quarta-feira, 6 de maio de 2020

Relembrando Senna: há 26 anos, uma imagem emocionante em SP

Com capacete do tricampeão e camisa da Seleção, garoto se despede do ídolo em cortejo
Voando Baixo — Rio de Janeiro

05/05/2020 09h00  Atualizado há um dia



Relembrando Senna: há 26 anos, uma imagem emocionante em SPRelembrando Senna: há 26 anos, uma imagem emocionante em SP
Luca Bassani/Car Magazine

Há 26 anos, uma tragédia nas pistas da Fórmula 1 parava o Brasil. A morte de Ayrton Senna provocou uma comoção poucas vezes vista no país, com direito a mais de 3 milhões de pessoas nas ruas da cidade de São Paulo para se despedir do tricampeão, que foi sepultado justamente em 5 de maio. A foto acima, cedida ao blog Voando Baixo, é um retrato disso: um garoto de capacete e camisa da Seleção Brasileira assiste à passagem do cortejo na alça de acesso da Avenida Professor Francisco Morato para a Avenida Morumbi, em uma imagem capturada pelo fotógrafo Luca Bassani, especializado em automobilismo, e que estava no primeiro caminhão do Corpo de Bombeiros que comboiava o caixão da Assembléia Legislativa até o Cemitério do Morumbi.

Aliás, se alguém souber quem é esse garoto da foto acima, mande uma mensagem para o e-mail do blog: blogvoandobaixo@globo.com. Queremos conhecer - e contar - a história dele.



Mais de 3 milhões de pessoas foram às ruas se despedir de Ayrton Senna no dia 5 de maio de 1994 — Foto: Luca Bassani/Car MagazineMais de 3 milhões de pessoas foram às ruas se despedir de Ayrton Senna no dia 5 de maio de 1994 — Foto: Luca Bassani/Car Magazine
Mais de 3 milhões de pessoas foram às ruas se despedir de Ayrton Senna no dia 5 de maio de 1994 — Foto: Luca Bassani/Car Magazine

Além de fotógrafo oficial da Porsche Cup Brasil e fazer boa parte da temporada da Fórmula 1 in loco, Luca Bassani é publisher da revista especializada em carros Car Magazine, que completou 10 anos em 2019. Ele sempre está aqui no Voando Baixo, mas fiz um post especial sobre ele há quase dois anos, quando flagrou o acidente de Fernando Alonso na largada do GP da Bélgica, em Spa (relembre aqui).

- Fechando os olhos me lembro como se fosse hoje. A memória do ser humano funciona de várias maneiras, dependendo de como as informações são resgatadas e usadas. No meu caso, minhas fotografias me ajudam muito, mas não estou imune ao processo padrão. Geralmente as memórias emocionais relacionadas a momentos bons ou ruins são as mais preservadas que as de necessidades temporárias, como por exemplo, onde estacionei meu carro. Nessa lógica, aqueles dias sempre ocuparão grande espaço em minha mente - relembrou.



A clássica foto do capacete de Ayrton Senna em cima do caixão com a bandeira brasileira no funeral — Foto: Luca Bassani/Car MagazineA clássica foto do capacete de Ayrton Senna em cima do caixão com a bandeira brasileira no funeral — Foto: Luca Bassani/Car Magazine
A clássica foto do capacete de Ayrton Senna em cima do caixão com a bandeira brasileira no funeral — Foto: Luca Bassani/Car Magazine

No dia do acidente, o fotógrafo estava em Florianópolis, no Kartódromo dos Ingleses. Ele trabalhava na cobertura do Campeonato Sul-Americano de Kart. Ele viu o acidente num Fusca prata, de um amigo que tinha no console central uma pequena TV em preto e branco. Bassani lembra de uma cena muito forte: Luciano Burti, hoje comentarista de Fórmula 1 dos canais Globo, chorava copiosamente debruçado sobre o motor de seu kart no cavalete, antes da corrida de seu título sul-americano.

- A maior homenagem seria mesmo na quinta-feira, dia 5. Chegando à Assembleia, fui credenciado por Charles Marzanasco, que até o último momento exerceu com profissionalismo o papel de assessor de imprensa do piloto no Brasil. Minha credencial era do "pool" de agências internacionais da F1. Por esse motivo, tive o direito de acompanhar o cortejo do Ibirapuera ao Morumbi em cima do caminhão dos bombeiros, que levava aproximadamente 15 profissionais de imagens das principais agências e TVs, que abriu o cortejo - disse.


O velho rival Alain Prost foi um dos pilotos que esteve presente ao funeral de Ayrton Senna em 1994 — Foto: Luca Bassani/Car MagazineO velho rival Alain Prost foi um dos pilotos que esteve presente ao funeral de Ayrton Senna em 1994 — Foto: Luca Bassani/Car Magazine
O velho rival Alain Prost foi um dos pilotos que esteve presente ao funeral de Ayrton Senna em 1994 — Foto: Luca Bassani/Car Magazine

Na volta de Florianópolis, Luca foi contatado por alguns colegas europeus da Fórmula 1, que precisavam de imagens do funeral de Senna. Liberado pela revista Auto Esporte, onde trabalhava na ocasião, ele cobriu os dois dias de homenagens ao piloto em São Paulo.

- De cima do caminhão, fotografei todas as honras de Chefe de Estado que nosso tricampeão recebeu. Quando o cortejo atravessou a Avenida Brasil e virou na Avenida Rebouças, tive a real dimensão da comoção popular. Nesse momento mudei meu foco, parei de apontar a câmera para o cortejo e voltei minha atenção ao paulistano que sofria. Lembro de cada detalhe e de cada rosto. A missão de um repórter ou fotógrafo é primeiro compreender o coletivo que não está no centro do fato. A grande fotografia também se esconde em fragmentos das imagens.


Povo lotou as ruas de São Paulo na despedida ao tricampeão da Fórmula 1 Ayrton Senna em 1994 — Foto: Luca Bassani/Car MagazinePovo lotou as ruas de São Paulo na despedida ao tricampeão da Fórmula 1 Ayrton Senna em 1994 — Foto: Luca Bassani/Car Magazine
Povo lotou as ruas de São Paulo na despedida ao tricampeão da Fórmula 1 Ayrton Senna em 1994 — Foto: Luca Bassani/Car Magazine

A comoção nas ruas de São Paulo naquele dia 5 de maio de 1994 impressionam Luca até hoje. Foi um dos maiores funerais do mundo em número de pessoas, comparado aos de Chefes de Estado.

- Os números do funeral de Ayrton Senna no dia 5 impressionam. Foi o oitavo maior do mundo na história contemporânea na época e o maior da história do Brasil, com mais de três milhões de pessoas durante o trajeto nas ruas na cidade de São Paulo. Em termos de equivalência, podemos citar os funerais do Papa João Paulo II, com quatro milhões nas ruas de Roma em 2005, e o da Princesa Diana com também três milhões em Londres, 1997. Muitos pilotos e dirigentes de Fórmula 1 vieram da Europa, inclusive o eterno rival Alain Prost - completou.



Pilotos carregam o caixão de Ayrton Senna no funeral em São Paulo em 5 de maio de 1994 — Foto: Luca Bassani/Car MagazinePilotos carregam o caixão de Ayrton Senna no funeral em São Paulo em 5 de maio de 1994 — Foto: Luca Bassani/Car Magazine
Pilotos carregam o caixão de Ayrton Senna no funeral em São Paulo em 5 de maio de 1994 — Foto: Luca Bassani/Car Magazine

Neste domingo, a TV Globo vai reexibir o GP do Brasil de 1991, corrida que marcou a primeiro vitória de Ayrton Senna em casa, com narração original, no Esporte Espetacular, às 9h45 (de Brasília).

Chamada da reexibição do GP do Brasil de 1991 no Esporte Espetacular



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