Repórter do Grupo Globo e produtor do quadro Histórias da F1
Rompido com Ayrton Senna e Ron Dennis, francês fez gesto para provocar dirigente; na prova, contou com abandono do brasileiro, que liderava folgadamente desde as primeiras voltas
Rio de Janeiro
10/09/2019 07h00 Atualizado há 4 horas
Getty Images
O dia 10 de setembro de 1989, há exatos 30 anos, portanto, foi o da maior demonstração pública do conturbado divórcio entre Alain Prost e a McLaren. Após vencer o GP da Itália, o francês, já confirmado como piloto da Ferrari na temporada seguinte, fez uma afronta monumental ao chefão da equipe inglesa, Ron Dennis: simplesmente jogou o troféu da vitória para a torcida ferrarista - por contrato, as taças dos pilotos sempre iam para a coleção do time.
A revolta de Prost era por um suposto favorecimento da Honda, fornecedora de motores da McLaren, a Ayrton Senna. O francês acusava a montadora de produzir unidades mais adequadas ao estilo de pilotagem do brasileiro e ainda de fornecer propulsores piores para ele. Isso nunca ficou provado, mas o episódio em Monza foi mais um capítulo da guerra deflagrada na McLaren em 1989.
Alain Prost rompeu com Ayrton Senna e a McLaren durante a temporada 1989 — Foto: Getty Images
Em Monza, Senna sabia que precisava da vitória a qualquer preço para seguir descontando a desvantagem em relação ao francês - naquela altura, de 11 pontos. Ayrton fez mais uma daquelas poles positions espetaculares, 1s014 à frente de Gerhard Berger (Ferrari) e com uma vantagem de 1s790 sobre Prost, apenas o quarto colocado.
Ayrton Senna acelera McLaren em Monza, em 1989 — Foto: Getty Images
Senna despachou todo mundo de cara e fez uma corrida à parte, sempre abrindo em relação aos seus adversários. Prost seguiu em quarto até a volta 21, quando finalmente passou Mansell na aproximação para a Variante della Roggia.
Apenas na 41ª de 53 voltas, o francês superou Berger na reta dos boxes para estabelecer a dobradinha da McLaren. Mas a essa altura, Senna já tinha humilhantes 22 segundos de vantagem para o francês. Nada parecia deter o brasileiro.
Nigel Mansell e sua Ferrari não chegaram ao fim da prova em Monza, em 1989 — Foto: Reprodução
- Cinco voltas antes de eu abandonar, a lâmpada indicando problemas no circuito de óleo acendia às vezes, depois com mais e mais frequência. Reduzi significativamente meu ritmo, mas não havia mais nada a fazer - lamentou Senna.
Ayrton Senna pouco antes de abandonar o GP da Itália de 1989 — Foto: Getty Images
Com tranquilidade, Prost tocou tranquilo para a sua quarta vitória no campeonato, o que lhe fez abrir 20 pontos de vantagem sobre Senna. Uma diferença que parecia ser definitiva, pois só faltavam quatro corridas para o fim da temporada.
No pódio, o então bicampeão mundial comemorou com os ferraristas e decidiu provocar Ron Dennis na frente de milhares de pessoas. É claro que o dirigente ficou furioso, e chegou a ser aventada a possibilidade de Prost nem terminar a temporada pela McLaren. Depois, uma nota cheia de salamaleques esfriou a polêmica.
Alain Prost ergue o troféu no GP da Itália de 1989 antes de jogá-lo para a torcida — Foto: Reprodução
- Nossos dois motores não eram idênticos. Eu passo por idiota porque meus motores funcionam bem de tempos em tempos, às vezes muito mal. "Mau perdedor", eu ouço tudo... Estou cansado disso. O resto da temporada será horrível. Felizmente, com vinte pontos à frente hoje, tenho que ir até o fim! - comentou Prost.
Prost tinha razão ao dizer que o restante da temporada seria horrível, ainda mais com o acidente provocado por ele no Japão para impedir a vitória de Senna. Mas isso fica para outro post.
FONTE PESQUISADA
SABINO, Fred. Há 30 anos, Alain Prost venceu em Monza e, irritado com a McLaren, jogou troféu para torcida. Disponível em: <https://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/blogs/f1-memoria/post/2019/09/10/ha-30-anos-alain-prost-venceu-em-monza-e-irritado-com-a-mclaren-jogou-trofeu-para-torcida.ghtml>. Acesso em: 10 de setembro 2019.
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