheiro, o telefone, a vista e a maciez dos colchões. Ele tinha de ter música sempre, e a mala era sua companheira. A partir daquele dia, algumas despedidas de Senna e Nuno teriam a marca da solidão:

- Lá vamos eu e a mala.

Ayrton solitário com sua mala em um fim de semana de Grande Prêmio, vídeo de 1990:


Em 1993, os dias de solidão chegam ao fim, nessa imagem Adriane acompanha Ayrton e carrega a mala de mão do campeão em um dos muitos grandes prêmios de fórmula 1 que o acompanhou


Vídeo - Ayrton e sua amada Adriane na Austrália em 1993: fim da solidão


É tocante pensar: as malas arrumadas por Ayrton continuam do mesmo jeito que ele as deixou. As malas já prontas, organizadas, para que no fim da corrida se encontrasse com sua amada Adriane Galisteu.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

INÁCIO, José. As malas de Ayrton Senna. Disponível em: <http://joseinacio.com/2015/05/01/as-malas-de-ayrton-senna/>. Acesso em: 04 de agosto 2015. 

RODRIGUES, Ernesto. Ayrton, o herói revelado. Edição 1. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2004.

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