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18 DE MAIO DE 2019
Lionel Cironneau/Associated Press/Arquivo Estadão Conteúdo
Dois anos depois de disputar a sua primeira corrida de kart, o saudoso tricampeão de Fórmula 1, Ayrton Senna da Silva, esteve em Rolândia para disputar o Campeonato Brasileiro de Kart de 1975, disputado no Kartódromo Municipal José Nicola Caliento. Naquele 13 de julho foi o vice-campeão da competição, atrás apenas do filho do ex-governador de São Paulo Mário Covas, Mário Covas Neto, atualmente vereador na capital paulista.
Senna começou sua carreira no kart, quando tinha apenas quatro anos, com motor de cortador de grama. Ele passou a andar com equipamento profissional apenas aos sete anos de idade, mas naquela época ainda não participava de competições, fato que mudaria aos 13 anos, quando disputou sua primeira corrida, em Campinas. Em 1974, Ayrton Senna conquistou o seu primeiro título, o Campeonato Paulista de Kart, e já possuía bastante prestígio entre os pilotos.
Quando esteve em Rolândia, Senna tinha 15 anos e chegou em um avião fretado acompanhado pelo pai Milton Teodoro Guirado da Silva, empresário de uma indústria de acessórios automotivos. A história da passagem de Senna pelo solo vermelho do Norte do Paraná agora está registrada em um mini documentário produzido pelo jornalista Marco Feltrin, que trabalhou na Folha de Londrina e foi editor do Bonde. O documentário se chama “O Menino do Kart 42”, em referência ao número que Senna usava na época. “Essa foi a primeira prova do Ayrton fora do estado de São Paulo e foi sua primeira competição nacional”, destaca o jornalista.
ASSISTA O DOCUMENTÁRIO
Autor: Marco Feltrin
Naquele ano Senna venceu duas edições do Torneio Canovas, as 50 Milhas de Kart, um Torneio de Verão e o Torneio Nacional Itacolomy, mas não conseguiu conquistar o Brasileiro disputado por aqui. “Eu nasci em Rolândia e desde pequeno ouvi essa história de que o Senna correu em Rolândia. Mas era como se fosse lenda. Sempre fui fã de F1 e quando o Senna morreu eu tinha 12 anos de idade. De um ano para cá essa história voltou à minha cabeça. Quando passei perto do kartódromo vi que o espaço estava abandonado. Comecei a fazer a pesquisa dessa história e encontrei um dos criadores do kartódromo, Peter Raab”, aponta Feltrin.
Raab destaca que sente uma grande alegria e satisfação saber que um tricampeão correu por aqui no início da carreira dele. “Ele deixou uma marca muito forte. Para nós foi uma pessoa bacana e simpática. Já naquela época (com 15 anos) já dava dicas de como melhorar as corridas, pois já havia disputado várias corridas em São Paulo”, relembra. Embora Raab tivesse 33 anos naquela corrida, ainda era inexperiente, pois o kartódromo era novo. “O Senna falava quais as melhores relações de transmissão para andar nessa pista”, destaca.
Raab destaca que participou daquela competição, mas em outra categoria. “Eu já estava no profissional e ele estava na categoria júnior. Ele já tinha o patrocínio do pai e tinha uma equipe de fábrica, que colocava os melhores motores e peças à disposição dele. “Já sabíamos que era um adversário forte e estava andando muito bem naquela época. Acompanhamos os treinos dele e conversamos bastante”, destaca.
Naquela prova, o piloto Rogério Nassala chegou em primeiro lugar, mas foi desclassificado porque a taxa de compressão estava acima do permitido. Logo atrás dele estava Mário Covas Neto, o Zuzinha, que tinha chegado em segundo lugar na primeira bateria e venceu a segunda bateria. “Eu me lembro que o Ayrton teve problema no carburador e ficou o tempo todo mexendo nele e dirigia apenas com uma das mãos”, destaca.
“O Ayrton era um piloto excepcional e tinha um jeito singular de dirigir o kart. Na hora da tangência da curva ele pisava no freio e o kart ficava de lado. Ele só acelerava no fim da curva e isso o fazia ganhar alguns segundos. Mesmo em curvas de diferentes velocidades ele conseguia usar essa mesma técnica. Muitos pilotos tentaram imitar esse estilo, mas não conseguiram”, aponta. “O Ayrton tinha um dom que só valoriza tudo o que aconteceu naquele período. Era uma pessoa extremamente dedicada e entendia de mecânica”, descreve o atual vereador.
Naqueles dias do campeonato de 1975, Covas Neto ficou hospedado na casa do então prefeito de Londrina, José Richa. “Meu pai foi deputado federal na mesma época que ele”, relembra. Covas Neto conviveu com Senna nas corridas de kart por quatro anos e nem sempre o relacionamento foi amistoso, mas houve momentos em que até dividiram o mesmo kart, como nas 50 milhas de kart, em que há um revezamento de pilotos. “Quando ele foi para a Europa, eu passei a me espelhar nele e vibrava a cada vitória que ele conquistava. É muito prazeroso ver alguém com quem disputava as corridas chegar onde chegou”, destaca.
FONTE PESQUISADA
OGAWA,
Vitor. O dia em que Ayrton Senna correu no Norte do Paraná. Disponível em: <https://www.folhadelondrina.com.br/esporte/o-dia-em-que-ayrton-senna-correu-no-norte-do-parana-2940483e.html>.
Acesso em: 18 de maio 2019.
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