Moderador da fanpage "F1
da Depressão" mostrando o ingresso, ao fundo um anuncio do musical com a
dupla imagem: Ayrton Senna jovem, antes da Fórmula 1, e já consagrado
como um ídolo nacional
Salve, amigos do F1DP!
Conforme vocês viram no
sábado, fomos conferir o espetáculo “Ayrton Senna, o Musical”, em cartaz no
Teatro Riachuelo (RJ).
Segue abaixo as nossas
considerações e vamos tentar não dar spoilers :P
Fiquem à vontade para fazer
perguntas nos comentários, tudo bem?
1- Antes de tudo, o diretor
foi muito ousado ao fazer um musical cujo tema é uma pessoa que nunca teve algo
relacionado à música. Se os britânicos fizessem um musical sobre Damon
Hill/Lewis Hamilton, assim como se tivesse um musical sobre Eddie Jordan na
Irlanda ou sobre Jacques Villeneuve no Canadá, seria compreensível. Afinal de
contas, essas quatro pessoas tem uma certa ligação com a música. Agora, Ayrton Senna?
Nem o Tema da Vitória foi feito pra ele!! É louvável a tentativa do diretor.
Nesse ponto, temos que reconhecer e bater palmas.
2- O público presente era bem
diverso. Crianças, jovens, adultos e idosos. Casais, famílias e grupos de
amigos. A pequena exposição (gratuita) que tem na entrada do Teatro Riachuelo
ajuda a causar uma certa ‘ansiedade’ no público.
3- Antes de tudo, é bom
lembrar que, em momento algum do musical, Ayrton é tratado como ‘deus’ ou como
alguém que possui ‘poderes extraordinários/sobre-humanos’. Muito pelo
contrário: mostra uma pessoa cheia de defeitos como qualquer outra, além das
características ruins que sempre saem nas biografias do piloto. A peça mostra
também o quanto Ayrton muda a vida das pessoas que estiveram ao lado dele, algo
meio que óbvio, tendo em vista que todos nós mudamos a vida das pessoas que
estão ao nosso redor.
4- O início da narrativa
começa justamente no sábado do GP de San Marino de 1994, após os acidentes de
Barrichello e Ratzemberger, quando Ayrton está na dúvida se participará deste
Grande Prêmio.
5- Depois, a peça se divide
em duas histórias que correm de forma simultânea: uma delas fictícia (inspirada
no período que Ayrton retorna da Inglaterra após ficar sem patrocinadores) e
não-linear baseada em fatos reais (período que Ayrton corria pela McLaren)
6- A parte fictícia possui,
de longe, os melhores diálogos e as melhores cenas da peça. É a parte que
cativa o público. Mostra um Ayrton desanimado com a vida por trabalhar na loja
de construções do pai e como que ele muda a vida de alguém que estava perdido
no mundo. A impressão que passa é que a plateia sempre espera por esta parte de
tão boa que é.
7- A parte baseada em fatos
reais, infelizmente, falha justamente por não ser uma história linear. Ela é
mais voltada em conversas de Ayrton com um engenheiro de equipe no tempo que
ele corria na McLaren (neste momento, há divergência se ele é mesmo um
engenheiro ou se é uma ‘outra pessoa’ – suspense para quem for assistir). Por
muitas vezes, a narrativa mescla eventos de forma desnecessária, ao ponto de me
sentir na obrigação de explicar para quem foi comigo que histórias eram
aquelas. São detalhes que ajudam na compreensão das músicas e dos diálogos. No
fim da peça, quem esteve comigo (minha mãe e irmã, que não entendem nada de
automobilismo) comentou que as explicações fizeram total diferença para o
entendimento da peça.
8- Aliás, este é um problema
bem peculiar: parece que, para entender a peça por completo, o espectador teria
que ter um ‘conhecimento prévio’ da vida de Ayrton e é nesse ponto que a
ousadia complica o diretor. O público em geral (que assistia F1 até 1994), pode
ficar confuso pelos detalhes que não são explicados. Quem é fã de
automobilismo, vai sentir falta de muitas fases importantes na carreira de
Ayrton. Quem é crítico de automobilismo, certamente vai cornetar as falhas na
biografia do piloto. Quem é crítico de teatro, algumas composições fatalmente
não agradarão.
9- Sobre as composições
musicais, item que tem causado muita polêmica nas redes sociais: de fato,
algumas canções tem letras bem pobres. São quinze canções de autoria própria e,
em algumas delas, dá pra perceber que não houve um certo capricho na formulação
das rimas. Outras canções você tem que ter conhecimento prévio para entender a letra,
como o caso da canção “Noivas do Tempo”, que fala sobre os três relacionamentos
mais marcantes da vida de Ayrton. É tudo muito subjetivo, já que não se pode
citar os nomes de Lílian, Xuxa e Galisteu na peça.
10- Ainda sobre as
composições musicais: a canção “Meu Rival” é ruim. Ruim demais. Não, a canção é
péssima. Absurdamente péssima. De fato, é a pior coisa que tem nesse musical e
é a que deveria ter sido tratada com o maior carinho possível. Me faz lembrar o
tempo que era do jardim de infância. Não dá pra ouvir “carinha de neném” e “te
atropela feito um trem”, sinceramente. Entretanto, você meio que releva ao ver
o desempenho absurdamente fantástico dos artistas envolvidos, além da conversa
entre Ayrton e Prost no fim da canção. Agora, para se contrapor a “Meu Rival”,
a canção “Medo” é, disparada, A MELHOR PARTE DA PEÇA. Abordando o medo que todo
piloto de automobilismo tem ao entrar no cockpit, a canção se destaca do
restante por possui uma letra muito bem trabalhada, uma atuação fantástica dos
artistas, uma superprodução cenográfica e efeitos luminosos que prendem o
público.
11- Por fim, os 24 artistas
que participam da peça se empenham a todo instante e parece que a sintonia
entre eles é algo que beira o absurdo. Parece uma mescla dos espetáculos de
Deborah Colker com Cirque du Soleil. Simplesmente genial, do início ao fim. O
lado curioso é que alguns dos artistas estão ‘uniformizados’ com macacões que
lembram alguns pilotos que dividiram o grid com Ayrton (casos de Mansell,
Schumacher e Piquet).
Se você for mesmo assistir
“Ayrton Senna - O musical”, tenha isso em mente: vá de coração aberto. Não seja
tão criterioso. Se você for acompanhado de quem não entende, é mais fácil você
explicar o certo do que ficar reclamando o tempo todo. Assim você tornará o
passeio mais agradável e vai proporcionar um bom debate após o musical.
Agora, se você está indeciso
e o que te impede de ir é justamente os comentários negativos nas redes sociais
(eu estou nesse grupo), a experiência é bastante válida. Certamente, você vai
se surpreender. Não vá na expectativa que você assistirá um excelente musical,
digno de Broadway, mas pode ter certeza que você vai assistir uma excelente
homenagem a um dos melhores pilotos de automobilismo de todos os tempos.
Vale a pena assistir? Sim,
sem dúvida alguma.
Fica como sugestão comprar os
assentos das três primeiras fileiras do balcão (ingresso mais barato) para
poder assistir a riqueza do cenário por completo.
FONTE PESQUISADA
F1 DA DEPRESSÃO FANPAGE - Salve, amigos do
F1DP!. Disponível em: <https://www.facebook.com/F1daDepressao/posts/1546152765513251>.
Acesso em: 01 de novembro 2017.
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