Jorge de Souza
09/11/2018 04h00
Histórias do Mar - historiasdomar.blogosfera.uol.com.br
Faz 24 anos que Ayrton Senna morreu em um acidente na pista de
Ímola, na Itália. Mas a lancha com a qual o eterno campeão brasileiro da
Fórmula 1 costumava passear no mar de Angra dos Reis, nos intervalos das
corridas, ainda pode ser vista navegando nas águas do litoral do Guarujá,
exatamente do mesmo jeito que na época de Senna e ainda com um parente dele ao
volante.
Desde a morte do piloto, em
1994, a lancha, de nome Joana II, vem sendo mantida pelo seu primo Fábio da
Silva Machado, que, até hoje, nunca pensou em vendê-la. "Mas, quem sabe,
um dia. O Ayrton gostava muito dela e eu também", diz Fábio, que mantém a
preciosidade em um condomínio à beira-mar na praia da Enseada, no Guarujá, de
onde, muito eventualmente, costuma sair para dar uma volta com o famoso barco.
No entanto, quase ninguém mais
sabe que a embarcação pertenceu ao ídolo da Fórmula 1.
A lancha, construída em 1986, é
um modelo esportivo Panther 33, coincidentemente projetado pelo ex-mago da
Fórmula 1 Colin Chapman, o lendário criador dos carros da equipe Lotus, pela
qual correram tanto Emerson Fittipaldi quanto o próprio Senna, mais de uma
década depois.
Mas ela chegou às mãos do
piloto por puro acaso, porque fazia parte da casa em Angra dos Reis que ele
comprou, em 1991, do empresário Antonio Carlos Almeida Braga, o Braguinha –
tanto que o nome da lancha, mantido até hoje, é o da filha do antigo
proprietário. "Mas não é só o nome do barco que é original", diz
Fábio. "A lancha inteira está exatamente como nos tempos do Ayrton",
diz o primo do ex-piloto, entre orgulhoso e saudoso.
Ayrton Senna na lancha, em 1992. Foto: Reprodução
Apesar do intenso calendário das corridas, Senna usou bastante a
lancha. Sempre que ia descansar na casa de Angra saía para passear com ela, não
raro levando convidados igualmente famosos a bordo, como o amigo e também
piloto Gerhard Berger e o então dono da equipe McLaren, Ron Dennis, além de
algumas namoradas, como Adriane Galisteu.
Com a Joana II, uma lancha de
alta performance mesmo para os dias de hoje, equipada com dois motores de 200
hp cada e duas hélices por motor, Senna adquiriu gosto pela velocidade também
na água. Mas jamais pensou em experimentar uma corrida de lanchas, ao contrário
de alguns colegas da Fórmula 1 da época e, pelo menos, um grande conhecido seu:
o italiano Stefano Casiraghi, campeão mundial de motonáutica e marido da
princesa Caroline, do Principado de Mônaco, onde Senna também morou.
Aliás, as semelhanças entre
Senna, o "Rei de Mônaco", por suas seis vitórias nas ruas do
Principado, e Casiraghi, o quase príncipe casado com uma das princesas de
Mônaco, iam bem além do endereço e do prazer pela velocidade, ainda que em
ambientes totalmente diferentes.
Tal qual Senna, Casiraghi
também era jovem, famoso, campeão da modalidade conhecida como sendo a Fórmula
1 dos mares e tinha quase a mesma idade do brasileiro quando morreu, vítima de
um brutal acidente durante uma competição, que chocou o mundo na época (como
pode ser conferido clicando aqui).
De Casiraghi não restou nenhum
barco. Já a lancha de Senna navega até hoje.
Foto: Otto Aquino/Revista
Náutica
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