Como foi o começo do namoro e a polêmica sobre o tratamento dado à modelo no sepultamento do piloto: "Eu estava tão catatônica que só me dei conta depois"
11/04/2023 15h58 Atualizado há 5 meses
Adriane Galisteu tinha 19 anos quando conheceu o maior ídolo brasileiro do automobilismo, Ayrton Senna, numa festa realizada na boate Limelight, em São Paulo, para celebrar a vitória do piloto no GP de Interlagos, em março de 1993. O tricampeão de Fórmula 1 ficou tão encantado com a modelo que a convidou para um fim de semana na sua mansão em Angra dos Reis, no Litoral Sul Fluminense.
Perseguição dos fotógrafos
O novo casal, então, passou a ser perseguido por fotógrafos e cinegrafistas. Chegando o mais perto possível da propriedade do atleta, na enseada de Portogalo, eles capturaram imagens de Adriane e Ayrton a distância. Suas lentes "flagraram", por exemplo, um momento em que os "pombinhos" caíram da rede na qual estavam se balançando, na beira da praia (veja as imagens neste post). Na época, amigos de ambos comentavam que os dois pareciam apaixonados.
Um dia após voltar de Angra dos Reis, a modelo retomou sua vida normal e participou de uma ação promocional da agência Elite, do empresário americano John Casablancas, para distribuir chocolates de Páscoa entre motoristas no engarrafamento da Avenida Paulista. Hoje uma famosa apresentadora de TV, que vai completar 50 anos no dia 18 deste mês, a então jovem manequim não poderia mais passar despercebida pela imprensa naquela segunda-feira.
"Foram dias gostosos e muito descontraídos, mas somos só amigos!", disfarçou Adriane, simpática e sorridente, após ser abordada pela equipe de reportagem do GLOBO, no trânsito perto do Museu de Arte de São Paulo (Masp), há 30 anos. "Tinha mais conhecidos do Ayrton lá na casa e outras modelos que foram comigo. Não aconteceu nada entre a gente", enfatizou ela.
Melhor primeira volta da história
Três dias depois, Senna venceu o GP da Europa, no Reino Unido, de forma brilhante. Nitidamente inspirado, o brasileiro largou no quarto lugar e, logo, caiu para a quinta posição. Mas, debaixo de chuva, ele reagiu rapidamente e completou a primeira volta já na primeira colocação, deixando para trás rivais como Alain Prost e Michael Schumacher. Aquela foi considerada a "melhor primeira volta da história".
No retorno ao Brasil, o piloto foi visto de novo com Galisteu, em São Paulo. A partir de então, eles não se desgrudaram mais. A modelo acompanhava o namorado em provas internacionais, eventos sociais e até durante entrevistas. Autor do livro "Uma estrela chamada Senna", o jornalista Lemyr Martins disse, num documentário da BBC, que Galisteu foi o grande amor de Senna e "poderia ter sido mãe de seus filhos", não fosse o acidente que matou o atleta, em 1994, no GP de Ímola, na Itália.
Tragédia
No dia da tragédia, 1º de maio de 1994, a modelo estava no Algarve, em Portugal, onde encontraria o namorado depois da prova na Itália. Numa entrevista ao GLOBO, em Lisboa, dois dias dias depois do acidente, ainda muito abalada, Adriane descreveu sua reação ao assistir à colisão ao vivo, pela TV. "Quando vi que ele não saiu do carro, fiquei apavorada", disse ela. "A primeira coisa que ele fazia era se soltar e se mandar do carro. Vi a cabeça dele meio caída para o lado e me deu um pânico tão grande que, na hora, percebi que ele tinha se machucado".
Chorando muito, Galisteu contou que os dois viviam um ótimo momento da relação, que ela estava muito apaixonada e não tinha a menor ideia do que iria fazer da vida. "Acho que estou vivendo um pesadelo e vou acordar. Há momentos em que estou forte, consciente de tudo, e outros em que estou totalmente fora de mim. E me vejo de repente completamente sozinha, porque perdi meu namorado", desabafou a modelo. "Eu queria voltar dois dias no tempo para fazer alguma coisa e impedir tudo", acrescentou ela. "Mas pra mim ele era intocável, sempre saía bem dos acidentes".
Velório de Ayrton Senna
Adriane pretendia retornar ao Brasil junto com o corpo de Senna e queria "estar com os pais dele, na fazenda". Porém, no velório, a namorada do piloto não ocupou o lugar de uma pessoa tão próxima dele ou da família. Segundo uma reportagem publicada pelo GLOBO no dia seguinte ao enterro, o carro de Adriane foi um dos últimos do longo comboio a entrar no cemitério do Morumbi, em São Paulo, enquanto o automóvel da apresentadora Xuxa, que namorara Senna de 1988 a 1989, foi o segundo.
Quando Adriane chegou no local do sepultamento, restavam apenas duas cadeiras vazias, ambas ao lado de Xuxa. Ela se sentou à direita da apresentadora. As duas ficaram dois "longos" minutos sem nem se olhar, até que alguém ofereceu a Xuxa um lugar ao lado de Leonardo Senna, irmão do piloto.
Depois, ainda segundo a reportagem, a apresentadora entrou no carro da família, acompanhada pela irmã de Ayrton, Viviane Senna, e foi embora com eles, enquanto Galisteu teve que caminhar até a saída do cemitério e embarcar em um ônibus reservado aos convidados. Para os jornalistas que cobriam o sepultamento, ficou a nítida impressão de que Adriane não recebera a consideração que o próprio tricampeão mundial vinha dispensando à namorada.
Adriana Galisteu afirma que não guardava rancor da família Senna
Dois meses depois, Galisteu estava em Portugal trabalhando no livro de memórias que seria publicado naquele ano, com o título de "Caminho das Borboletas". Numa nova entrevista concedida ao GLOBO, publicada em 30 de julho de 1994, ela contou que ainda não havia absorvido a perda do namorado. Tinha engordado e voltado a fumar ("fiquei descontrolada"). Quando perguntada sobre o seu lugar no velório, a modelo mostrou que não guardava nenhum rancor da família Senna.
"Eu estava tão catatônica que só me dei conta da situação uma semana depois, quando comecei a ler os jornais e a assistir a televisão. E não sabia se era um problema da imprensa ou um problema meu", disse ela. "Para mim, foi tudo muito normal. Seria de estranhar se a Xuxa não aparecesse. Só achei que a posição dela foi um pouco duvidosa. Foi complicado para mim, para ela e para as pessoas, porque ninguém entendeu direito aquela situação".
Na opinião de Adriane, a família aprovava o seu namoro com o piloto. "A única coisa é que, com a morte, todo mundo ficou descontrolado. Depois de um mês fui ao cemitério: queria deitar naquele lugar onde ele está, ficar horas, chorar sem parar, procurar uma saída", comentou ela, sempre evitando entrar em polêmicas com os parentes de Senna. "Com as perdas você aprende a ver as coisas com outros olhos. Ganhei uma bíblia, passei a ler e a deixá-la na minha cabeceira".
FONTE PESQUISADA
O GLOBO - Adriane Galisteu e Ayrton Senna: O início do romance, há 30 anos, e a reação dela após tragédia na Itália. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/blogs/blog-do-acervo/post/2023/04/adriane-galisteu-e-ayrton-senna-o-inicio-do-romance-ha-30-anos-e-a-reacao-dela-apos-tragedia-na-italia.ghtml>. Acesso em: 25 de Janeiro de 2024.
https://oglobo.globo.com/blogs/blog-do-acervo/post/2023/04/adriane-galisteu-e-ayrton-senna-o-inicio-do-romance-ha-30-anos-e-a-reacao-dela-apos-tragedia-na-italia.ghtml
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